Lixo em Cabinda preocupa população
18 de janeiro de 2025Com uma população estimada de cerca de 800 mil habitantes, a província de Cabinda produz diariamente cerca 400 toneladas de resíduos sólidos, segundo dados das autoridades do ambiente e gestão da província.
Há quem considere que Cabinda está "sob ataque", não por forças externas, mas por uma invasão silenciosa de resíduos sólidos que podem acarretar consigo doenças como paludismo, febre tifóide e sobretudo cólera, cujos números estão a aumentar em Angola.
No Bairro Gika, arredores da cidade de Cabinda, por exemplo, existem dois focos de lixoque invadem o asfalto e dificultam a circulação de automóveis. Já no Bairro 1˚ de Maio há cinco focos de resíduos sólidos.
"Não há carro de recolha"
Em entrevista à DW, Charles António, um comerciante, afirma que os trabalhadores da empresa contratada para o efeito apenas se limitam a juntar o lixo, mas não o transportam. Segundo ele, "dizem que não há carro de recolha".
Na Chiweca, os contentores enchem até o lixo cair e ocupar parte da estrada. O morador Marcos Lubota descreve o cenário como "terrível", principalmente agora que as chuvas caem de forma intensa.
"O lixo existe e muito por falta de máquinas, tanto é que podemos reclamar mas não temos como remover. Queremos máquinas. Temos esse problema aqui no bairro e incomoda-nos", diz.
"Discrepância na gestão de resíduos"
Já a moradora a Joana Pucuta lamenta as desigualdades também visíveis nas ruas da província. Isto porque, diz, a coleta de lixo continua a fazer-se em áreas próximas a órgãos governamentais, enquanto outros bairros permanecem inundados por detritos.
"Essa discrepância na gestão de resíduos evidencia a necessidade urgente de uma abordagem mais equitativa e abrangente e que seja inclusiva para o bem de todos", afirma.
As autoridades locais rescindiram recentemente os contratos que mantinham com alguns operadores encarregues da recolha de lixo por incapacidade de honrar o compromisso para tentar inverter a situação.
Recentemente, a governadora de Cabinda, Suzana Abreu, disse que a problemática do lixo em Cabinda é uma das situações que mais preocupa o Governo Provincial. Por isso, prometeu um modelo mais eficaz:
"Vamos fazer um esforço de colocarmos as estruturas e as ferramentas para que essa recolha seja feita de forma regular. Vamos procurar um modelo de manutenção e não apenas um paliativo para resolver o problema de lixo", garantiu na altura.
População preocupada com cólera
A malária continua a constituir a principal causa de mortes, principalmente em gestantes e crianças com menos de cinco anos de idade. Mas neste momento a grande preocupação é a cólera que afeta algumas províncias angolanas.
O morador Domingos João Marques teme o risco de uma epidemia devido à má qualidade da água que jorra na rede pública de Cabinda, considerada imprópria para consumo humano.
Domingos João Marques diz à DW que esta "é uma questão bastante preocupante, na medida em que é um atentado grave à saúde humana. É preciso olhar com alguma cautela porque pode causar situações menos boas", alerta.