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Advogado responsabiliza Presidente guineense por atentado

Iancuba Dansó (Bissau)
2 de agosto de 2021

O advogado Luís Vaz Martins responsabiliza o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, pelo atentado contra a sua vida, no sábado (31.07), na capital. Liga dos Direitos Humanos diz que se tratou de ato "cobarde".

Foto: DW/B. Darame

Um grupo de pessoas armadas, que seguia numa viatura de matrícula estrangeira, embateu três vezes contra o carro onde seguia Luís Vaz Martins, numa das avenidas de Bissau, com o objetivo, de acordo com o advogado, de o despistar e provocar-lhe um acidente.

O advogado e conhecido comentador político guineense responsabiliza o Presidente da República pelo sucedido: "Essas pessoas vinham com uma intenção clara: Provocar um acidente, para que as pessoas pensassem que foi justamente um acidente, mas não um ato provocado por indivíduos malfeitores. E obviamente o maior responsável por aquilo que aconteceu comigo no sábado chama-se Umaro Sissoco Embaló", disse esta segunda-feira (02.08) à DW a partir do seu escritório de advocacia, em Bissau.

Na semana passada, numa entrevista à DW, Luís Vaz Martins considerou que a "guerra aberta" entre Umaro Sissoco Embaló e Braima Camará, líder do Movimento de Alternância Democrática (MADEM-G15), um dos partidos que suporta o atual Governo, terá consequências para a estabilidade do país.

Também não poupou críticas às pretensões do atual chefe de Estado de controlar todas as entidades e imiscuir-se em questões religiosas e político-partidárias. "Uma demonstração do desconhecimento, da ignorância de Sissoco Embaló em relação à missão de um Presidente da República", afirmou o analista.

"Ato cobarde para silenciar vozes dissonantes"

A Liga Guineense dos Direitos Humanos considera o ato cobarde, que visa "silenciar as vozes dissonantes, com o propósito de instalar um regime totalitário na Guiné-Bissau." O presidente da organização, Augusto Mário da Silva, exige mais das autoridades guineenses sobre a violação dos direitos humanos no país.

Augusto Mário da Silva, presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos Foto: DW/B. Darame

"É repugnante o que efetivamente aconteceu a Luís Vaz Martins, é condenável a todos os títulos. Não há nada que possa justificar tamanha violência gratuita contra cidadãos livres. É importante que as nossas autoridades comecem a dar sinais de censura em relação aos atos de violação dos direitos humanos que acontecem na Guiné-Bissau."

Luís Vaz Martins é advogado em vários casos mediáticos na Guiné-Bissau, fazendo parte do coletivo que defende o ex-primeiro-ministro Aristides Gomes. Também defende na justiça o líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira.

Horas depois do atentado, Braima Camará, coordenador nacional do MADEM G-15, mostrou a sua posição numa reunião do partido sobre os direitos dos cidadãos na Guiné-Bissau: "Dissemos (na campanha eleitoral) que o povo não seria violentado, não seria espancado, dissemos que ninguém seria morto, que a democracia funcionaria livremente e dissemos que iríamos respeitar a diferença de opiniões. Este é o compromisso que o MADEM tomou com o povo e esses valores não podem estar em causa em nenhum momento." 

Num comunicado esta segunda-feira, o PAIGC lamentou o que considerou ser "mais uma tentativa de silenciar vozes críticas às atrocidades do atual regime, em flagrante violação dos direitos fundamentais constitucionalmente instituídos e legalmente protegidos, nomeadamente o direito à liberdade de expressão." 

Conhecido por ser uma voz crítica a atuais autoridades e nomeadamente ao Presidente Umaro Sissoco Embaló, Luís Vaz Martins promete continuar com as suas ações, enquanto advogado e analista político.

Nenhuma autoridade guineense reagiu aos acontecimentos de sábado, como tem sido hábito nos últimos tempos, sempre que cidadãos são vítimas de raptos ou espancamentos.

Artigo atualizado às 15h40 do Tempo Universal Coordenado (UTC) com a reação do PAIGC ao atentado sofrido por Luís Vaz Martins

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