Conhecida por coberturas eleitorais internacionais, Luísa Rogério foi eleita membro da Comissão Executiva da Federação Internacional dos Jornalistas. É a primeira vez que um angolano ocupa tal cargo.
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A conhecida jornalista angolana Luísa Rogério foi eleita a semana passada para o cargo de membro-executivo da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ). Analistas e pessoas próximas descrevem-na como uma profissional "competente" e "defensora dos amigos até a exaustão".
Em declarações à DW África, Teixeira Cândido, amigo de Luísa Rogério e atual secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, descreve as qualidades da profissional angolana. Luísa já exerceu o mesmo cargo do colega entre 2004 e 2015.
"Ela é muito solidária com as pessoas, muito educada e uma pessoa amiga. Quando é tua amiga é mesmo tua amiga. É defensora dos amigos até a exaustão, afirmou.
No Jornal de Angola, Luísa Rogério orientou o estágio de vários jornalistas que hoje desempenham cargos ministeriais no Estado angolano depois de terem abandonado a profissão. Uma destas jornalistas do Jornal de Angola é a repórter Yara Simão. Presente nas edições Novembro há 17 anos, a profissional de informação explica que tudo o que sabe hoje sobre jornalismo tem, sobretudo, a "mão" de Luísa Rogério.
"Eu entro para o Jornal de Angola em 2003, e a Luísa Rogério foi a minha primeira chefe. Eu não sabia nada, não sabia nem sequer fazer um lead [abertura] de uma notícia", diz.
Coberturas internacionais
Como jornalista, Luísa é conhecida pelas coberturas eleitorais, principalmente em países africanos. A profissional cobriu, por exemplo, as eleições gerais de 2018 na República Democrática do Congo que elegeram Félix Tshisekedi como substituto de Joseph Kabila.
Luísa Rogério, jornalista angolana de projeção internacional
Para Teixeira Cândido, a escala de Luísa Rogério para coberturas eleitorais deve-se apenas a uma razão: "competência". "Luísa cobriu o Protocolo de Lusaka, cobriu várias eleições. Não é por qualquer outra razão que não seja competência", conta.
Em 2013, Luísa Rogério foi eleita para o cargo de vice-presidente da Federação Africana de Jornalistas durante o Congresso da organização em Casablanca, Marrocos. No dia 13 deste mês, Luísa foi eleita membro-executivo da FIJ durante o 30º Congresso da Associação de Jornalistas do Mundo, que congrega 187 sindicatos de 141 países.
Para além da angolana, foram também eleitos um brasileiro e outro português para desempenhar iguais funções na organização fundada em 1962. A eleição lhe valeu em Angola chuvas de felicitações, incluindo as do presidente angolano, João Lourenço.
"Luísa Rogério vai dar o seu melhor nesta federação internacional, porque ela tem muita experiência nesse ramo. Foi secretária-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, defendeu os direitos da classe jornalística e soube dar o apoio necessário", afirma Yara Simão.
Com essa eleição, Luísa Rogério reforça o seu estatuto de mulher de dimensão internacional, conclui Teixeira Cândido. "Luísa é conhecida em Moçambique, na África do Sul, no Gana e em vários países mesmo como profissional. Por outro lado, essa presença dela, pelo menos, na Federação Africana dos Jornalistas e agora na Federação Internacional de Jornalistas torna Luísa uma mulher internacional, mas ela já o era", conclui.
Quem são as mulheres mais poderosas de África?
Nove mulheres africanas dão que falar no mundo da política e dos negócios, geralmente dominado por homens. Saiba quem são e como se têm destacado.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Primeira mulher Presidente em África
Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira mulher eleita democraticamente num país africano. De 2006 a 2018, governou a Libéria, lutando contra o desemprego, a dívida pública e a epidemia do ébola. Em 2011, ganhou o Prémio Nobel da Paz por lutar pela segurança e direitos das mulheres. Atualmente, lidera o Painel de Alto Nível da ONU sobre Migração em África.
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Um grande passo para as mulheres etíopes
Sahle-Work Zewde foi eleita, em outubro, Presidente da Etiópia. O poder no país é exercido pelo primeiro-ministro e o Conselho de Ministros. Entretanto, a eleição de uma mulher para a cadeira presidencial é considerada um grande avanço na sociedade etíope, onde os homens dominam os negócios e a política. Mas isto está a mudar. Hoje em dia, metade do Governo é formado por mulheres.
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Mulher mais rica de África
Isabel dos Santos tem uma reputação controversa em Angola. É filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que a colocou na administração da Sonangol em 2016. Mas o novo Presidente, João Lourenço, luta contra o nepotismo e despediu Isabel dos Santos. Mesmo assim, dos Santos ainda detém muitas participações empresariais e continua a ser a mulher mais rica de África, segundo a revista Forbes.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Magnata do petróleo e benfeitora da Nigéria
1,6 mil milhões de dólares norte-americanos é a fortuna da nigeriana Folorunsho Alakija. A produção de petróleo faz com que a dona da empresa Famfa Oil seja a terceira pessoa mais rica da Nigéria. Com a sua fundação, a mulher de 67 anos apoia viúvas e órfãos. Também é a segunda mulher mais rica de África, apenas ultrapassada pela fortuna de Isabel dos Santos de 2,7 mil milhões (segundo a Forbes).
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Oficial da dívida da Namíbia
Na Namíbia, uma mulher lidera o Governo: desde março de 2015, Saara Kuugongelwa-Amadhila é primeira-ministra – e a primeira mulher neste escritório na Namíbia. Anteriormente, foi ministra das Finanças do país e perseguiu uma meta ambiciosa: reduzir a dívida nacional. A economista é membro da Assembleia Nacional da Namíbia desde 1995.
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Discrição e influência
Jaynet Kabila é conhecida pela sua discrição e cuidado. Irmã gémea do ex-Presidente congolês Joseph Kabila, é membro do Parlamento da República Democrática do Congo e também é dona de um grupo de meios de comunicação. Em 2015, a revista francesa Jeune Afrique apontou-a como a pessoa mais influente do Governo na RDC.
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Triunfo diplomático
A ex-secretária de Estado do Ruanda, Louise Mushikiwabo, será secretária-geral da Organização Internacional da Francofonia em 2019. Isto, mesmo depois de o país ter assumido o inglês como língua oficial há mais de 10 anos. A escolha de Mushikiwabo para o cargo é vista como um triunfo diplomático. O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi um dos apoiantes da sua candidatura.
Outra mulher influente: a nigeriana Amina Mohammed, vice-secretária-geral das Nações Unidas desde 2017. Entre 2002 e 2005, já tinha trabalhado na ONU no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Mais tarde, foi assessora especial do então secretário-geral, Ban Ki-moon, e, por um ano, foi ministra do Meio Ambiente na Nigéria.
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A ministra dos recordes no Mali
Recente no campo da política externa, Kamissa Camara é a mais jovem na política e primeira ministra do Exterior da história do Mali. Aos 35 anos, foi nomeada para o cargo pelo Presidente Ibrahim Boubacar Keïta e é agora uma das 11 mulheres no Governo. No total, o gabinete maliano tem 32 ministros.