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"Luanda Leaks": Movimento pede libertação de "hacker"

Lusa | mp
30 de janeiro de 2020

Uma vigília pediu a libertação de Rui Pinto, pirata informático que assumiu responsabilidade pelo vazamento de documentos relacionados a negócios suspeitos de Isabel dos Santos, conhecido como "Luanda Leaks".

Rui Pinto Whistleblower
Rui Pinto está há quase um ano preso em LisboaFoto: AFP/F. Isza

Integrantes do "Movimento Mais Cidadania" concentraram-se esta quarta-feira (30.01) em Lisboa para exigir que seja aplicado para o caso de Rui Pinto a diretiva europeia contra o branqueamento de capitais, para que o hacker seja libertado e colabore com as autoridades no combate à corrupção. Os advogados de Pinto confirmaram que ele está por trás do vazamento de documentos sobre os negócios da empresária Isabel dos Santos - episódio conhecido como "Luanda Leaks".

A chamada "quarta diretiva" determina que todos os Estados-membros da União Europeia (UE) protejam pessoas que fazem denúncias desse tipo de crimes. Rui Pinto - que também é responsável pelos vazamentos do caso "Football Leaks" - encontra-se em prisão preventiva em Lisboa desde de 22 de março de 2019.

"Luanda Leaks" revelou documentos sobre a fortuna de Isabel dos SantosFoto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca

A vigília foi organizada à frente da prisão anexa à Polícia Judiciária (PJ), em Lisboa. Os participantes do ato empunhavam fotografias de Rui Pinto e velas. Cerca de duas dezenas de pessoas participaram da mobilização, entre elas personalidades políticas portuguesas, como a psicóloga Joana Amaral Dias.

"Temos neste momento, num país europeu no Século XXI, criminosos à solta e aqueles, que são os denunciantes desses crimes, presos - como é o caso de Rui Pinto. Esses crimes do "Luanda Leaks" foram denunciados por muitas pessoas […] e a justiça, que está refém de interesses maiores, não fez absolutamente nada", disse Dias à emissora TVI.  

Para Dias, Rui Pinto não devia estar preso, devia estar a ser chamado a colaborar com a justiça portuguesa, como tem ocorrido em outros países como Bélgica, Alemanha, Angola e França.

Opiniões diversas

O representante do "Movimento Mais Cidadania", Carlos Magalhães, considera que, no caso de Rui Pinto, pode-se falar num "pequeno crime" porque o "hacker" teria tentado extorquir, um crime de pirataria.

Em entrevista à agência Lusa, Magalhães defendeu, no entanto, que Rui Pinto tem um conhecimento que "poderia ser aproveitado pelas autoridades policiais e judiciárias para chegar à grande criminalidade, como é o crime de corrupção".

"Luanda Leaks": Entenda as denúncias sobre Isabel dos Santos

01:24

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O integrante do "Movimento Mais Cidadania" defende a libertação imediata do "hacker"  para colaborar com a justiça, independentemente de ser julgado e condenado. "Era mais positivo do ponto de vista da cidadania e do erário público saber estas questões do submundo e dessas vigarices todas ao nível da corrupção. [...] Se houve crime de extorsão, [ele] tem de pagar por isso", declarou à Lusa.

Alguns cidadãos que participaram da vigília não são necessariamente favoráveis à libertação do 'hacker" por "motivos de segurança". Um dos que defendem essa opinião é Hernâni Pinho que considera "uma injustiça e um passo atrás, em termos civilizacionais até" que não se use a colaboração de Rui Pinto, para combater crimes de corrupção.

Rui Pinto se encontra preso preventivamente por suspeita de crime informático e tentativa de extorsão. O "hacker" assumiu a responsabilidade de ter entregue, no final de 2018, à Plataforma de Proteção de Denunciantes na África (PPLAAF), arquivos eletrónicos contendo todos os dados relacionados ao "Luanda Leaks”.

O megavazamento de documentos foi realizado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos e revelou detalhes sobre a fortuna de Isabel dos Santos, de sua família e todas as pessoas que podem estar envolvidos nas operações fraudulentas cometidas à custa do Estado angolano e, eventualmente, de outros países.

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