Luanda regista cinco mortes em 25 casos suspeitos de cólera
Lusa
7 de janeiro de 2025
As autoridades angolanas anunciaram hoje o registo de cinco mortes em 25 casos suspeitos de cólera, no bairro Paraíso, município de Cacuaco, província de Luanda, divulgou o Ministério da Saúde.
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Segundo uma nota do Ministério da Saúde de4 Angola, as pessoas apresentam sintomas de vómitos e diarreia aquosa, tendo o gabinete provincial da Saúde de Luanda acionado "imediatamente" medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
As medidas, em coordenação com outras instituições, incluem a desinfeção das áreas contaminadas, identificação e rastreamento de contatos, assim como a investigação epidemiológica e laboratorial aprofundada para a confirmação dos casos suspeitos.
O gabinete provincial da Saúde de Luanda associou também a estas medidas o mapeamento e mobilização de ativistas e mobilizadores no terreno, para uma campanha de informação casa a casa e distribuição de material de informação, educação e comunicação e de lixívia, para que as famílias desinfetem a água que consomem, as latrinas e casas de banho.
"A cólera é uma doença perigosa e muito contagiosa", sublinhou o Ministério da Saúde no documento, acrescentando que "pode matar em poucas horas se não for imediatamente tratada".
Medidas preventivas
O Ministério da Saúde reforçou que, por ser "altamente contagiosa e espalhar-se com muita rapidez", toda a população, sobretudo da zona afetada em particular, deve adotar medidas de prevenção, como a lavagem frequente das mãos com água e sabão, bem como o tratamento da água para beber, colocando cinco gotas de lixívia para cada litro de água ou ferver durante 20 minutos.
Lavar bem as frutas e os legumes com água fervida ou tratada com lixívia antes de comer, cozinhar bem os alimentos e guardá-los bem tapados, não defecar ao ar livre, combater as moscas, baratas e ratos, manter a latrina ou a casa de banho sempre limpas e desinfetadas com lixívia, são outras das medidas.
As autoridades aconselham ainda, em caso de suspeita de cólera, ministrar soro caseiro e encaminhar o doente para a unidade sanitária mais próxima, continuando a ingerir líquidos.
"O Ministério da Saúde mantém o compromisso de informar sobre a situação epidemiológica desta doença e apela à sociedade que mantenha a calma e a serenidade, na certeza de que tudo se fará para proteger a saúde de toda a nossa população", destaca-se na nota.
Os locais mais propensos à ocorrência de cólera
A cólera é uma doença bacteriana grave, contraída através do consumo de água e alimentos contaminados. A falta de saneamento básico e as fortes chuvas têm causado surtos desta doença em Moçambique.
Foto: Romeu Silva/DW
Chuvas propiciaram a cólera
As chuvas intensas que caíram em fevereiro e março causaram enchentes. As autoridades já previam a eclosão da cólera em alguns bairros, sobretudo periféricos. Foram estas chuvas que provocaram a estagnação de águas que propiciaram a eclosão da cólera, não só na cidade de Maputo, mas também em outras cidades de Moçambique.
Foto: Romeu Silva/DW
Lama e lixo perto de casa
O lixo e a lama propiciam a eclosão da doença. Estes ambientes com resíduos acumulados geralmente estão próximos das residências.
Foto: Romeu Silva/DW
Condições de saneamento nos mercados
Nos mercados, o perigo da eclosão da cólera é visível. Na Praça dos Combatentes, popularmente conhecida por Xiqueleni, não há infraestrutura de saneamento. Esta é um dos maiores mercados informais de Maputo e, também, um dos locais mais perigosos para a eclosão da doença já que se acumula água suja nos mesmos locais onde se vendem alimentos para consumo.
Foto: Romeu Silva/DW
Alimentos vendidos em locais impróprios
Os alimentos são, muitas vezes, expostos no chão ou em locais que as pessoas podem facilmente pisar. Tal torna necessário uma boa higiente na preparação dos ingredientes, o que também é dificultado pela falta de saneamento.
Foto: Romeu Silva/DW
Águas negras em prédios
Em alguns prédios mais antigos de Maputo é comum sentir-se o cheiro nauseabundo das águas que brotam dos esgostos improvisados. Estes são locais muito propícios à propagação da doença.
Foto: Romeu Silva/DW
Sanitários públicos
Em alguns sanitários públicos é notória a falta de higiene, sobretudo em escolas e hospitais muito frequentados por cidadãos. Neste sanitário de uma escola, denotam-se esforços para manter o local limpo.
Foto: Romeu Silva/DW
Falta de água
Nos locais públicos, algumas pessoas também têm dificultado as ações das autoridades quando roubam torneiras, dificultando assim a higiene individual. Apesar do esforço em manter o local limpo, nota-se nesta imagem que as torneiras foram retiradas.
Foto: Romeu Silva/DW
Lixeira de Hulene
Há residentes nas imediações da maior lixeira do município de Maputo. Várias vezes ao dia são despejados resíduos no local. Nos arredores, veem-se residências de pessoas que convivem diariamente com esta situação.
Foto: Romeu Silva/DW
Comunidades na recolha de lixo
As comunidades nos distritos municipais de Maputo desdobram-se em ações de limpeza para evitar a propagação da cólera. Todas as manhãs é visível o transporte de resíduos sólidos para os contentores de lixo.
Foto: Romeu Silva/DW
Água canalizada
Nem todos cidadãos têm acesso a água potável na cidade de Maputo. Contudo, fontanários têm sido bastante importantes no abastecimento do população com todas as medidas de higiene respeitadas.
Foto: Romeu Silva/DW
Saneamento do meio
Valas de drenagem como esta são raras nos guetos de Maputo. Em tempos de chuva, a vala escoa água para zonas baixas. Isso evita as enchentes que provocam cólera.