1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Luanda sob tensão por causa de manifestação contra Presidente

Manuel Vieira (Luanda)19 de setembro de 2013

Jovens manifestantes angolanos asseguram que as 15 horas desta quinta-feira (19.09.) vão manifestar-se em Luanda contra o Presidente e a situação dos direitos humanos em Angola, apesar da proibição da polícia.

Manifestação contra a indicação da presidente da CNE, Suzana Inglês em Benguela, em 2012Foto: DW

Um autêntico braço de ferro está instalado em Luanda, principalmente nos subúrbios, como Sambizanga, Cazenga e Viana, de onde nas próximas horas partirão dezenas de jovens para se manifestarem contra o Presidente José Eduardo dos Santos.

A polícia diz: “nada de manifestação”. Paulo Gaspar de Almeida é o segundo comandante-geral da polícia nacional e chama de "frustrados" os mentores desta iniciativa, ao mesmo tempo que indicia uma mão estrangeira em mais esta ação: "Há umas certas mensagens que estão a circular, ameaçando, questionando se poderá haver uma ou outra confusão, mas a isso as pessoas não devem ligar."

O segundo comandante-geral da polícia nacional apresenta o seu ponto de vista sobre as motivações do protesto: "Há sempre pessoas que não se sentem confortaveis e satisfeitas com os progressos do povo angolano. Eles sentem-se frustrados e então esperam que todos participem nas suas intenções. Portanto, nós estamos atentos e a população deve estar atenta para que se evitem essas confusões."

Polícia a conter manifestação de ex-militares que exigiam o pagamento das suas pensões em LubangoFoto: DW

A determinação dos manifestantes

Os jovens manifestantes dizem que, mesmo com a proibição vão às ruas para cumprir com o seu objetivo, aliás anunciado por carta ao Governo provincial de Luanda, no passado dia 2 de setembro, sem resposta até esta quarta-feira (18.09.). Pedrowski Teca é um dos manifestantes:"A questão é nunca desistir. O facto do Executivo não responder às nossas inquietações não significa que devemos desistir. É uma questão de persistência."

Polícia bem armada nas ruas de Luanda

Nas últimas horas foram vistos nas ruas da capital angolana agentes da polícia de várias especialidades, rigorosamente armados.

O facto mais visível era a zona que dá para a praça 1º de Maio, que na tarde desta quinta-feira (19.09.) deve receber o ajuntamento de manifestantes, uma prontidão que foi confirmada por uma fonte do comando provincial da policia nacional.

A polícia montada, ou cavalaria, a unidade anti-terror, a polícia de intervenção rápida e agentes da polícia secreta à paisana fazem parte do grupo de avanço já nesta zona.

A DW África apurou que na tarde de quarta-feira (18.09.), elementos não identificados estiveram a distribuir panfletos que apelam à população para levar armas, paus e facas à manifestação.

Manifestações contra oPresidente também já aconteceram na diáspora, como em Londres por exemploFoto: Huck

Declaração de "guerra"

Rodrigo Gamba, do movimento, que denunciou a situação, diz que o grupo se demarca de tudo isto: "Caso venha a desaparecer um dos manifestantes nós responsabilizamos desde já José Eduardo dos Santos e o ministro do interior. Eles já afiaram a máquina e até têm gás lacrimogéneo."

Nesta quinta-feira (19.09.), no entanto, esperam-se inúmeros apelos e denúncias, e Pedrowski Teca, um dos manifestantes cita algumas delas:"Vamos falar sobre a corrupção, a impunidade no país. Vamos falar das oportunidades para os jovens, vamos falar de política, das oportunidades para os jovens, do favoritismo."

Filho do Presidente organiza - em paralelo - concurso de rap

Por outro lado, as rádios públicas e a televisão de Angola, para além de outras que emitem para o país por satélite, emitiam publicidade de um concurso de música rap, numa ação descrita como “contramanifestação” em que são convocados centenas de jovens, principalmente da periferia.

O mesmo será realizado a 500 metros do local onde o "Movimento Revolucionário" se vai reunir em protesto.

O vencedor ganha um apartamento e 35 mil dólares. Como cabeça de cartaz estão os conhecidos músicos Azagaya de Moçambique e Kid MC e MCK de Angola. A empresa é sub-contratada por Danilo dos Santos, um dos filhos do Presidente da República.

A manifestação, desta quinta-feira (19-09), foi convocada há vários meses para o dia 19 de Setembro, um dia antes do arranque do mundial de Hóquei em Patins. Foram utilizados vários meios, como sms, redes sociais, panfletos e o inevitável “boca a boca”, principalmente nas Universidades.

Entretanto, um dos nossos correspondentes em Angola, Nelson Sul d'Angola, foi interrogado durante esta quarta-feira (18.09) por militares em Luanda, que no dia anterior lhe tinham confiscado a máquina fotográfica quando tirou fotos do exterior de um muro do Hospital Militar. O interrogatório demorou cerca de duas horas, segundo o nosso correspondente e teve como tema a sua atividade jornalística em Angola.

Luanda sob tensão por causa de manifestação contra Presidente

This browser does not support the audio element.

Saltar a secção Mais sobre este tema

Mais sobre este tema

Ver mais artigos