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Luandenses dão nota negativa à governação de Higino Carneiro

12 de janeiro de 2017

Há um ano, o governador de Luanda, Higino Carneiro, elegeu a segurança e o saneamento básico como prioridades. Habitantes ouvidos pela DW dizem que as metas não foram atingidas. E o lixo continua a ser um problema.

Angola   Luanda
Foto: picture-alliance/dpa/T.Schulze

Numa ronda efetuada por algumas ruas de Luanda, a DW África encontrou amontoados de lixo, como já tinha acontecido em setembro de 2015, embora se registem pequenas melhorias. A periferia é a zona mais afetada.

Por isso, um ano depois da tomada de posse de Higino Carneiro como governador da província de Luanda - que se assinala-se esta sexta-feira (13.01) - populares ouvidos pela DW África fazem um balanço negativo da sua governação, sobretudo no capítulo da recolha de lixo. 

"No princípio havia muita expectativa sobre ele [Higino Carneiro] querendo manter a cidade de Luanda limpa, mas falta muito para melhorar, muito mesmo", sublinha Pedro João. Este residente de Luanda reconhece que foram feitas algumas coisas, mas ainda há muito por fazer.

Silva António, outro habitante da capital angolana, não vê melhorias com a governação de Higino Carneiro. "Ainda não fez nada", critica, frisando que o lixo é o principal problema em Luanda. "O governador Higino Carneiro ainda não concluiu o seu trabalho", acrescenta Silva António.

Lixo: um problema "crónico"

Segurança e saneamento básico foram as prioridades apontadas por Higino Carneiro na sua tomada de posse como novo governador de Luanda, em janeiro de 2016. Mas a situação sanitária da capital angolana continua preocupante, afirma o sociológo Carlos da Conceição. O especialista diz que o lixo em Luanda é um problema "crónico" e que a questão não se vai resolver com uma mudança de governador.

Montanhas de lixo: um cenário que persiste em LuandaFoto: DW/M. Luamba

O sociólogo defende, pró isso, uma descentralização do poder. "Eu, em forma de caricatura, até já tinha dito que mesmo que viesse o melhor governador do mundo, da Florida ou da Pensilvânia, de um país mais desenvolvido como os Estados Unidos da América, tão logo chegassem a Luanda seriam os piores governadores do mundo", afirma. "A questão de Luanda tem a ver com a centralidade de poder", salienta o sociólogo.

Segundo Carlos da Conceição, os problemas sociais que Luanda enfrenta, como o lixo e a criminalidade, devem ser resolvidos em parceria com as igrejas e as organizações da sociedade civil. "A governação moderna hoje é feita por redes. O governador por si só não basta. Tem que se unir a outros parceiros sociais", defende.

Para o especialista, é importante que a governação se abra a esses espaços. "A resolução de conflitos, a resolução de problemas na comunidade também é feita em rede. Não existe país algum no mundo que consiga vencer os problemas sociais de forma unilateral", lembra.

Prevenção de doenças

O sociólogo alerta ainda para necessidade de adopção de políticas de prevenção para se evitar problemas de saúde públicaem Angola. A província angolana do Zaire está a ser assolada, desde novembro, por um surto de cólera. Já foram diagnosticados 104 casos que resultaram em seis óbitos. E também foram detetados em Luanda dois casos do vírus Zika.

12.01.17 Um ano de Higino Carneiro - MP3-Stereo

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Apesar de ter sido criada uma comissão interministerial para se estancar a cólera que assola o município do Soyo, Carlos da Conceição defende a implementação de medidas urgentes na capital angolana, o maior centro de concentração populacional.

"O lixo é uma questão de saúde pública. Estamos na época chuvosa e essa questão vai agudizar-se", alerta o especialista. O governador está há uma no cargo, mas "nesta governação não há estratégias de prevenção", critica.

 

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