Serviços Penitenciários de Angola confirmam doença de Luaty
20 de maio de 2016 Luaty Beirão pretende continuar o seu protesto e recusa os tratamentos dos técnicos de saúde, mesmo sabendo da gravidade da doença.
O ativista está em protesto desde o dia 4 de maio, após ter sido transferido, alegadamente à força para o Hospital Prisão de São Paulo e recusa tratamento desde então.
“Hoje acordei com febre. Esta agudizou-se ao ponto dos calafrios me darem convulsões. Há 15 dias que fui arrastado da prisão de Viana para o Hospital Prisão de S.Paulo em roupa interior e abandonado no chão de uma cela onde escolhi permanecer em protesto”, pode ler-se numa carta que Luaty escreveu na prisão e entregou posteriormente a um dos membros da família.
"Há 15 dias que não tomo banho e que estou exposto a uma nuvem de mosquitos que, mesmo tapado dos pés à cabeça e a suar em bica, encontram maneira de se introduzir nas minhas narinas. Era uma questão de tempo até o paludismo tomar conta e ontem ameaçou, hoje consumou-se", escreveu Luaty Beirão na carta divulgada na quinta-feira (19.05.).
Na carta, o ativista afirma que fez algumas concessões como a punção intra-venosa para extração de sangue e urina para dar tempo aos decisores para cumprir com a sua única exigência: “um compromisso escrito da direção dos Serviços Penitenciários para que aceitem devolver-me à comarca de Viana nas condições que deixei, a mesma desde o primeiro dia".
Na conclusão do documento, Luaty Beirão garante ainda que a “febre já está a subir" mas que continua determinado em "apenas aceder ao tratamento se esse documento for produzido e exibido", ficando a sua mulher com uma cópia.
Luaty exige ainda igualdade no tratamento de todos os reclusos e protesta contra as sucessivas transferências entre os vários estabelecimentos prisionais.
Serviço Penitenciário reconhece doença de Beirão
Menezes Cassoma, porta-voz do Serviço Penintenciário angolano, reconhece que Luaty Beirão está doente "com três por campo de paludismo" .
Cassoma acrescenta que não entende a postura de Luaty e afirma ainda que esta transferência para a Cadeia de São Paulo foi fruto das reclamações dos ativistas e familiares e das denúncias da imprensa que apontavam as más condições e perigos no estabelecimento prisional de Viana.
"É importante perceber que se o Luaty está doente, o hospital de especialidade para o atender, é o Hospital Prisão de São Paulo", garante Cassoma. O ativsita "não tem como ser transferido para Viana porque é no Hospital Prisão onde estão os médicos que o podem assistir".
Laurinda Gouveia e Rosa Conde fazem greve de fome e nudez
Para além do protesto de Luaty Beirão, as duas ativistas Laurinda Gouveia e a Rosa Conde também estão em greve de fome e de nudez como confirma o advogado Zola Bambi.
"Elas estão apenas com a roupa interior. E a greve só está ser feita nas suas celas e não no espaço usado por todos os reclusos, como vinha num comunicado feito pelo Serviço Penitenciário”, garantiu o advogado.
Menezes Cassoma salienta que "a nudez tem sido uma forma com que os três, Luaty, Rosa e a Laurinda têm estado a enverdar para reclamar ou protestar uma determinada situação" e que a mesma já foi alvo de problemas e "confusões" no estabelecimento prisional feminino pois estes comportamentos não têm agradado às restantes reclusas.
Rosa e Laurinda sofreram agressões e exigem ter o mesmo tratamento que os restantes reclusos que foram transferidos para o Hospital Prisão de São Paulo. No entanto, Cassoma diz que não é possível pois trata-se de um estabelecimento eminentemente hospitalar e a única área não-hospitalar é essa onde estão os rapazes. "Atendendo ao princípio da compartimentação, não podemos ter numa mesma ala, reclusos do sexo masculino e feminino", explica.