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PolíticaBrasil

Lula prometeu que não existirão cidadãos de segunda

Lusa
2 de janeiro de 2023

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, exaltou no seu primeiro discurso para o povo brasileiro o papel dos negros, indígenas e mulheres e defendeu que no seu Governo ninguém será cidadão de segunda categoria.

Brasilien I Vereidigung Luiz Inacio Lula da Silva
Foto: Ricardo Moraes/REUTERS

Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que no seu Governo ninguém será cidadão de segunda categoria. "Ninguém será cidadão ou cidadã de segunda classe, ninguém terá mais ou menos amparo do Estado, ninguém será obrigado a enfrentar mais ou menos obstáculos apenas pela cor de sua pele. Por isso estamos recriando o Ministério da Igualdade Racial, para enterrar a trágica herança do nosso passado escravista", afirmou.

"Os povos indígenas precisam ter suas terras demarcadas e livres das ameaças das atividades económicas ilegais e predatórias. Precisam de ter sua cultura preservada, sua dignidade respeitada e sua sustentabilidade garantida", acrescentou Lula da Silva, que tomou posse na tarde deste domingo como 39.º Presidente da República Federativa do Brasil, com um mandato que vai até 31 de dezembro de 2026.

Lula da Silva disse que os indígenas não são obstáculos ao desenvolvimento do país, mas sim "guardiões de nossos rios e florestas, e parte fundamental da nossa grandeza enquanto nação. Por isso estamos criando o Ministério dos Povos Indígenas, para combater 500 anos de desigualdade."

Mulheres 

Lula da Silva recebe a faixa presidencial do BrasilFoto: EVARISTO SA/AFP

Falando sobre mulheres, o Presidente brasileiro lembrou que o Brasil, um dos países com maiores índices de feminicídios do mundo, não pode continuar a conviver "com a odiosa opressão imposta às mulheres, submetidas diariamente à violência nas ruas e dentro de suas próprias casas."

"É inadmissível que continuem a receber salários inferiores ao dos homens, quando no exercício de uma mesma função. Elas precisam conquistar cada vez mais espaço nas instâncias decisórias deste país – na política, na economia, em todas as áreas estratégicas", acrescentou.

A citação a mulheres, indígenas e negros no discurso ao público que o aguardava na Praça dos Três Poderes combinou com a escolha dos representantes que lhe passaram a faixa presidencial.

Lula da Silva recebeu a faixa presidencial de representantes da diversidade étnica e social da população, numa cerimónia cheia de surpresas após subir a rampa do Palácio do Planalto, sede do Governo.

Compunham este grupo o cacique Raoni Metuktire, maior liderança da etnia caiapó do Brasil, um jovem portador de deficiência chamado Ivan Baron que teve paralisia cerebral causada por uma meningite, Murilo de Jesus, um professor de português, Jucimara dos Santos e Flavio Pereira que participaram da vigília Lula Livre, um garoto negro de 10 anos chamado Francisco Carlos do Nascimento e Silva, Ivan Vitor Dantas Pereira e o metalúrgico Weslley Viesba Rodrigues Rocha.

Também compunha o grupo Aline Sousa, uma mulher negra de 33 anos que apanha lixo e quem lhe entregou a faixa presidencial que deveria ter sido entregue, conforme indica a tradição, pelo antecessor de Lula da Silva, Jair Bolsonaro.

A subida da rampa do palácio foi marcada pela presença de uma cadela rafeira, de nome Resistência, que pertence ao casal presidencial.

Lula inicia o seu terceiro mandato como Presidente do Brasil, que terminará em dezembro 2026Foto: Ueslei Marcelino/REUTERS

Bolsonaro está nos EUA

Eleito na segunda volta de um sufrágio muito disputado com 50,9% dos votos válidos (60,3 milhões de votos), o novo Presidente assume o Governo com o desafio de atenuar a polarização e pacificar o Brasil.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, o principal oponente de Lula da Silva na presidencial disputada em duas voltas no mês de outubro, obteve 49,1% dos votos (58,2 milhões de votos).

O agora ex-presidente saiu do país na última sexta-feira numa viagem aos Estados Unidos, sem data marcada de regresso.

Bolsonaro não cumprimentou Lula da Silva pela vitória, nem reconheceu de forma clara sua derrota eleitoral, evitando também participar do rito tradicional da cerimónia de posse em que o Presidente cessante passa a faixa presidencial ao novo chefe de Estado.

Delegações estrangeiras

O novo Presidente assume o Governo com o desafio de atenuar a polarização e pacificar o BrasilFoto: Jacqueline Lisboa/REUTERS

Lula da Silva recebeu no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores,  vários convidados de mais de 65 delegações estrangeiras, entre os quais chefes de Estado, vice-presidentes, chefes da diplomacia, enviados especiais e representantes de organismos internacionais.

Os Presidentes de Angola, João Lourenço; de Timor-Leste, José Ramos-Horta; de Cabo Verde, José Maria Neves; da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, e o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, marcaram presença.

Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores) é o primeiro chefe de Estado a ter três mandatos na história recente do Brasil. Candidato seis vezes à Presidência da República do Brasil, foi o primeiro líder operário a chegar ao posto mais importante do comando político do país.

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