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Lula deixa Portugal entre críticas, protestos e apelos à paz

25 de abril de 2023

No último dia da visita a Lisboa, o Presidente brasileiro condenou a "violação territorial da Ucrânia" e defendeu a via do diálogo para a paz. Lula da Silva discursava no Parlamento, sob protestos da extrema-direita.

Foto: Armando Franca/AP/picture alliance

O Presidente do Brasil propôs esta terça-feira (25.04), em Lisboa, a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, de modo a permitir a representação de todas as regiões de forma permanente.

Luiz Inácio Lula da Silva falava na sessão especial na Assembleia da República portuguesa, a marcar o último dia da visita oficial a Portugal, no dia em que a Revolução dos Cravos fez 49 anos. No seu discurso diante dos deputados, Lula da Silva voltou a defender a via do diálogo e das negociações para a paz na Ucrânia.

A visita de cinco dias permitiu retomar a cimeira luso-brasileira ao mais alto nível para o relançamento da cooperação, minimizada durante o mandato do anterior Presidente Jair Bolsonaro, que vem proximamente a Portugal a convite do Chega, o partido de extrema-direita liderado por André Ventura.

Lula da Silva participou numa cerimónia de boas-vindas no Parlamento português, antes da sessão solene evocativa do 25 de AbrilFoto: Joao Carlos/DW

Aplausos e protestos

O Presidente do Brasil foi fortemente aplaudido na sessão especial, esta manhã, ao discursar no Parlamento português, sob protestos constantes da bancada do Chega. 

O presidente da Assembleia da República portuguesa, Augusto Santos Silva, pediu desculpas pelo incidente tendo qualificado como "vergonhosa" a postura do partido.

"Os que querem permanecer na sessão plenária têm de se portar com urbanidade e cortesia, a educação que é exigível a qualquer representante do povo português. Chega de degradarem as instituições. Chega de porem vergonha no nome de Portugal", declarou.

Apesar dos protestos, Lula realçou a excelência das relações entre o Brasil e Portugal, e voltou a insistir na necessidade de um esforço da diplomacia visando a paz mundial.

"Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia", disse. "É preciso admitir que a guerra não poderá seguir indefinidamente. A cada dia que os combates prosseguem aumenta o sofrimento humano, a perda de vidas e a destruição de lares."

Lula defendeu a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, "que resulte na ampliação do Conselho, de maneira que todas as regiões estejam representadas de forma permanente, de modo a torná-lo mais representativo em seu processo deliberativo e mais eficaz na implementação de suas decisões.

Protesto do Chega durante o discurso no Parlamento em LisboaFoto: Joao Carlos/DW

"Uma polémica da baixa política"

No exterior da Assembleia da República, Carlos Viana, ex-presidente da Casa do Brasil, estava entre os apoiantes de Lula da Silva e desvalorizou a polémica criada em torno da receção ao Presidente brasileiro.

"Essa polémica é uma polémica da baixa política portuguesa. A presença do Lula na Assembleia [da República] portuguesa, que não é a primeira, é uma honra para o Brasil e é a demonstração de uma relação especial", afirmou.

Do lado oposto, estavam os que se opuseram à presença do chefe de Estado brasileiro, como Sérgio Vaz. "Para nós, numa democracia, não deve existir corrupção. E os níveis de corrupção tanto no Brasil como em Portugal, principalmente com estes partidos de esquerda, é gritante. E é isso que nós temos que combater", disse.

Apoiantes de Lula da Silva em LisboaFoto: Joao Carlos/DW

Valorização da língua portuguesa

Na segunda-feira (24.04), dia em que foi entregue o Prémio Camões ao brasileiro Chico Buarque, a ministra brasileira da Cultura esteve num encontro na sede da CPLP. Abordada pela DW, Margareth Menezes reagiu ao desafio lançado por Lula da Silva no sentido da valorização da língua portuguesa.

"Vamos fortalecer todas as possibilidades. Não tivemos ainda uma conversa com as Nações Unidas, mas as ações que estamos fazendo são ações afirmativas para o desenvolvimento dessas colaborações, porque fortalecer a nossa língua é fortalecer também a democracia, é fortalecer a presença dos países", revelou.

Lula da Silva deixou Lisboa esta terça-feira (25.04), depois de cumprir uma intensa agenda oficial de cinco dias em Portugal. O próximo destino do Presidente do Brasil é Espanha, país que assumirá a próxima presidência da União Europeia (UE) e com quem também deseja discutir a implementação do acordo entre o bloco europeu e o Mercosul.

Lula acusou EUA de prolongarem guerra na Ucrânia: Tem razão?

13:35

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