HIV/SIDA: Novo medicamento promete ser um "divisor de águas"
1 de dezembro de 2024Quando os resultados dos testes do "Lenacapavir” foram apresentados na Conferência Mundial sobre
HIV/SIDA, em julho de 2024, a comunidade científica ficou entusiasmada.
Este novo medicamento pode realmente ser o "divisor de águas" tão aguardado, trazendo um avanço decisivo no combate à doença.
"Estou completamente encantada. Quando esses dados foram apresentados, o ambiente na sala era eletrizante, algo que raramente experimentei. Foi simplesmente magnífico", afirma a professora Clara Lehmann, diretora do Centro de Proteção contra Infeções do Hospital Universitário de Colónia, na Alemanha.
O que torna "Lenacapavir" especial?
Este medicamento antirretroviral alegadamente possui quase 100% de eficácia tanto na prevenção quanto no tratamento de infeções por HIV. Além disso, precisa de ser administrado apenas duas vezes ao ano, simplificando significativamente o regime de aplicação.
Outras profilaxias, como o Cabotegravir (CAB), requerem injeções mensais ou bimensais. Outros, como o Truvada, precisam de ser tomados diariamente em forma de comprimido.
Quando estará disponível no mercado?
Este medicamento, produzido pela empresa farmacêutica norte-americana Gilead, já foi aprovado na União Europeia para o tratamento de pacientes com HIV. Contudo, ainda não está disponível para compra, pois a empresa aguarda a autorização para o seu uso como Profilaxia. Essa aprovação, no entanto, é esperada em breve.
Mesmo assim, não está claro se o "Lenacapavir" marcará realmente o ponto de viragem no combate ao vírus HIV. Para isso, seria necessário um uso amplo e acessível.
Quanto irá custar?
Atualmente, o Lenacapavir é extremamente caro: a famacêutica Gilead cobra mais de 40 mil dólares por pessoa, por ano, para o tratamento. Em comparação, outras profilaxias contra o HIV custam, em média, entre 600 a 700 euros anuais.
A Gilead justifica o preço elevado com os custos de desenvolvimento ao longo dos anos. Contudo, especialistas e ativistas contra a SIDA não aceitam essa justificativa. Astrid Berner-Rodoreda, pesquisadora do Instituto de Saúde Global de Heidelberg, na Alemanha, afirma, que para os países mais pobres será difícil suportar o enorme preço do medicamento.
"A questão é: como os países de baixa e média renda terão acesso a esses valores? Para a África Subsaariana, por exemplo, esse medicamento seria muito necessário, mas 42 mil dólares por pessoa ao ano é inviável", sublinha.
A Gilead está a negociar com fabricantes de genéricos para produzirem o medicamento a preços mais baixos em países mais pobres. Mas não será fácil encontrar uma solução viável.