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“Luanda Leaks” ampliou eco da investigação de Rafael Marques

20 de maio de 2021

Rafael Marques diz que o “Luanda Leaks” veio ampliar a nível externo os ecos da investigação que fez, ao longo de vários anos, para denunciar crimes financeiros. Jornalista foi ouvido ontem no âmbito do "Football Leaks".

Rafael Marques
Rafael Marques, ativista e jornalista angolanoFoto: Maka Angola

O jornalista angolano Rafael Marques falou à DW pouco depois de inquirido, por videoconferência, pelo Tribunal Central Criminal de Lisboa nesta quarta-feira (19.05) sobre as virtudes do "Luanda Leaks”.

Na sua perspetiva, ampliaram a nível externo os ecos da investigação que fez, ao longo de vários anos, para denunciar crimes financeiros praticados por governantes que saquearam Angola durante o regime do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

Os processos judiciais despoletados por "Luanda Leaks” representam a ponta do iceberg. Segundo Rafael Marques, "há muito por desvendar, mas o fundamental aqui é reter uma ideia: que os angolanos devem criar capacidade para resolver as suas questões dentro de Angola".

"Tanto aqueles que participaram do saque como aqueles que estão no poder agora, bem como a sociedade civil, devem encontrar mecanismos expeditos para que os fundos que foram retirados de Angola possam retornar ao país com urgência e serem aplicados em obras que sejam, de facto, para benefício das populações", defende.

Rui Pinto na mão do políciaFoto: AFP/F. Isza

O contributo do "Luanda Leaks”

O jornalista angolano prestou esclarecimentos na sessão desta quarta-feira (19.05), na qualidade de uma das cerca de 40 testemunhas de Rui Pinto, em julgamento no âmbito do processo "Football Leaks”, que inclui o escândalo financeiro "Luanda Leaks”.

Para Rafael Marques, o "Luanda Leaks”, que resulta do trabalho do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, contribuiu para a expor a corrupção em Angola pela imprensa internacional.

"O Luanda Leaks”, praticamente essa mesma imprensa internacional decidiu expor, de forma coletiva, estes casos de grande corrupção, sobretudo envolvendo a Presidência da República e expondo as suas ligações a empresas de vários países, sobretudo Portugal", recorda.

Há uma semana, o tribunal ouviu Paulo de Morais, dirigente da Frente Cívica e um dos fundadores da Transparência e Integridade - Associação Cívica (TIAC), que prestou declarações na qualidade de testemunha de Rui Pinto.

Paulo de Morais, ativista portuguêsFoto: João Carlos/DW

"A complacência das autoridades portuguesas"

O antigo candidato às presidenciais portuguesas reafirmou que o denunciante português "prestou um enorme serviço à comunidade", no âmbito do "Footbal Leaks”.

"Desde logo, os dados que ele disponibilizou através do processo "Football Leaks” vieram desvendar muita engenharia fiscal encoberta e permitiram inclusivamente a recuperação, sobretudo fora de Portugal, de muitos milhões de euros de impostos", sublinha.

E para Paulo de Morais "tão importante ou até mais que este é o caso "Luanda Leaks” para o qual contribuiu, que permitiu pôr a nu e trazer à comunidade um esquema de lavagem de dinheiro angolano feito em Portugal com a complacência das autoridades portuguesas, em particular a lavagem de dinheiro que era feita pela engenheira Isabel dos Santos".

O ativista anti-corrupção espera, também por essa via, "que grandes fortunas venham a ser arrestadas, confiscadas e devolvidas no fundo a quem lhe pertence, que é ou ao povo português ou ao povo angolano".

Entende que o bem que Rui Pinto fez à sociedade, "é bem maior que um eventual delito que tenha cometido no decurso destas investigações".

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