Médicos apresentam queixa-crime contra secretário de Estado
Lusa
14 de abril de 2022
Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA) apresentou queixa-crime contra cinco altos dirigentes da saúde, incluindo secretário de Estado e diretores de hospitais, por porem em causa o direito à greve.
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O presidente do SINMEA, Adriano Manuel, adiantou em declarações que na origem da queixa está "a violação da lei da greve", tendo sido identificadas pressões e tentativas de persuasão "por parte de algumas entidades".
O sindicalista e médico pediatra salientou que estão a ser cometidos "abusos" e denunciou também a "perseguição" de que está a ser alvo, dando como exemplo uma suposta foto sua que tem sido partilhada nas redes sociais, acompanhado de um dirigente da UNITA (principal partido da oposição angolana).
"Eu estava sozinho no restaurante e de repente aparece uma montagem a dizer eu estou a ser financiado por um general da UNITA. Isto indicia uma certa perseguição", disse Adriano Manuel.
Na queixa-crime são visados além do secretário de Estado da Saúde Pública e Hospitalar, o diretor do Hospital Josina Machel "Maria Pia", o diretor dos Recursos Humanos do ministério da Saúde, o diretor do Hospital Pediátrico David Bernardino e o diretor provincial da Saúde de Luanda.
Novas queixas
O presidente do SINMEA adiantou que serão feitas novas queixas contra outras entidades que não quis revelar para já.
A greve dos médicos angolanos, que reivindicam melhores condições de trabalho e aumentos salariais, decorre desde 21 de março, e o executivo angolano já anunciou que vai suspender os salários dos grevistas, dizendo que "cumpriu com os pontos do caderno reivindicativo
No início de abril, o SINMEA anunciou que iria realizar várias manifestações, depois do Governo anunciar a suspensão dos salários.
"Não se vai processar os salários das pessoas que estiverem em greve, porque já houve bastante tolerância do Governo, vamos preparar outras forças e aí onde estiver em falta vamos encaixar, porque é a vida do cidadão que está a ser posta em causa", afirmou, na altura, a ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social angolana, Teresa Dias.
Os médicos cubanos no mundo
Os profissionais de saúde cubanos saíram do Brasil, mas ainda trabalham em mais de 60 países do mundo, entre eles todos os países africanos de língua oficial portuguesa. Conheça aqui as missões mais importantes.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Kenji
Cuba deixa o Brasil e o programa "Mais Médicos"
Depois de cinco anos de parceria entre Cuba e o Brasil, o governo cubano decidiu retirar os seus médicos do Brasil em finais de 2018. A decisão foi tomada devido às alterações nos termos de cooperação sugeridas pelo Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro. Más os médicos cubanos ainda trabalham em mais de 60 países no mundo.
Foto: Agência Brasil/José Cruz
Em Angola: a sanar e a ensinar
A cooperação entre Cuba e Angola começou em 1975, logo após a independência angolana. Os médicos cubanos em Angola ajudam a combater doenças, mas nas faculdades de medicina professores cubanos têm um papel importante na formação de pessoal de saúde. Em 2015, segundo o Governo angolano, 42% dos médicos no país eram cubanos. Mas muitos deixaram Angola após a quebra das receitas de petróleo.
Foto: Reuters/S. Eisenhammer
Tempestade tropical em Honduras
Uma médica cubana vacina uma criança hondurenha. Em 1998, o furacão Mitch passou pela América Central, causando a morte de 11.000 pessoas. Somente em Honduras foram 7.000 vítimas do que é considerado o furacão mais mortífero que jamais passou pela região.
Foto: picture-alliance/dpa
Furacão Katrina nos Estados Unidos da América
Em 2005, o furacão Katrina passou pela região litoral do sul dos EUA e atingiu principalmente a região metropolitana de Nova Orleães. 1.500 médicos cubanos reuniram-se em Havana para preparar-se para uma missão humanitária, mas a oferta foi rejeitada pelo governo norte-americano. O furacão causou mais de 1.800 mortes e mais de um milhão de pessoas tiveram que ser evacuadas.
Foto: picture-alliance/dpa
Terramoto no Paquistão
No ano de 2005, um terramoto matou 86.000 pessoas na Caxemira, uma região no norte do Paquistão. Cerca de 3,5 milhões de pessoas ficaram sem casa. Os médicos cubanos ajudaram os danificados.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Hattori
Surto de cólera no Haiti
Em 2010, aproximadamente 200.000 pessoas no Haiti infectaram-se com cólera, segundo as Nações Unidas. A cólera é uma infecção do intestino que se transmite facilmente através de água sem tratamento para o uso humano. Tal como aconteceu no Haiti, um país que em janeiro de 2010 sofreu terramoto. Também ali não faltaram os médicos cubanos.
Foto: picture-alliance/dpa
Surto de ébola na África Ocidental
Em 2014, quando o surto de ébola ameaçava muitas zonas da África Ocidental, os médicos cubanos também não ficaram de braços cruzados. Aqui vemos à enfermeira Dalila Martinez, treinadora da equipa médica cubana em Havana para a missão na Serra Leoa. Desde que começou em 2013 o surto, a ébola matou cerca de 27.000 pessoas na África Ocidental e no mundo, a maioria delas na Libéria e na Serra Leoa.
Durante a missão humanitária na Serra Leoa em 2014, um dos médicos cubanos foi infectado com ébola. O doutor Félix Baez Sarria foi transportado para um hospital na Suiça e sobreviveu. Depois voltou à Serra Leoa para continuar a combater o surto de ébola.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Julien Gregorio, Geneva University Hospital
Mais médicos ou menos médicos?
Em 2018, um cartaz na entrada dum ambulatório em Itaquaquecetuba no estado de São Paulo, Região Sudeste do Brasil, avisa que o programa "Mais Médicos" foi encerrado. Os mais de 8.300 profissionais de saúde cubanos que trabalhavam no Brasil já regressaram a ilha de Cuba.