Tibau dá uma outra roupagem a música de Cabo Verde. Torna os ritmos do seu arquipélago mais "dançáveis" e leva-os para mais longe. É o resultado da parceria com a banda alemã Pupkulies und Rebecca: uma fusão à kachupa!
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Fez o público do Africa Festival em Würzburg, aqui na Alemanha, abanar bem o pé em finais de maio passado. O motivo: batida ocidental forte à mistura com outras não menos fortes de Cabo Verde. No final do concerto falamos com um dos responsáveis por isso, o músico cabo-verdiano Tibau.
DW África: A mistura de ritmos de Cabo Verde com o tecno na sua música é uma outra forma de internacional a música do seu país?
Tibau: Sim, verdadeira forma de internacionalizar a música de Cabo Verde. Começamos esta batida, o tecno, em 2003 na gravação do primeiro disco com a banda Pupkulies und Rebecca. Gravámos em Cabo Verde e depois viemos dar tratamento a gravação aqui na Alemanha, o disco fez muito sucesso. Agora temos o novo disco no mercado e espera que tenha o mesmo sucesso.
DW África: A fusão é uma das suas marcas. De onde surge essa inovação?
T: Componho para muitos artistas de Cabo Verde e a banda [Pupkulies und Rebecca] queria uma fusão com a música de Cabo Verde, quiseram fazer comigo e tentamos esta forma de tocar, estamos no bom caminho.
DW África: Juntou-se banda alemã Pupkulies und Rebecca. Como surgiu este casamento?
T: O líder da banda, o Jans, quando era pequeno passou cerca de dois anos em Cabo Verde e depois voltou para a Alemanha, mas sempre quis fazer algo com Cabo Verde por causa da infância. Então ele sempre fazia propostas quando ía de férias a Cabo Verde e seguimos em frente.
DW África: Esse seu ritmo é bem aceite nos palcos do mundo? Essa mistura entre o tecno e o tradicional de Cabo Verde?
T: Sim, muito bem aceite, principalmente aqui na Europa depois do primeiro disco "Pupkulies und Rebecca play Tibau", o primeiro álbum, que nos deu acesso a muitos acesso aqui na Europa, tocamos em toda a Europa, foi um grande sucesso em todos os palcos e vendemos muitos discos. Fiquei muito conhecido aqui na Europa por causa deste casamento.
DW África: Mesmo tendo apostado neste casamento a sua cabo-verdianidade é a matriz da sua música. Como Maio, a sua terra natal, se faz presente nas suas canções, na sua música?
T: Fiz o casamento simplesmente nos ritmos, não vou tirar a essência da minha música porque sou compositor, músico, arrangista e faço muita coisa com a música. Portanto, acho que a nossa música é muito rica e há outras pessoas que já fizeram grande sucesso com a música de Cabo Verde e acho que esta música é muito bem aceite no mundo e por isso não necessidade de retirar a essencia da música, apenas damos mais força a música.
DW África: Como compositor algumas das suas letras foram celebrizadas por figuras como Lura. Como se sente nesse papel ao criar para cantores que brilham nos palcos internacionais?
14.07.17. Tibau Entrevista I - MP3-Mono
T: A minha primeira música gravada pelos intérpretes foi a canção intitulada "Tradição", cantada por Gabriela Mendes, a seguir a Lura gravou duas músicas "Ponciana" e "Asagua", depois compus para a Ceuzany e agora há muitos artistas a pedirem música para gravação.
DW África: Que influência a música de Cabo Verde tem dos tempos de escravatura?
T: Muita influência, repare no batuku é uma música africana. Por exemplo, a música que o Tcheka toca não é uma música [típica] de Cabo Verde, é uma fusão de músicas que existem em Dakar, no Mali e em toda África. Costumo dizer que a nossa música é como catchupa, você pode por peixe, repolho, carne... A música de Cabo Verde leva tudo, mas nunca sai dos ritmos de Cabo Verde. Você pode por tudo na kachupa, mas é sempre kachupa.
DW África: Marca própria?
T: Marca própria!
Vulcão mergulha Cabo Verde na inquietude
A erupção do vulcão Pico do Fogo começou no domingo, 23 de novembro de 2014. A última, em abril de 1995, durou quase dois meses. As autoridades já falam de danos materiais avultados.
Foto: DW/D. Borges
Deslumbrante e assustador
A erupção do vulcão na ilha do Fogo de novembro de 2014 tem sido acompanhada por fortes explosões e torrentes de lava e cinzas. Se o espetáculo é fascinante, a verdade é que a erupção ameaça a subsistência de muitos habitantes das localidades atingidas.
Foto: DW/D. Borges
Abertura de caminhos
As lavas cortaram todas as vias de acesso a Chã das Caldeiras. As autoridades locais mobilizaram tratores para desobstruir as estradas, a fim da garantir a mobilidade dos moradores. Segundo disse à DW África o presidente da Câmara de São Filipe, Luís Pires: "Há que providenciar alojamento, alimentação, cuidados de saúde e escola para as crianças".
Foto: DW/D. Borges
A população está assustada
Quando começaram as explosões, os habitantes de Chã das Caldeiras transportaram para as zonas mais altas os seus eletrodomésticos e outros pertences. Com medo do furto e das lavas, refugiaram-se em lugares que lhes pareciam mais seguros, e optaram por dormir ao relento, apesar do frio.
Foto: DW/D. Borges
Um vái-vem de carrinhas
Cerca de mil pessoas tiveram que ser evacuadas. Nem todas conseguiram levar os seus pertences consigo. Mas muitas regressam às localidades ameaçadas, para retirar os seus bens. Carrinhas de caixa aberta e camiões transportam todo o recheio interior das casas, e muitas vezes partes das casas, como portas e janelas. Quem pode, leva também o seu gado.
Foto: DW/D. Borges
Preocupação com a segurança
Houve registo de assaltos a casas abandonadas. As autoridades reagiram, reforçando a polícia local e enviando cerca de trinta militares para a zona da erupção, com o fim de proteger os haveres dos habitantes. Segundo o presidente da Câmara de São Filipe, Luís Pires, alguns habitantes, conhecedores profundos da região, permanecem no local para apoiar as forças de segurança.
Foto: DW/D. Borges
A lava já destruiu edifícios
A sede do Parque Natural da ilha do Fogo, erigida com assistência financeira da Alemanha, foi parcialmente destruida. Segundo os responsáveis, foi, no entanto, possível, salvar o seu recheio, nomeadamente computadores e mobiliário. A periferia do parque foi igualmente afetada, mas as plantas endémicas para já não correm perigo.
Foto: DW/D. Borges
Temperaturas elevadas
Para além da erupção provocar temperaturas elevadas, nocivas ao ser humano, a emissão de gases, dióxido de enxofre, fumaças e uma forte “chuva” de areia fina atingiram altitudes elevadíssimas, tendo chegado às ilhas de São Vicente e São Nicolau. A erupção afetou também a aviação civil.
Foto: DW/D. Borges
Catástrofe
A actividade sísmica no Fogo está a provocar fissuras em diversos pontos da ilha, o que preocupa especialistas e população. Acresce que, na noite de quinta-feira, 27 de novembro, se registou uma intensificação da atividade vulcânica. O Governo de Cabo Verde anunciou, entretanto, contar com a assistência da diáspora cabo-verdiana e da comunidade internacional para fazer face a esta "catátrofe".
Foto: DW/D. Borges
Impacto económico negativo
Depois da seca, agora é a lava que ameaça as colheitas. Ainda não há um balanço dos danos causados pelo vulcão, mas o presidente da Câmara, Luís Pires, avançou à DW África, que só nos primeiros dias, os estragos foram equivalentes aos dois meses que durou a erupção anterior. Foram já destruídas 15 residências na localidade de Portela e 14 cisternas de água.