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Cultura

Músico cabo-verdiano Grace Évora celebra 30 anos de carreira

27 de outubro de 2019

O músico cabo-verdiano Grace Évora está a assinalar os seus 30 anos de carreira com foco no seu novo álbum "2069", apresentado este sábado (26.10), num concerto em Lisboa.

Album Grace Évora
O novo álbum de Grace Évora, "2069"Foto: DW/J. Carlos

Natural da Ilha de São Vicente, Gracindo Évora, seu nome verdadeiro, está radicado em Roterdão, na Holanda. Desde criança ele demonstra grande paixão pela música, e sobretudo como baterista. As portas do sucesso começaram a abrir-se quando foi convidado para ser baterista do extinto grupo Livity. No futuro, pensa apostar na morna, um estilo musical genuíno das ilhas, e que integra a lista das candidaturas apresentadas à UNESCO para Património Cultural Imaterial da Humanidade.

A candidatura apresentada pelo Governo de Cabo Verde para elevar a morna a património mundial da UNESCO merece o apoio de qualquer cabo-verdiano, e Grace Évora não é a exceção. O músico revela que esta será, inevitavelmente, a sua aposta no futuro. "O Governo está a fazer tudo por isso, e é muito bom para nós".

Centros culturais

O músico Grace Évora em LisboaFoto: DW/J. Carlos

O músico, nascido em 1969, aplaude igualmente o esforço do Governo de Cabo Verde ao lançar o projeto de criação de centros culturais nalguns países amigos, mas considera que os dirigentes do seu país deviam investir também na educação musical dos cabo-verdianos.

"O nosso Governo devia preocupar-se com outras coisas [...] por exemplo, criar educação musical em Cabo Verde. Por que um país cheio de músicos e de talentos não tem educação musical, e isso me preocupa. Eu não tenho formação musical, mas imagina se tivesse um bocadinho de educação musical, podíamos fazer mais coisas. E é este o meu sonho: o de ver em Cabo Verde um Conservatório, e na escola implementar-se aulas de música", disse.

Questionado pela DW África sobre a viabilidade do projeto de livre circulação no espaço lusófono, lançado por Cabo Verde, o músico considera tratar-se de uma boa iniciativa, sobretudo por facilitar a mobilidade com países como Angola e Moçambique, onde costuma atuar com mais frequência.

"Para Angola já não precisamos de vistos, é um lugar [para onde] vamos sempre. Em Angola e Moçambique entramos normalmente, já não temos aquelas [horas de] espera no aeroporto. Agora já está mais fácil".

Grace Évora tem nacionalidade holandesa e por isso não tem tido dificuldades em circular no espaço europeu, do qual faz parte Portugal, país membro da Comunidade Lusófona, sujeito, entretanto, às restrições das regras impostas pelo Acordo de Schengen a cidadãos de países estrangeiros. Neste contexto, o músico reconhece que a livre circulação será mais difícil. "Se [Portugal] abrirá exceção, será difícil. E eu acho que isso não vai acontecer com facilidade; senão seria complicado para Portugal abrir fronteira para todos", explica.

Álbum "2069"

Natural da Ilha de São Vicente, Gracindo Évora, seu nome verdadeiro, está radicado na HolandaFoto: DW/J. Carlos

O músico, que agora faz carreira a solo, falou à DW África numa conferência de imprensa na véspera do seu concerto deste último sábado (26.10), em Lisboa, para assinalar os 30 anos da sua carreira. O evento, bastante concorrido, ficou marcado também com a apresentação de temas do seu mais recente álbum, a que deu o título de "2069". 

O motivo deste nome, o músico mesmo explica: "Eu sou de 69 e o 2000 é o futuro. Grace Évora quer continuar no futuro com este estilo de música que faz, cheio de misturas e cheio de inspirações".

Para ele, cada dia é um sonho e uma conquista na sua carreira. Depois da a revelação como baterista nos Livity, Grace Évora integrou vários outros grupos, entre os quais os Rabelados, Koladance, Cabo-Verde Show e Splash. Participou em diversas produções, como convidado, e gravou em diversos projectos musicais.

Ao longo de sua carreira, já fez muitas digressões pelas comunidades cabo-verdianas espalhas por todo o mundo. É conhecido em todos os países africanos de língua portuguesa (PALOP). Em Angola e Moçambique, por exemplo, é regularmente convidado para diversos eventos e certames internacionais da música.

Em 2013, ele foi o grande vencedor da terceira edição do Cabo Verde Music Awards (CVMA), ao arrebatar os troféus de melhor Produção Musical, melhor Álbum Electrónico e melhor Banda ao Vivo. No referido evento, Grace Évora recebeu o prémio da melhor Voz Masculina. Em 2018, foi condecorado com a "Medalha de Mérito da Cultura Cabo-verdiana" pelo Governo de Cabo-Verde.

Aos 50 anos, disse à DW África que os prémios e as distinções que já recebeu não são muito relevantes. O mais importante, destaca, "é o público", em particular os fãs que, segundo ele nos explica, "têm sabido acarinhar o seu trabalho".