"França está pronta para combater terrorismo em Moçambique"
Lusa
28 de maio de 2021
O PR francês, Emmanuel Macron, em visita oficial à África do Sul, disse que a França está pronta para ajudar Moçambique a combater a violência armada, desde que no âmbito de um "esforço africano" a pedido de Maputo.
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"Discutimos há pouco com o Presidente Ramaphosa, a situação em Moçambique, e na semana passada tive a oportunidade de discutir também a situação com o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, que participou na cimeira que organizámos em Paris", referiu Emmanuel Macron, nesta sexta-feira (28.05), no final de conversações bilaterais com o seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa.
O chefe de Estado francês, que iniciou hoje uma visita oficial de dois dias à África do Sul, com a insegurança em África, incluindo no norte de Moçambique, e o combate à pandemia da Covid-19 na agenda, sublinhou que a França "está muito ciente" que Moçambique enfrenta "grupos 'jihadistas'" que "ameaçam" a segurança regional.
"Estamos a acompanhar com preocupação a situação e a França pretende manter-se coordenada com Moçambique e os países na região, estamos disponíveis para ajudar, mas no contexto de uma solução política, que deve, em primeiro lugar, ser solicitada por Moçambique e, em segundo lugar, no âmbito de uma intervenção da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral], que ontem se reuniu em Maputo", sublinhou.
Emmanuel Macron frisou que "se for tomada uma decisão para uma intervenção da SADC para restaurar a soberania em Moçambique, a França está disponível para contribuir com operações da Marinha".
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O chefe de Estado francês salientou que o país europeu possui uma presença militar nos "territórios franceses da Reunião e Mayotte". "Temos também fragatas na região e, por isso, podemos participar imediatamente se formos solicitados", frisou.
"Resposta africana"
"Deve ser uma reposta africana a pedido de Moçambique e coordenada com os principais países vizinhos", sublinhou Macron.
"Nós também discutimos os requisitos de Moçambique, como Estado soberano, para receber ajuda de outras partes do mundo. Moçambique informou que tem estado em conversações com outros países, mas quer obviamente o aval da SADC para receber assistência e é precisamente nesse âmbito que a assistência da França se manifestará", declarou o Presidente sul-africano.
"Isto porque é necessária assistência humanitária, onde os países podem contribuir com a sua solidariedade para com Moçambique, é necessária assistência de natureza económica na região, que se encontra bastante deprimida, mas também assistência técnica para capacitar as Forças Armadas de Moçambique", explicou.
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O chefe de Estado sul-africano acrescentou que "há várias outras formas de assistência que Moçambique requer e que vai discutir com vários outros parceiros".
"Aplaudimos a posição da França nesta matéria, em termos de toda a assistência possível que possam dar em cooperação com vários organismos na região e com Moçambique, reconhecendo tratar-se de um Estado soberano que enfrenta um desafio monumental neste momento", vincou o Presidente Ramaphosa.
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Visita presidencial
A visita do chefe de Estado francês arrancou ao início da tarde no Union Buildings, sede da Presidência sul-africana, em Pretória, onde decorreram as conversações bilaterais entre os dois países sobre temas como saúde, ensino (transferência de competências), comércio e segurança regional, visitando em seguida a Universidade Pretória onde decorre um programa sobre a produção de vacinas.
A África do Sul e a França assinaram no Union Buildings um acordo de cooperação na área da inovação científica e tecnológica.
À sua chegada ao Palácio Presidencial, em Pretória, o Presidente Emmanuel Mácron foi recebido pelo seu homólogo sul-africano Cyril Ramaphosa, com uma salva de 21 tiros de canhão, durante uma cerimónia oficial que juntou 20 ministros do executivo de Pretória.
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Edifícios vandalizados, presença de militares nas ruas e promessas de soluções por parte de políticos contrastam com a tentativa das populações de levar a vida adiante.
Foto: Roberto Paquete/DW
Infraestruturas vandalizadas
O conflito armado em Cabo Delgado deixou um número de infraestruturas destruídas na província nortenha de Moçambique. Em Macomia, os insurgentes não pouparam nem a Direção Nacional de Identificação Civil. Os danos no prédio do órgão deixaram milhares de pessoas sem documentos. E carro da polícia incendiado.
Foto: Roberto Paquete/DW
Feridas abertas até na sede da Polícia
O edifício da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Macomia ainda carrega as marcas de um ataque em 2020. O tanzaniano Abu Yasir Hassan – também conhecido como Yasser Hassan e Abur Qasim - é reconhecido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e pelo Governo moçambicano como líder do Estado Islâmico em Cabo Delgado. Não está claro se o grupo é responsável pelos ataques na província.
Foto: Roberto Paquete/DW
"Eliminar todo o tipo de ameaça"
Joaquim Rivas Mangrasse (à esquerda) foi empossado chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas a 16 e março. "É missão das Forças Armadas eliminar todo o tipo de ameaça à nossa soberania, incluindo o terrorismo e os seus mentores, que não devem ter sossego e devem se arrepender de ter ousado atacar Moçambique", declarou o Presidente Filipe Nyusi (centro) na cerimónia de posse, em Maputo.
Foto: Roberto Paquete/DW
Missões constantes para conter os terroristas
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique preparam-se para mais uma missão contra terroristas em Palma. A vila foi alvo de ataques, esta quarta-feira (24.03), segundo fontes ouvidas pela agência Lusa e segundo a imprensa moçambicana. Neste mesmo dia, as autoridades moçambicanas e a petrolífera Total anunciaram, para abril, o retorno das obras do projeto de gás, suspensas desde dezembro.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender o gás natural da península de Afungi
A península de Afungi, distrito de Palma, foi designada como área de segurança especial pelo Governo de Moçambique para proteger o projeto de exploração de gás da Total. O controlo é feito pelas forças de segurança designadas pelos ministérios da Defesa e do Interior. Esta quinta-feira (25.03), o Ministério da Defesa confirmou o ataque junto ao projeto de gás, na quarta-feira (24.03).
Foto: Roberto Paquete/DW
Proteger os deslocados
Soldados das FADM protegem um campo para os desolocados internos na vila de Palma. A violência armada está a provocar uma crise humanitária que já resultou em quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Foto: Roberto Paquete/DW
Apoiar os deslocados
De acordo com as agências humanitárias, mais de 90% dos deslocados estão hospedados "com familiares e amigos". Muitos refugiaram-se em Palma. Com as estradas bloqueadas pelos insurgentes em fevereiro e março deste ano, faltaram alimentos. A ajuda chegou de navio.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender a própria comunidade
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambqiue estão presentes também no distrito de Mueda. Entretanto, cansados de sofrer nas mãos dos teroristas, antigos militares decidiram proteger eles mesmos a sua comunidade e formaram uma milícia chamada "força local".
Foto: Roberto Paquete/DW
Levar a vida adiante
No mercado no centro da vida de Palma, a população tenta seguir com a vida normal quando a situação está calma. Apesar da ameaça constante imposta pela possibilidade de um novo ataque, quando "a poeira abaixa", a normalidade parece regressar pelo menos momentaneamente...
Foto: Roberto Paquete/DW
Aprender a ter esperança com as crianças
Apesar de todo o caos que se instalou um pouco por todo o lado em Cabo Delgado, a esperança por um vida normal continua entre as poulações. Na imagem, crianças de famílias deslocadas que deixaram as suas casas, fugindo dos terroristas, e foram para a cidade de Pemba. Vivem no bairro de Paquitequete e sonham com um futuro próspero, sem ter de depender da ajuda humanitária e longe da violência.