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Familiares de Mahamudo Amurane pedem "justiça merecedora"

Sitoi Lutxeque (Nampula)
4 de outubro de 2024

A família do falecido autarca moçambicano Mahamudo Amurane, morto à queima-roupa a 4 de outubro de 2017, ainda reclama por uma "justiça merecedora" no esclarecimento do seu assassinato em Nampula.

Mahamudo Amurane foi morto à queima-roupa a 4 de outubro de 2017, em Nampula
Jovens de Nampula querem imortalizar a figura de Mahamudo Amurane, considerado "o revolucionário" da cidadeFoto: DW/Nelson Carvalho Miguel

Sete anos depois do seu assassinato, a família de Mahamudo Amurane, o primeiro edil da oposição a governar a cidade de Nampula, ainda clama por justiça.

Cinco anos depois da sua morte, a Justiça moçambicana condenou os dois únicos acusados no processo, respetivamente o empresário Zainal S., sentenciado com 23 anos de prisão, e Saíde A., antigo vereador para a Promoção Económica e Gestão de Mercados e Feiras, condenado a cumprir 20 anos de reclusão.

Arnaut Ângelo Naharipo, sobrinho do malogrado, disse que a família ainda está insatisfeita por não conhecer as motivações e muito menos os mandantes do crime.

"Para nós, como familiares, entendemos que não houve nenhum julgamento", reclamou Ângelo Naharipo, para quem "aquilo foi apenas uma suposta simulação para [arquivar] o caso". O familiar considera que "julgar é trazer a verdade” a tona e dar a conhecer "os malfeitores" e isso "não aconteceu", lamentou.

"E nós como família, exigimos um esclarecimento mais profundo e pedimos justiça merecedora ao nosso tio, pai e irmão Mahamudo Amurane", disse.

Arnaut Ângelo Naharipo, sobrinho do ex-autarca, pede justiça, sete anos depois do seu assassinatoFoto: Privat

Naharipo não tem dúvidas que pessoas como Mahamudo Amurane incomodam as elites políticas, mas, enquanto aguardam por justiça, encorajam a valorização e a criação de mais mentes visionárias.

"Cá em Moçambique, essas pessoas que estão à frente [no poder] temem alguém que fala a verdade”, adiantou o sobrinho de Amurade, referindo que "o único caminho que eles usam é mandar calar um revolucionário com uma bala."

No entanto, avisou: "Eles pensam que eliminando [o visado] estão a calar a população, mas esquecem-se que quando eliminam um, nasce outro."

Rua com nome de Amurane

Em Nampula, jovens estão determinados em imortalizar o político. Gamito dos Santos, defensor dos direitos humanos e diretor-executivo da Koshukhuro, Associação dos Amigos de Mahamudo Amurane para Moçambique Melhor, afirmou que é preciso ressuscitar Amurane e seguir os seus ideais.

"Precisamos de trazer o Amurane de volta. Precisamos parar de pensar no Amurane como um político e então membro do MDM. Precisamos parar de pensar que foi alguém que queria tirar o poder de alguém", afirmou o ativista, recordando uma outra faceta do ex-edil: "Um Amurane que queria o bem de todos os moçambicanos, em particular os de Nampula."

Gamito dos Santos, ativista dos direitos humanos, diz que é preciso ressuscitar AmuraneFoto: Sitoi Lutxeque/DW

Embora de forma disfarçada, Gamito é de opinião que Luís Giquira, atual autarca da FRELIMO, tem-se inspirado e colocado em prática as inovações de governação comunicativa e transparente de Mahamudo Amurane. "A atual edilidade de Nampula está a [recuperar] a visão de Amurane", diz.

"Estamos a ver a partilha das informações sobre as receitas, através das redes sociais, e isso que conhecíamos com Amurane hoje está a acontecer", admite o ativista, acrescentando que "a comunicação entre o munícipe e o servidor começou com ele e hoje está a acontecer, depois de Vahanle ter matado todo o projeto."

Para Gamito dos Santos, "o que falta é a FRELIMO dizer que quer [seguir] o exemplo de de Amurane na atual governação”. Mas, acrescentou, "o presidente atual não vai fazer [isso], por temer represálias."

O ativista sugere que a edilidade atribua o nome de Mahamudo Amurane a uma das ruas ou infraestruturas a ser criada em Nampula como forma de imortalizar o seu nome pelo reconhecimento dos seus feitos.

Para celebrar os sete anos sem Amurane, a Koshukhuro agendou, para esta sexta-feira (04.10), uma mesa-redonda virtual com a participação de vários académicos do país.

Protestos no adeus ao edil de Nampula

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