Maioria dos angolanos, moçambicanos e cabo-verdianos vive em favelas
3 de fevereiro de 2012A questão das favelas foi um dos problemas abordados num seminário sobre a urbanização dos países lusófonos promovido pela Sociedade Alemã para os Países Africanos de Língua Portuguesa (DASP), em Berlim.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram o movimento de milhares de pessoas que deixaram o campo em busca de uma vida melhor. Em 2010, 90% da população brasileira vivia em áreas urbanas, enquanto em Moçambique o número de pessoas a residir nessas zonas estava perto dos 40%.
Segundo o economista e professor de administração de empresas Christian Hauser, muitas pessoas mudaram-se para as cidades por considerarem que a situação no campo é ainda pior. “Acham que o acesso à água e ao saneamento é pior no campo do que na cidade, mesmo quando a situação na cidade também é precária”, refere.
Movimento do campo para a cidade cresce
Este movimento descontrolado da população tem resultados muitas vezes indesejados, como o surgimento de favelas. “Muitas pessoas vêm do interior. Como não têm onde ficar, formam bairros informais que são chamados de favelas. Depois, com medidas do governo e o desenvolvimento económico, a situação vai melhorando”, explica Hauser.
Na capital moçambicana, Maputo, que foi projetada para 400 mil habitantes, já vivem hoje um milhão e meio de pessoas, muitas das quais em favelas, conta Siegfried Lingel, cônsul-geral honorário de Moçambique na Alemanha. E este cenário repete-se noutras cidades do país. “Em Nampula, temos 500 mil habitantes. Na Beira, e por todos os lados, aumenta o movimento do campo para a cidade”, explica.
A situação gera uma avalanche de problemas e abrange diversas questões sociais. “Não há abastecimento de água, a higiene é uma catástrofe, não há esgotos, há lixo e doenças. Entre os bairros mais abastados e estas favelas há muita agressividade que ainda pode piorar muito”, afirma Siegfried Lingel.
É aos governos que cabe o desafio de promover o desenvolvimento nessas áreas e oferecer uma vida digna à população, lembra Christian Hauser. Para o economista, quando a população nessas cidades está a crescer, é necessário ter infra-estruturas de saneamento, água potável e transportes. “É preciso mais investimentos em infra-estruturas”, defende.
Autora: Cris Vieira(Berlim)
Edição: Madalena Sampaio/António Rocha