Maioria dos países da CPLP melhora no Índice de Corrupção
Lusa | mp
23 de janeiro de 2020
Em meio ao “Luanda Leaks”, ranking de corrupção da Trasparência Internacional mostra melhoria da posição angolana. Também os "patinhos feios" Guiné-Bissau e Moçambique subiram de posição. STP manteve o lugar de 2018.
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A maioria dos nove países falantes do português melhorou ou manteve a classificação no Índice de Perceção da Corrupção (IPC), divulgado esta quinta.feira (23.01) pela Transparência Internacional (TI). O IPC avalia a transparência em 180 países.
Angola passou de 19 para 26 pontos, o que lhe valeu a maior subida em número de lugares (19) entre a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Em 2018, Angola subiu do 167º para o 165º lugar. Na nova lista da TI, o país ocupa a 146ª posição, a mesma de Moçambique. Na edição anterior do IPC, Moçambique perdeu dois pontos, passando de 25 para 23, e caiu cinco posições, para a 158ª. Nesta edição do IPC, no entanto, Moçambique recuperou a pontuação e subiu 12 posições.
A Guiné-Bissau contrariou a tendência do ano passado e conquistou 18 pontos, subindo quatro posições ao 168º lugar. Em 2018, a Guiné-Bissau perdeu 16 pontos e caiu da posição 171ª para a 172ª. Cabo Verde, por sua vez, obteve 58 pontos nesta avaliação - subiu ao 41º lugar. No ano anterior, o país ocupou a 45º posição e consolidou-se como o terceiro país mais bem classificado da África Subsaariana, a seguir Seicheles (66 pontos) e ao Botsuana (61 pontos).
A Guiné Equatorial manteve os 16 pontos da edição anterior do IPC, mas perdeu um lugar e passou para 173º em 180 países da lista. São Tomé e Príncipe manteve os 46 pontos e a 64ª posição que tinha na edição anterior do IPC e ocupa a sétima posição entre os países da África Subsaariana.
Cabo Verde e São Tomé e Príncipe continuam a registar pontuações acima da média dos países da África Subsaariana, que ficou em 32 pontos - seguida da Europa de Leste e Ásia Central, com 35 pontos de média. A Europa Ocidental e a União Europeia alcançam a média mais alta com 66 pontos.
Brasil, Portugal e Timor Leste
O Timor-Leste conquistou 38 pontos, recuperando os três perdidos em 2018. O país subiu ao lugar 93 a partir do 105. Portugal perdeu dois pontos, passando de 64 para 62, mas manteve-se na posição 30. Segundo o capítulo português da Transparência Internacional, a posição representa uma estagnação do país no índice há sete anos.
Depois de em 2018, o Brasil ter perdido dois pontos e caído nove posições - a pior pontuação desde 2012 - na edição deste ano manteve 35 pontos, mas deslizou uma colocação, da 105ª para 106ª. O documento assinala que a corrupção continua um dos "principais impedimentos ao desenvolvimento social e económico do país".
"Depois de as eleições de 2018 terem sido fortemente influenciadas por uma agenda de combate a corrupção, o Brasil registou um conjunto de reveses na legislação anticorrupção e teve dificuldades em fazer avançar as reformas do sistema político", aponta a avaliação da TI.
Mais transparentes
Dinamarca e Nova Zelândia partilham o topo da tabela de 2019, com 87 pontos, seguidas da Finlândia, com 86, e de Singapura, Suécia e Suíça, com 85.
O ranking deste ano relaciona o impacto da corrupção com a integridade política e os resultados demonstram que os países mais bem classificados são os que têm políticas de transparência proativas - designadamente no que se refere ao financiamento político, à regulação do lóbi e dos conflitos de interesses, e a mecanismos eficientes de consulta pública.
Os países em que os regulamentos de financiamento de campanhas políticas são abrangentes e aplicados sistematicamente têm uma pontuação média de 70 no índice, enquanto os países em que esses regulamentos não existem ou são mal aplicados têm uma média de apenas 34 e 35, respetivamente.
África 2019: Entre dívidas ocultas, ataques e revoluções
2019 em África foi marcado por novos começos e catástrofes. Em Moçambique houve ciclones, dívidas ocultas, eleições e ataques armados, apesar do novo acordo de paz. A Guiné-Bissau foi às urnas eleger um novo Presidente.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Mukwazhi
Ciclones Idai e Kenneth
Dois ciclones atingiram a África Oriental este ano. Em março e abril, ciclones devastaram áreas inteiras de Moçambique, Madagáscar, Zimbabué, Malawi, Tanzânia e Comores. Mais de 1.400 pessoas morreram, muitas ainda estão desaparecidas e milhares perderam os seus meios de subsistência. Após o desastre, um surto de cólera atingiu as zonas por onde os ciclones passaram.
Foto: Reuters/M. Hutchings
Félix Tshisekedi é o novo Presidente congolês
O novo Presidente da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, tomou posse no início do ano. O resultado desta eleição caótica foi considerado controverso. Tshisekedi prometeu grandes reformas, como o combate aos rebeldes no leste do país. Mas após um ano a esperança esmoreceu: Tshisekedi é apelidado de "fantoche" do ex-Presidente Joseph Kabila, que governou o país durante 18 anos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Delay
Um segundo mandato para Buhari
Na Nigéria, o atual Presidente Muhammadu Buhari venceu novamente as eleições com mais de três milhões de votos. Buhari tem-se dedicado particularmente à pobreza e à segurança. Temas mais do que necessários, já que o grupo terrorista Boko Haram continua a atacar no norte do país. Além disso, conflitos entre pastores e agricultores originaram centenas de mortes, também em países como Mali e Níger.
Foto: Bayo Omoboriwo
A revolução sudanesa
O sudanês Alaa Salah tornou-se uma figura simbólica da revolução. O aumento dos preços dos alimentos e a difícil situação económica levaram a protestos em todo o país. Em abril, o Presidente Omar al-Bashir foi deposto depois de governar por quase 30 anos. Um Governo de transição de militares e civis está a preparar o caminho para as eleições. Durante as manifestações, dezenas de pessoas morreram.
Foto: Getty Images/AFP
Uma surpreendente Taça das Nações Africanas
A maior surpresa do CAN deste ano foi provavelmente a equipa de Madagáscar. Ao vencer a Nigéria e a República Democrática do Congo, chegaram aos quartos de final. Entretanto, a Argélia venceu o Senegal na final. O Senegal nunca ganhou um CAN até agora. O torneio foi originalmente planeado para decorrer nos Camarões, mas foi transferido para o Egito devido a distúrbios políticos naquele país.
Foto: Getty Images/AFP/M. El-Shahed
Epidemia de ébola na RDC
Desde agosto de 2018, a República Democrática do Congo enfrenta uma das maiores epidemias de ébola: mais de 3.300 casos já foram registados, dois terços dos quais fatais. Em novembro, o Uganda confirmou o fim da epidemia no distrito de Kasese, na fronteira com a RDC. Uma vacina ainda não aprovada contra o vírus tem-se mostrado bem-sucedida e os medicamentos para aqueles já infetados também.
Foto: picture-alliance/dpa/AP Photo/Medecins Sans Frontieres/J. Wessels
Repatriamento de congoleses em Angola
Milhares de congoleses regressaram a casa depois de se refugiarem em Angola desde 2017 devido aos conflitos na província congolesa do Cassai. O repatriamento começou de forma espontânea, mas em setembro o processo foi organizado e acompanhado pelas autoridades angolanas e pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Foto: Getty Images/AFP/S. Kambidi
Primeiro-ministro etíope vence Nobel da Paz
O primeiro-ministro da Etiópia fez as pazes com a vizinha Eritreia após décadas de conflitos. Por isso, Abiy Ahmed recebeu o Prémio Nobel da Paz. Além disso, conseguiu estabilizar a situação no país dividido em 80 grupos étnicos diferentes, libertou milhares de presos políticos, introduziu reformas económicas e nomeu mulheres para metade do seu gabinete.
Foto: Ethiopian Prime Minister Office
Conflito em Moçambique
O Presidente Filipe Nyusi foi reeleito com uma grande maioria, mas a RENAMO rejeitou os resultados e acusou Nyusi e a FRELIMO de "grande fraude eleitoral". Até 1992, os dois partidos travaram uma brutal guerra civil que matou quase um milhão de vidas. As partes assinaram um acordo de paz em agosto, mas as tensões no país permanecem, com ataques nas estradas do centro do país.
Foto: Reuters/S. Sibeko
Ataques no norte de Moçambique
A província de Cabo Delgado continua a ser alvo de grupos armados. Os primeiros ataques foram registados em 2017 e este ano novos episódios de violência aterrorizaram aldeias locais. Pelo menos 300 pessoas já morreram e há centenas de deslocados, segundo as autoridades. A situação também deixa em alerta empresários. A região abriga um megaprojeto de exploração de gás natural.
Foto: DW/A. Chissale
Novo estado federal na Etiópia
Em novembro, 98,5% dos moradores de Sidama, na Etiópia, votaram num referendo para a formação de um novo estado federal e mais autonomia. Os Sidama, quinto maior grupo étnico da Etiópia, espera controlar os recursos da terra, ter voz na política e preservar e fortalecer a sua identidade cultural. Dez outros grupos étnicos manifestaram interesse num referendo semelhante.
Foto: Reuters/T. Negeri
Quem será o novo Presidente da Guiné-Bissau?
Com José Mário Vaz já fora da corrida, a segunda volta das presidenciais disputou-se a 29 de dezembro, entre os favoritos Domingos Simões Pereira e Umaro Sissoco Embaló. Os resultados provisórios deverão ser divulgados pela CNE a 1 de janeiro. A disputa entre Jomav e o Parlamento levou à crise política e económica no país. O novo Presidente terá de resolver isso em 2020.
Foto: DW/B. Darame
Ataques às Nações Unidas na RDC
Manifestantes em Beni, uma cidade no leste congolês, invadiram uma base da ONU no final de novembro e incendiaram o edifício municipal. Alegavam que a missão da ONU no país, a MONUSCO, não está a fazer nada para protegê-los dos ataques rebeldes. A milícia extremista "Forças Democráticas Aliadas" matou e sequestrou dezenas de pessoas na região. A luta em Beni continua.
Foto: Reuters/File Photo/O. Oleksandr
"Arquiteto" das dívidas ocultas ilibado nos EUA
Jean Boustani, tido como o principal mentor no caso das dívidas ocultas, foi considerado inocente em julgamento nos EUA. Entretanto, a Justiça norte-americana quer também julgar o ex-ministro das Finanças de Moçambique, por alegado envolvimento nas dívidas ocultas. Manuel Chang está detido na África do Sul desde dezembro de 2018, com pedidos de extradição para Moçambique e para os EUA.
Foto: Reuters/E. Munoz
Protestos no Zimbabué
O ano começa e termina com protestos no Zimbabué. Depois de o preço dos combustíveis ter subido 130%, milhares de pessoas saíram às ruas e houve escassez de alimentos nos mercados. Foram também demitidos 211 dos 1.550 médicos do país por protestarem por melhores salários e condições de trabalho. Dizem que os seus salários - menos de 200 dólares por mês - são insuficientes para sobreviver.