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Maioria dos PALOP com "baixo desenvolvimento humano"

2 de novembro de 2011

Mudanças climáticas e destruição ambiental ameaçam reverter os progressos alcançados pelos países pobres na saúde, educação e distribuição de rendimentos, alerta a ONU no seu relatório anual sobre desenvolvimento humano.

A sustentabilidade ambiental será conseguida se forem "resolvidas as desigualdades na saúde, educação, rendimento e género", diz o PNUDFoto: fotolia/Surrender

Intitulado "Sustentabilidade e Equidade: Um melhor futuro para todos", o relatório deste ano sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que é publicado pela ONU desde 1990, defende que a sustentabilidade ambiental será conseguida mais eficazmente se forem "resolvidas as desigualdades na saúde, educação, rendimento e género,conjuntamente com uma ação à escala mundial relativamente à produção de energia e à proteção dos ecossistemas".

O documento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) aponta que os avanços conseguidos pelos países mais pobres arriscam estagnar ou mesmo retroceder até meados do século se não forem tomadas "medidas audaciosas" para abrandar as alterações climáticas.

Moçambique no fim da tabela

Na tabela classificativa do IDH 2011, a Noruega, Austrália e Holanda ocupam os três primeiros lugares na lista de países com maiores progressos na saúde, educação e rendimento, no ranking do Índice IDH de 2011. Os quatro últimos classificados, por ordem descendente, são Moçambique, Republica Democrática do Congo, Níger e Burundi.

Um sem abrigo em MaputoFoto: Ismael Miquidade

O IDH integra o relatório anual sobre desenvolvimento humano publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, que em 2011 analisou o desempenho de 187 países - mais 18 que em 2010 - num vasto conjunto de indicadores, entre os quais a frequência escolar, esperança média de vida e rendimento per capita.

Desempenho fraco dos PALOP

Relativamente aos PALOP - Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa – pese embora os avanços e progressos registados nos últimos 20 anos, a maior parte deles tem um desempenho baixo ou francamente baixo, no entender dos especialistas da ONU que assinam o documento.

Entre os 187 países analisados, as posições por ordem ascendente dos países da CPLPE são as seguintes - Moçambique ocupa o lugar 184, o último dos lusófonos, a Guiné-Bissau ficou na posição 176, Angola na 148, Timor-Leste, logo a seguir na 147 e São Tomé e Príncipe quedou-se pelo lugar 144.

O terceiro melhor classificado dos países lusófonos – e com um Índice de Desenvolvimento Humano considerado médio - é Cabo Verde, na posição 133. Uns bons furos acima, no lugar 84, está o Brasil, com um IDH considerado elevado e tendo subido um lugar relativamente ao índice de 2010. De todos os países da CPLP, Portugal ocupa a melhor posição (41) com um "desenvolvimento humano muito elevado", embora tenha baixado um lugar relativamente ao relatório anterior (2010).

Entre os países lusófonos, a Guiné-Bissau tem o pior desempenho em termos de esperança de vida após o nascimento, com 48 anos. Logo a seguir estão Moçambique e Angola, ambos ligeiramente acima dos 50 anos.Timorenses e são-tomenses vivem em media mais de 60 anos, e caboverdianos, brasileiros e portugueses mais de 70. Em Portugal, que ocupa o 41° lugar no índice geral, a esperança de vida está muito próxima dos 80 anos (79,5 anos).

Mulheres à espera no serviço de Pediatria do Hospital Simão Mendes em BissauFoto: DW

Em termos de rendimento per capita, as diferenças oscilam entre Moçambique com 643 euros, e Portugal com 14.678 euros. No grupo superior a mil euros esta São Tomé e Príncipe (1.280). Timor-Leste e Cabo Verde estão no grupo seguinte com rendimentos anuais superiores a dois mil euros, seguidos de angola, com mais de 3.000 e o Brasil com mais de 7.000.

Metade dos angolanos vive abaixo do limiar da pobreza

Estes indicadores, segundo o estudo da ONU, revelam que mais de metade da população angolana vive abaixo do limiar da pobreza ou em pobreza extrema, embora os últimos dados disponíveis sobre este critério sejam de 2001. Em Timor-Leste, a pobreza extrema atinge quase 40 por cento da população.

Em termos de anos de escolaridade média as diferenças são igualmente significativas. Enquanto um moçambicano em media vai à escola apenas 14 meses (1,2 anos), um guineense já vai dois anos e três meses (2,3 anos) e um timorense, dois anos e oito meses (2,8 anos). É curioso o fato de o estudo da ONU revelar que um angolano freqüenta mais tempo o ensino do que um caboverdiano, com quatro anos e quatro meses (4,4 anos) e quatro anos e dois meses (4,2 anos).

Outra curiosidade o fato de a frequencia escolar entre Portugal e o Brasil ser praticamente igual – no Brasil sete anos e dois meses (7,2 anos) e em Portugal sete anos e sete meses (7,7 anos).

Nos três países que lideram o Índice de Desenvolvimento Humano - Noruega, Austrália e Holanda – as crianças frequentam em média 12 anos de escolaridadeFoto: Fotolia/Friday

Países no topo da tabela com mais elevado índice de escolaridade

Nos três países que lideram o Índice de Desenvolvimento Humano - Noruega, Austrália e Holanda – as crianças frequentam em média 12 anos de escolaridade. Nos outros dois indicadores de referencia do estudo a esperança de vida à nascença ronda dos 82 anos, e o rendimento per capita oscila entre os 25 mil euros na Austrália e os 34 mil euros na Noruega.

Em termos globais, o IDH coloca os Estados Unidos, Nova Zelândia, Canadá, Irlanda, Liechtenstein, Alemanha e Suíça entre os 10 países com melhores níveis de desenvolvimento em 2011.

Todavia, quando são consideradas as desigualdades internas na saúde, educação e rendimento, algumas das nações mais ricas do mundo ficam fora dos primeiros 20 lugares. Os Estados Unidos passam do quarto para o vigésimo-terceiro lugar, a Coreia do Sul de décimo-quinto para trigésimo-segundo e Israel de décimo-sétimo para vigésimo-quinto.

Autor: Pedro Varanda de Castro
Edição: Helena de Gouveia/António Rocha

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