Luta contra droga na rota africana tema de seminário .
30 de outubro de 2015 O seminário que terminou esta sexta-feira (30.10) reuniu dirigentes e especialistas de cerca de 38 países da América Latina, das Caraíbas e da África Ocidental, teve lugar no âmbito do Programa Rota da Cocaína, lançado em 2009, por iniciativa da União Europeia (EU), com um financiamento de cerca 50 milhões de euros.
Nos últimos anos, cartéis de droga da América Latina têm utilizado os países da África Ocidental como rota adicional para a entrada de cocaína na Europa.
Visão abrangente sobre tráfico de cocaína
Como forma de combater este flagelo, dirigentes e especialistas da América Latina, das Caraíbas e da África Ocidental estiveram reunidos durante cinco dias na capital cabo-verdiana, à procura de uma visão abrangente sobre o tráfico de cocaína.
As organizações participantes decidiram reforçar a troca de informações, como um primeiro passo nessa luta contra o narcotráfico.
"Uma das conclusões é que as organizações presentes neste encontro da Praia, como a Interpol e Ameripol apoiada pela União Europeia, decidiram constituir-se como organismos de ação colaborando ativamente na troca de informações, não só a nível regional como global, na luta contra o tráfico de drogas. Por isso, a reunião dos chefes de portos e aeroportos da América Latina e da África Ocidental realizada com o apoio de especialistas europeus, foi sem dúvida um grande encontro na luta contra o crime organizado e fomento de alianças estratégicas”.
Cabo Verde e Guiné-Bissau pontos estratégicos de trânsito de droga
Em entrevista à DW África, Marcos Alvar, inspetor-chefe do Corpo Nacional de Polícia de Espanha disse que Cabo Verde e a Guiné-Bissau são pontos estratégicos de trânsito de cocaína.“Cabo Verde e Guiné-Bissau têm uma posição estratégica sobretudo da rota que vem do Brasil não só através dos correios humanos como também através da via marítima que é muito apetecível para as embarcações. Por terem tantas ilhas e encostas os veleiros aproveitam para fazer o transbordo. Organizações sul-americanas mas também europeias encarregam-se do transporte e receção dessa droga que posteriormente é enviada para o grande mercado que continua a ser a Europa”.
O inspector-chefe da Polícia de Espanha e coordenador geral do projeto Ameripol – União Europeia considera que há uma ideia errada em relação à África.
“As conclusões são que entre os países de origem, de trânsito e destino, cada vez mais, a rota vai mudando, mas não podemos dizer que a rota africana, como tem sido muitas vezes dito, é a rota principal. As organizações criminosas têm recorrido a novas vias” alertou Marcos Alvar.
Crise económica aproveita pelas redes criminosas
Alvar chamou atenção para a crise económica atual que tem sido aproveitada pelas redes criminosas para aliciar os correios de droga.
“Lamentavelmente o crime organizado procura recrutar pessoas aproveitando das suas debilidades humanas. Essas “mulas” que têm poucos recursos são um alvo preferencial para trazerem drogas desde a América Latina para Europa e África. Os correios de droga podem ser desde um jovem de 18 – 20 anos até um ancião de 60 – 65 ou mais anos. Esta é uma situação que pode afetar tanto os estudantes africanos como europeus devido a crise na Europa”.Na semana passada, o director nacional da Polícia Judiciária de Cabo Verde, Patrício Varela, alertou que grupos criminosos estão a recrutar estudantes africanos, incluindo cabo-verdianos, como correios de droga entre o Brasil e o continente africano.
“É uma realidade nova uma vez que estamos na posse de informações que grupos criminosos que operam na costa ocidental de África têm estado a recrutar estudantes africanos que frequentam universidades no Brasil para transportarem drogas. Em Cabo Verde já houve um caso e na Guiné-Bissau a situação já é preocupante”.