Mais de 100 detidos por atos de vandalismo em Luanda
29 de julho de 2025
Mais de 100 pessoas suspeitas de atos de vandalismo foram detidas na segunda-feira (28.07) pela Polícia Nacional de Angola, na sequência da paralisação dos taxistas contra a subida do preço do combustível.
Segundo o porta-voz da Polícia Nacional, subcomissário Mateus Rodrigues, a situação atual é estável e os focos de desordem estão controlados. "As nossas forças continuam nas ruas a garantir que aqueles pequenos focos de desordem sejam desativados", salientou.
Foram também apreendidos alguns bens "na posse dos indivíduos que cometeram os atos de violência" registados em vários pontos da capital angolana, disse ainda o subcomissário aos jornalistas.
A Polícia contabilizou a destruição de cerca de 20 autocarros de transportes públicos, estando por contabilizar os veículos particulares danificados.
O porta-voz da Polícia Nacional desencoraja os cidadãos a enveredar por "qualquer ato de desobediência" e sublinha que as forças de segurança pública "não vão tolerar esses atos de desordem pública e serão tomadas medidas drásticas, medidas cabais, no sentido de se repor a ordem pública a todo o custo".
MPLA condena vandalismo
O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) condenou os atos de vandalismo registados segunda-feira (28.07) em Luanda e exortou os jovens a não se deixarem manipular por grupos ou indivíduos que incitem à violência, defendendo uma postura de responsabilidade, civismo e paz.
Num comunicado, o Bureau Político do Comité Central do partido no poder em Angola afirmou que os actos ocorridos causaram "enormes prejuízos materiais ao Estado, às famílias e às empresas" e comprometeram "a ordem, a segurança, a tranquilidade pública e o bem-estar da população".
O MPLA considerou que as acções visam "manchar e dificultar a celebração, com júbilo, dos 50 anos da Proclamação da Independência Nacional", e denunciou a sua natureza "antipatriótica", por atentarem contra "os valores de unidade, reconciliação, Paz e progresso".
Em reação aos acontecimentos de ontem, o Ministério do Interior angolano divulgou um comunicado na televisão nacional no qual afirma que as "ações criminosas" ocorridas ontem em Luanda "representam um ataque ao Estado democrático e de direito".
UNITA reforça necessidade de diálogo
A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) também se pronunciou sobre os incidentes, lamentando a morte de cidadãos. O maior partido da oposição angolana apela à responsabilidade de todos os atores políticos e sociais.
A UNITA alerta ainda para "tentativas de sabotagem por parte de grupos instrumentalizados" e reforça a necessidade de diálogo e serenidade para preservar a paz social.
Os protestos irromperam durante o primeiro de três dias de paralisação dos taxistas contra o aumento dos combustíveis, com milhares de pessoas na rua, atos de violência e vandalismo, pilhagens e ataques a autocarros.
Após uma segunda-feira de caos em Luanda, os taxistas angolanos emitiram, na noite passada, um comunicado onde se demarcam dos atos de vandalismo.
No início deste mês, o preço do gasóleo passou de 300 para 400 kwanzas por litro (0,28 para 0,37 euros), no âmbito da retirada gradual pelo Governo do subsídio aos combustíveis, iniciada em 2023, levando a um reajuste das tarifas dos transportes públicos.