Mais de 200 manifestantes são presos em Paris
1 de dezembro de 2018Mais de 200 manifestantes foram presos este sábado (01.12) durante protesto do movimento "coletes amarelos" na Champs-Élysées, a avenida mais famosa de Paris. O grupo protesta contra o aumento de impostos sobre os combustíveis e o alto custo de vida na França há três semanas. Pelo menos 80 pessoas, incluindo 16 polícias, ficaram feridos.
Um grupo de manifestantes ocupou o terraço do Arco do Triunfo, um dos monumentos mais famosos de Paris, que já havia sido vandalizado no ato. A região da Champs-Élysées se transformou em um palco de guerra, coberta por uma mistura de gás lacrimogêneo e fumaça dos vários carros, lixeiras e outros objetos incendiados.
Os pontos de revista montados na Champs Elyseè, que tinha sido cercada desde o início da manhã, não funcionaram. O protesto, que era para ser pacífico, deu lugar a uma série de confrontos. Manifestantes jogaram coquetéis molotov e outros objetos contra os policiais, que responderam com gás lacrimogêneo e canhões de água.
Antes do confronto, Jean-Luc Mélenchon, líder da extrema esquerda, disse que a violência era residual, promovida por "grupos de infiltrados". Uma declaração similar foi dada por um dos líderes da extrema direita, Nicolas Dupont-Aignan.
"Duzentos manifestantes pacíficos na Champs-Élysées. Mil e quinhentos arruaceiros na parte externa do perímetro (de segurança) com a intenção de desfazê-lo", escreveu no Twitter o ministro do Interior da França, Christophe Castaner.
'Guerra civil'
As cenas de violência e destruição no terceiro fim de semana consecutivo de protestos contra o aumento de impostos sobre combustíveis e o encarecimento do custo de vida se repetem desde o início da manhã, quando por volta de 500 manifestantes – alguns deles encapuzados – começaram a levantar barricadas e a forçar os acessos à avenida Champs-Élysées.
Na emissora "LCI", o porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, pediu aos "coletes amarelos" que dialogassem com o governo, embora este se mantenha firme em sua decisão de elevar os impostos sobre os combustíveis em janeiro, a principal queixa dos manifestantes que também clamam contra a redução do poder aquisitivo dos franceses.
Diante do risco de enfrentamentos com a polícia, outros grupos preferiram manifestar-se bloqueando o trânsito em estradas de diversos pontos do país e nos arredores da capital.
"No início da manhã de hoje, pessoas equipadas e determinadas (...) fizeram prova de uma grande violência", sublinhou o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe. "Estamos determinados a garantir que nada será desculpado a aqueles que foram ao local apenas com o desejo de quebrar, para provocar a polícia, para levar um discurso revolucionário de preocupações que nada têm a ver com as questões que foram levantadas pelo Presidente da República e que o governo pretende resolver", acrescentou.
O dia de mobilização de "coletes amarelos" reuniu ao menos 36 mil manifestantes em toda a França e 5.500, em Paris. "Quanto mais eles nos mandam gás, mais as pessoas ficam em cólera. Se nos deixassem manifestar nos Campos Elíseos e sem gás, as coisas não seriam assim. Hoje tenho medo que a França entre em guerra civil. Se for necessário, voltarei no próximo sábado", afirmou uma das manifestantes.