Líbia: 450 migrantes resgatados em menos de uma semana
AP | Lusa | tms
16 de dezembro de 2017
Segundo a guarda costeira líbia, os migrantes foram resgatados na costa do país. Entre eles estão principalmente africanos e árabes.
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A guarda costeira da Líbia resgatou pelos menos 270 migrantes na costa do país, segundo confirmou oficial da Marinha este sábado (16.12). Com este resgate, já passa de 450 o número de migrantes resgatados em menos de uma semana.
El-Hadi Kheil disse que os migrantes árabes e africanos, que incluem mulheres e crianças, foram encontrados no mar, entre as duas cidades costeiras de Garabulli e Zliten, a leste da capital Trípoli, para onde foram encaminhados.
"Estávamos perdidos e não sabíamos para onde direcionar o nosso barco", Omar Yusef, um migrante sudanês, disse à agência de notícias Associated Press. "Chamámos a guarda costeira e um helicóptero guiou-nos".
Os migrantes resgatados receberam atendimento médico da agência de migração das Nações Unidas antes de serem transferidos para um centro de detenção em Trípoli.
Desde 2011, a Líbia é utilizada cada vez com mais frequência por migrantes que querem chegar à Europa, fugindo de conflitos e de crises humanitárias. Muitos arriscam a vida em embarcações precárias para cruzar o mar Mediterrâneo. A região é também conhecida pelo tráfico de pessoas.
Apoio europeu
O fluxo de migrantes levou a União Europeia (UE) a treinar e equipar a guarda costeira da Líbia para impedir embarcações de fazer o perigoso trajeto.
Paralelamente a isto, a Líbia criou centros de detenção de migrantes ilegais. Centenas de milhares de migrantes estão presos em locais que, segundo os grupos de defesa dos direitos humanos, são insalubres e estão superlotados.
De acordo com os últimos números da agência de migração das Nações Unidas, pelo menos 167.700 migrantes e refugiados entraram na Europa pelo mar desde o início de 2017, em comparação com pelo menos 358.000 em 2016.
ONU pede ajuda urgente para migrantes
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A Amnistia Internacional e os Médicos Sem Fronteiras, entre outros grupos de ajuda, criticaram a UE, dizendo que a sua política visa principalmente bloquear a rota do tráfico do Mediterrâneo, deixando milhares de migrantes presos na Líbia em risco de abusos horríveis.
Esta semana, entretanto, a EU anunciou a concessão de 100 milhões de euros para apoiar o trabalho da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) na Líbia.
Milhares de migrantes atravessam Níger rumo à Europa
São jovens oriundos da África Ocidental e fazem tudo para chegar à Europa. Estão mesmo dispostos a arriscar a vida, atravessando o deserto, rumo ao Mediterrâneo. Mas nem todos são bem sucedidos.
Foto: DW/A. Cascais
Apoio aos "menos bem sucedidos"
Em Niamey existe um centro de acolhimento da Organização Internacional para as Migrações (OIM). Aqui são acolhidos os jovens "revenants", que não conseguiram atravessar o deserto e se veem obrigados a regressar aos seus países de origem. A OIM, que faz parte do sistema das Nações Unidas, dá-lhes abrigo provisório, alimentação e apoio na obtenção de passaportes e outros documentos.
Foto: DW/
À espera do regresso a casa
Os jovens que procuram apoio no centro da OIM vêm dos mais diferentes países: Guiné-Conacri, Mali, Senegal, Gâmbia ou Guiné-Bissau, movidos sobretudo por objetivos económicos. Muitos tiraram cursos superiores, mas não arranjam trabalho. Muitas famílias apostam na emigração de pelo menos um filho. Caso esse filho seja bem sucedido poderá eventualmente apoiar economicamente o resto da família.
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Frustrados por terem falhado a Europa
Muitos investiram todas as suas economias, pediram dinheiro a familiares e perderam tudo. Agora esperam pelo regresso aos seus países com a sensação de terem sofrido grandes derrotas pessoais. Os assistentes sociais falam de casos em que os jovens não se atrevem a voltar ao seio das suas famílias, "por sentirem vergonha". Precisam de apoio psicológico, mas esse apoio não existe.
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Otimismo apesar das derrotas
Alguns dos migrantes sofrem lesões e contraem doenças durante a travessia do deserto, mas mesmo assim não perdem o ânimo. Em muitos casos, os jovens tentam várias vezes, ao longo da vida, atingir a terra prometida: a Europa. Muitos nunca o conseguem, mas não perdem o otimismo. Em 2016, a OIM prestou apoio a mais de 6 mil "revenants" - migrantes que não foram bem sucedidos no Níger.
Foto: DW/A. Cascais
Espancado na Líbia
Dumbya Mamadou, de 26 anos de idade, oriundo do Senegal, conseguiu atingir a Líbia, depois de uma "odisseia de 5 dias e 5 noites" pelo deserto do Níger. Mas na Líbia foi maltratado. "Os líbios apontaram-me armas e espancaram-me, não têm respeito pelo ser humano", afirma o jovem. Dumbya volta ao seu país de origem com um sentimento de derrota: "Queria estudar na Europa, agora não sei o que fazer".
Foto: DW/
Roubado no Burkina Faso
Mamadou Barry, de 21 anos, oriundo da Guiné-Conacri, tinha um sonho: aplicar em França os seus conhecimentos de marketing e os seus talentos musicais. Mas a viagem rumo à Europa correu-lhe mal. "Fui roubado no Burkina Faso, o primeiro país pelo qual passei", conta. Mesmo assim, Mamadou aprendeu uma grande lição para a vida: "coisas que nunca teria aprendido se nunca tivesse saído de Conacri".
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Rap contra a frustração
Mamadou Barry tenta digerir as suas derrotas e decepções através da música. Há três anos que o jovem canta e interpreta temas de rap e hiphop de sua autoria. O seu último tema foi escrito em Niamey, capital do Níger, e tem a seguinte letra: "A migração arrasou-me / e ninguém me pode consolar / O Mar Mediterrâneo já matou muitos / e nós cá continuamos: sem comida, sem cama, sem saúde".
Foto: DW/
Central de autocarros de Niamey: uma placa giratória
É da estação de autocarros de Niamey que partem diariamente centenas de furgonetas, muitas delas repletas de jovens migrantes, em direção ao norte. Os migrantes tornaram-se um fator relevante para a economia do Níger. Há muita gente que ganha a sua vida prestando diversos serviços aos migrantes: viagens pelo deserto, alimentação e mesmo cuidados médicos.
Foto: DW/A. Cascais
Mais migrantes tentam atravessar deserto do Níger
O número de migrantes que viajam através dos vastos territórios desérticos do Níger para chegar ao norte da África e à Europa não pára de aumentar, tendo alcançado os 200 mil em 2016, segundo estimativas do escritório da Organização Internacional para as Migrações. Outras fontes falam de 10 mil migrantes que atravessam o Níger por semana. A situacão geográfica do Níger é o fator determinante.
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Agadez, o "olho da agulha"
Agadez, cidade desértica no Níger, é um dos principais pontos de trânsito no Saara para os imigrantes em fuga de nações empobrecidas do oeste da África. As "máfias" do tráfico humano têm beneficiado do caos na Líbia para transportar dezenas de milhares de pessoas para o continente europeu em embarcações precárias. Os migrantes muitas vezes sofrem abusos dos passadores.