Mais de 60 universidades alemãs abandonam rede social X
11 de janeiro de 2025O anúncio das 60 universidades foi feito no dia seguinte a um debate na rede social entre a candidata a chanceler do partido de extrema-direita alemão AfD, Alice Weidel, e Elon Musk. O empresário reiterou o seu apoio à candidata, seis semanas antes das eleições legislativas antecipadas no país.
"Os valores da diversidade, da liberdade e da ciência já não estão presentes na plataforma", afirmam instituições como a Universidade Livre de Berlim, a Universidade Humboldt e a Universidade de Desporto de Colónia, numa declaração conjunta.
Duas universidades da cidade austríaca de Innsbruck também assinaram a declaração.
Os signatários afirmam que não desejam continuar na plataforma devido aos seus recentes desenvolvimentos, em particular o reforço algorítmico de conteúdos populistas de direita.
Na Alemanha, estes cerca de sessenta estabelecimentos de ensino superior e institutos de investigação são os últimos de uma longa lista a anunciar a sua saída do X.
Na quinta-feira, o Tribunal Federal de Justiça da Alemanha indicou que não publicaria mais nada no sítio, tal como vários sindicatos, entre os quais o dos serviços (Verdi), que considerou a plataforma um "fórum de ódio, desinformação e propaganda de extrema-direita".
Clubes de futebol como o Werder Bremen, tetracampeão alemão, e o Saint Pauli, de Hamburgo, também retiraram as suas contas do X, tal como os supermercados do grupo Aldi.
Governo mantém conta
O Governo alemão tem de justificar regularmente a sua presença no X. "Estamos muito preocupados com o desenvolvimento do X, mas, ao mesmo tempo, temos de pensar constantemente em como podemos chegar a pessoas que não poderíamos alcançar de outra forma", disse uma porta-voz do Governo alemão, Christiane Hoffmann, numa conferência de imprensa.
"De momento, decidimos manter o X, mas estamos constantemente a avaliar a situação", afirmou.
Apoio de Musk à AfD
Foi no passado dia 28 de dezembro que o multimilionário norte-americano decidiu apelar aos eleitores alemães, através de um editorial do Welt am Sontag, para que votem em Alice Weidel, a candidata a chanceler da AfD, a 23 de fevereiro. Antes disso, a 20 de dezembro, o dono da Tesla usou o X para escrever que "apenas a AfD pode salvar a Alemanha".
O artigo no Welt am Sontag gerou muita polémica no país. Vários editores e jornalistas alemães fizeram pressão para que o artigo não fosse publicado, e o Spiegel chega mesmo a perguntar "de onde veio esta considerável pressão" para que a opinião de Musk fosse destacada. Além das fortes críticas expressas pela Associação de Jornalistas Alemães, todos os partidos se manifestaram contra.
A Organização Não-governamental (ONG) LobbyControl considera o alcance da plataforma X como publicidade eleitoral ilegal vinda do estrangeiro, afirmando que a conversa entre Musk e Weidel se pode considerar "publicidade política, uma vez que a plataforma X vende normalmente este tipo de cobertura por muito dinheiro".
"As intervenções descaradas de Elon Musk nas campanhas eleitorais dos Estados Unidos e da Alemanha são um sinal de alerta para a Alemanha e para a Europa", sublinhou Aurel Eschmann, da LobbyControl, em comunicado.
Elon Musk tem sido amplamente criticado por vários líderes europeus, incluindo o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que consideram que o bilionário é um perigo para a democracia europeia.
AfD em segundo lugar nas sondagens
Segundo as últimas sondagens, a AfD deverá conseguir entre 19 a 21,5% dos votos nas eleições antecipadas de 23 de fevereiro, ficando em segundo lugar.
À frente na corrida está a união dos conservadores da União Democrata-Cristão (CDU) com o partido irmão da Baviera, a CSU, com 29 a 33%. O partido do atual chanceler, Olaf Scholz, o Partido Social Democrata (SPD) segue em terceiro lugar com uma variação entre 15,5 e 17%.