Protestos de terça-feira (29.04) contra a subida ao poder do filho do falecido Presidente Idriss Déby foram reprimidos pela polícia e resultaram em pelo menos seis mortes.
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Houve "653 detenções" durante as manifestações de terça-feira, afirmou esta quinta-feira (29.04) o procurador de N'djamena, Youssouf Tom, em declarações à agência de notícias France Presse (AFP). Alguns, acrescentou, "estão em processo de serem apresentados à justiça, a maioria deles já foram, e muitos já foram libertados". Na quarta-feira, ainda segundo o procurador, outras 58 pessoas foram presas.
A oposição e a sociedade civil consideram que foi um "golpe institucional" e uma "sucessão dinástica", aquilo que aconteceu no país, com o filho do falecido Presidente Idriss Déby Itno, Mahamat Idriss Déby, a tomar o poder, liderando o Conselho Militar de Transição (CMT), que concentra quase todos os poderes.
A oposição apelou a manifestações contra a situação na terça-feira, mas os protestos foram proibidos pelas autoridades militares. As manifestações foram reprimidas, resultando na morte de seis pessoas em N'djamena e no sul do país, de acordo com as autoridades, nove de acordo com uma ONG local.
No tribunal superior de N'Djamena, dezenas de manifestantes foram trazidos esta quinta-feira em veículos da polícia, de diferentes esquadras e distritos da capital, relatou a AFP. Desde quarta-feira de manhã, são apresentados à vez nos gabinetes do procurador e dos seus adjuntos, explicou um dos advogados, Rimt Guarambaye.
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Contestação também visa França
A maioria dos apelos à manifestação foram também contra a política de França, que é acusada de apoiar o novo poder desde que o Presidente francês, Emmanuel Mácron, se deslocou a N'Djamena para se encontrar com as novas autoridades de transição no país, por ocasião do funeral do marechal Déby. Foi o único chefe de Estado ocidental que se deslocou ao país depois dos acontecimentos. O Presidente francês condenou "de forma veemente" a repressão das manifestações de terça-feira. Um novo apelo para manifestações foi lançado na quarta-feira de manhã, mas foi pouco seguido.
Assim que o Exército anunciou a morte, alegadamente em combate contra grupos rebeldes, do Presidente do Chade, Idriss Déby, na semana passada, o seu filho Mahamat, tenente-general e chefe da guarda presidencial, assumiu o comando do CMT, composto por mais 14 generais, todos eles próximos do seu pai, e revogou a Constituição e dissolveu o Governo e a Assembleia Nacional.
Mahamat Idriss Déby prometeu "eleições livres e democráticas" em 18 meses. Na segunda-feira, foi nomeado o primeiro-ministro transitório, que foi chefe de um anterior Executivo sob a Presidência de Idriss Déby.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.