Mais de mil presos, incluindo alegados membros das Forças Democráticas Aliadas (ADF), escaparam da prisão de Beni, no leste da República Democrática do Congo (RDC), após um ataque atribuído àquele grupo armado.
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"A prisão de Kangbayi foi atacada pela ADF", disse à agência de notícias France-Presse (AFP) o presidente interino da câmara de Beni, Muhindo Bwakanamaha.
"Apenas cerca de 100 dos 1.455 reclusos não saíram da prisão", acrescentou aquele responsável. "Dois prisioneiros foram mortos a tiro e muitos dos 1.300 detidos desapareceram após o ataque, que foi levado a cabo pelos rebeldes ADF por volta das 04:30", disse a polícia no Twitter.
Dezenas de soldados e polícias estavam hoje de manhã a garantir a segurança do estabelecimento prisional, enquanto as autoridades locais visitavam o local, informou um correspondente da AFP.
Dois veículos blindados da Missão das Nações Unidas no Congo (Monusco) foram colocados no local.
Aumentam receios de mais insegurança
Os residentes locais que estavam junto à prisão disseram temer um recrudescimento da "insegurança" após esta fuga espetacular, de acordo com testemunhos recolhidos pela AFP.
Os membros das ADF são acusados de serem responsáveis pelo massacre de mais de mil civis na região de Beni, desde outubro de 2014.
Só desde novembro do ano passado já mataram centenas de civis, altura em que o exército congolês anunciou uma ofensiva contra as suas bases e líderes na floresta e na selva em redor de Beni.
As ADF são originalmente compostas por rebeldes muçulmanos ugandeses que estão presentes na RDc desde 1995. Há anos que não atacam o vizinho Uganda, vivendo do tráfico na região.
Alguns dos seus ataques foram reivindicados pelos jihadistas do Estado Islâmico, desde abril de 2019, sem que haja, no entanto, provas concretas de qualquer filiação real.
As fugas não são raras nas prisões sobrelotadas da RDC, a maioria das quais foram construídas durante a era colonial (antes de 1960).
RDC: Chocolates de um país em crise
A República Democrática do Congo é conhecida pela violência, pobreza e corrupção. Apesar dos problemas, a primeira empresa de chocolate do país está a produzir doces. Uma visita à "Cocoa Congo", na província de Goma.
Foto: DW/J. Raupp
Grãos do Beni
Adèle Gwet e Matthew Chambers inspecionam um carregamento de grãos de cacau que chegou da zona de Beni, a 300 quilómetros de distância. O casal empreendedor investe muito tempo e dinheiro: Chambers investiu 250 mil dólares na "Cocoa Congo", com a ajuda do Ministério Britânico do Desenvolvimento. Mas "o valor agregado do nosso 'chocolate premium' é produzido na própria RDC", diz Chambers.
Foto: DW/J. Raupp
Matéria-prima em vez de exportação
Grãos de cacau são transportados em autocarros de passageiros através de uma floresta onde milícias atuam. A empresa Cocoa Congo paga aos produtores de cacau - especialmente às mulheres - um quinto a mais pela matéria-prima do que as grandes empresas que exportam diretamente os grãos. Além disso, a empresa treina agricultoras para aumentarem seus rendimentos, atendendo aos padrões ambientais.
Foto: DW/J. Raupp
"Chocolatière" autodidata
"Eu vim ao Congo para trabalhar e ajudar outras mulheres", diz Adèle Gwet, natural dos Camarões. "Eu quero ajudá-las a ter uma vida melhor, por isso eu ensino como fazer chocolates." As receitas, ela buscou na internet. Durante meses, trabalhou com o marido, um americano, provando-as.
Foto: DW/J. Raupp
Ajuda para mulheres
Seis dos dez funcionários do Cocoa Congo, em Goma, são mulheres em risco. Aqui, elas aprendem a ferver a massa de cacau. A cozinha onde trabalham está localizada num edifício residencial. O chocolate está a ser produzido há apenas três meses - até agora, foram algumas centenas de barras. A previsão é de 20 mil por mês no próximo ano!
Foto: DW/J. Raupp
100% congoleses
Mamy Simire embala o chocolate em papel de alumínio. Ela mal consegue acreditar que foi feito aqui. Para a mãe de cinco filhos, comer doces por um longo tempo era impensável: "Eu só conhecia chocolates pela televisão, onde via outras pessoas comendo. Experimentar mesmo não era possível, pois é muito caro para nós". Agora, as crianças dela podem provar: são o controle de qualidade!
Foto: DW/J. Raupp
Produtos artísticos de exportação
A Cocoa Congo quer primeiro vender o chocolate no exterior pela internet. Chambers criou algo especial para entrar no mercado: artistas de Goma pintam quadros para o papel de embalagem. Um pacote de chocolate com três barras de 50 gramas deve custar 20 dólares. "Não exportamos apenas chocolate, mas também uma imagem positiva da RDC", diz Chambers.
Foto: DW/J. Raupp
Ativista
Sylvie Chishungu Zawadi se preocupa com as produtoras de cacau em Beni. Com frequência, milícias estupram mulheres que trabalham nos campos. Algumas são sequestradas e assassinadas. "Sim, é bom trabalhar com elas. Mas até que ponto a segurança delas está garantida? Ou será que elas estão à mercê das milícias?". Para um chocolate verdadeiramente seguro, o Estado também deve fazer a parte dele.