Malawi: Presidente faz apelo em busca da reeleição
AFP | tms
18 de maio de 2019
Em último ato de campanha, o Presidente do Malawi, Peter Mutharika, disse que país chegará "ao nível de Singapura e Malásia" e prometeu desenvolver o país "de forma jamais vista" se vencer as eleições de 21 de maio.
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No seu último dia de campanha antes das eleições gerais marcadas para 21 de maio, o Presidente do Malawi, Peter Mutharika, afirmou este sábado (18.05) na capital Blantyre que colocou o Malawi "no caminho do progresso" e que a oposição não tem razões para criticá-lo.
"Minhas prioridades para este país são o desenvolvimento e a construção. Se me derem uma chance por mais cinco anos, vou desenvolver este país de forma jamais vista", disse o Presidente a centenas de apoiantes durante o seu apelo final de campanha. O Presidente garantiu que o Malawi irá chegar "ao nível de Singapura e Malásia".
Mutharika, que disse estar a receber apenas 40% de seu salário para ajudar a economia, prometeu construir mais escolas e fábricas no Malawi – um país amplamente agrícola e um dos mais pobres do mundo. "Continuaremos a construir a economia para erradicar a pobreza", afirmou.
Oposição
Os principais rivais de Mutharika e do Partido Democrático Progressista (DPP), no poder, são o líder da oposição Lázaro Chakwera, do Partido do Congresso do Malawi (MCP), e Saulos Chilima, do novo Movimento de Transformação Unida (UTM).
"Nossa mensagem foi tão bem recebida, é eletrizante em todos os lugares", disse Chakwera em seu último ato de campanha. "Podemos unir este país que ficou paralisado e todos podemos prosperar juntos, mas precisamos acabar com a corrupção e devemos seguir o estado de direito", acrescentou.
Chakwera fez uma aliança com a ex-presidente Joyce Banda, que fugiu do país por quatro anos depois de perder as eleições de 2014, em meio a alegações de corrupção que nunca se confirmaram.
O candidato da oposição Saulos Chilima já foi vice-Presidente de Mutharika. Apesar de ter deixado o partido no poder para estabelecer o UTM no ano passado, sua candidatura ainda não é bem vista.
O partido tem como alvo o massivo voto dos jovens. Chilima, de 46 anos, disse em seu comício final: "A maior parte da nossa economia está nas mãos de poucos. Foi isso que levou ao nascimento da UTM".
As campanhas terminaram este sábado antes da votação de terça-feira, que vai eleger o novo Presidente, o Parlamento e representantes locais. Sob o sistema "o vencedor leva tudo" do Malawi, Mutharika venceu na eleição de 2014 com apenas 36% dos votos. O vencedor deste ano pode garantir a Presidência com menos ainda.
Albinos em África: "Não se escondam!"
São ostracizados, ameaçados e perseguidos. Para muitos africanos com albinismo, o dia-a-dia pode ser um pesadelo. Algo que é preciso mudar, dizem albinos que diariamente lutam contra o preconceito. Conheça alguns deles.
Foto: Getty Images/AFP/Y. Chiba
Moda contra o preconceito
Thando Hopa é uma advogada sul-africana de 20 anos. Cresceu com muito protector solar, roupas compridas e complexos. Sempre escondida na sombra, recorda. Agora, Hopa luta abertamente contra os preconceitos enfrentados pelos albinos em África - também como modelo nas passarelas.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Vencer complexos nas passarelas
Thando Hopa foi descoberta há quatro anos num centro comercial pelo designer sul-africano Gert-Johan Coetzee, que surge atrás da modelo nesta foto. Hoje, ela é uma das modelos mais conhecidas na África do Sul. Há muitas fotos suas publicadas nas principais revistas de moda. Em 2013, por exemplo, Hopa foi capa da primeira edição da Forbes Life Africa.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Quebrar mitos
Muitos africanos acreditam que os albinos não são seres vivos, mas fantasmas, e que partes do seu corpo podem trazer sorte e prosperidade. O albinismo é uma doença genética caracterizada por falta de pigmentação na pele. Uma em cada 20 mil pessoas no mundo nasce com este distúrbio congénito. O albinismo é muito comum no leste e no sul de África – tal como a superstição.
Foto: Getty Images/AFP/O. Andersen
Superstição mortal
Os criminosos caçam albinos, matam-nos e vendem os seus corpos a curandeiros tradicionais, que acreditam que estes têm propriedades mágicas. Segundo a ONU, o corpo de um albino pode valer mais de 60 mil euros no mercado negro. Uma perna pode ser vendida por cerca de 2.000 euros. A Tanzânia já proibiu os curandeiros tradicionais não registados. Mas outros países, como o vizinho Malawi, ainda não.
Foto: Getty Images/AFP/T. Karumba
Viver com medo
Dorothy Mausen, da província de Machinga, no Malawi, diz que nunca se sente segura. Há cerca de 10 mil albinos neste país do sudeste africano. De acordo com a Amnistia Internacional, pelo menos 18 albinos foram assassinados no último ano e meio. A polícia do Malawi registou mais de 60 ataques violentos contra albinos. Mas calcula-se que o número real de ataques seja muito maior.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Proteção constante
Razik Jaffalie nunca deixa os seus filhos fora de vista. Teve de deixar o emprego para proteger Cassim, de três anos. Os malawianos têm orgulho da sua reputação de pessoas gentis e pacíficas. Mas após os ataques mais recentes contra albinos, o Presidente do Malawi, Peter Mutharika, disse estar "envergonhado" pelos assassinatos no país.
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Mukwazhi
Uma canção para Mandela
Salif Keita é uma das estrelas mais conhecida da música pop africana. Nasceu no Mali e sabe bem o quanto pode ser difícil crescer com albinismo em África. O músico mudou-se para Paris em 1984 e tornou-se famoso quando se apresentou no Estádio de Wembley, em Londres, em 11 de junho de 1988, no concerto para celebrar o 70º aniversário de Nelson Mandela, que na altura ainda estava preso.
Foto: Imago/CHROMORANGE
Afirmação do orgulho albino
Um festival na República Democrática do Congo em 2015 iniciou uma pequena revolução. "Fièrement Ndundu" - "Orgulho de ser albino", que decorre durante três dias em Kinshasa, é uma plataforma para partilhar experiências, desafiar estereótipos e criar autoconfiança. Algo que muitos africanos também já fazem online - por exemplo, no Twitter com a hashtag #AlbinismIsJustAColor.
Foto: DW/S. Mwanamilongo
Cuidado com o sol
O albinismo não é "apenas" uma questão de cor de pele. Quem é afetado pela falta de melanina na pele tem de proteger o corpo dos raios solares. Esta deficiência significa que os albinos correm sérios riscos de desenvolver cancro da pele. Muitos também têm problemas de visão por causa da falta de melanina nos olhos. O uso de protector solar é essencial para a sua sobrevivência.
Foto: Getty Images/AFP/Y. Chiba
Chutar o preconceito
Na capital da Tanzânia, Dar es Salaam, os treinos de Said Seremani e da sua equipa "Albino United" só começam quando o sol se começa a pôr. Só têm um campo pequeno e empoeirado, mas os seus sonhos são grandes. Querem ser estrelas do futebol internacional e provar que os albinos podem jogar tão bem como os ídolos Didier Drogba ou Pierre-Emerick Aubameyang.