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Mali: Junta militar adia eleições e alega "razões técnicas"

Lusa | tm
25 de setembro de 2023

Junta militar no poder no Mali adia eleições presidenciais marcadas para fevereiro de 2024. Segundo porta-voz dos militares, as eleições "serão ligeiramente adiadas por razões técnicas".

 Assimi Goïta, Abdourahamane Tiani, Ibrahim Traoré
Assimi Goïta, Abdourahamane Tiani, Ibrahim Traoré Foto: Francis Kokoroko/REUTERS; ORTN - Télé Sahel/AFP/Getty; Mikhail Metzel/TASS/picture alliance

Este é um novo adiamento das eleições no Mali por parte dos militares em relação aos compromissos assumidos, sob a pressão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), com vista a uma transferência de poder. 

As datas inicialmente fixadas para 04 e 18 de fevereiro de 2024, para as duas voltas das eleições "serão ligeiramente adiadas por razões técnicas", disse o porta-voz do Governo, coronel Abdoulaye Maïga, num comunicado lido aos jornalistas em Bamako.

As autoridades citam entre outras "razões técnicas", fatores ligados à adoção, em 2023, de uma nova Constituição e à revisão das listas eleitorais, mas também um litígio com uma empresa francesa, Idemia, envolvida, segundo estas, no processo a nível dos censos.

"As novas datas das eleições presidenciais serão objeto de comunicado de imprensa posteriormente", afirmou o Governo.

Legislativas

As autoridades rejeitam também a possibilidade de realizarem eleições legislativas antes das presidenciais, inicialmente previstas para o final de 2023.

O Governo "decide organizar, exclusivamente, as eleições presidenciais para sair da transição. As restantes eleições serão certamente objeto de outro cronograma (calendário), que será estabelecido pelas novas autoridades, sob as diretivas do novo Presidente da República", afirma-se no comunicado de imprensa.

Um apoiador do presidente interino do Mali, Assimi Goita, segura sua imagem durante uma manifestação pró-Junta e pró-Rússia em BamakoFoto: Ousmane Makaveli/AFP/Getty Images

Autores de sucessivos golpes de Estado, em agosto de 2020 e maio de 2021, os militares comprometeram-se, pela primeira vez, a ceder o poder aos civis eleitos após as eleições presidenciais e legislativas inicialmente marcadas para fevereiro de 2022.

Mas a junta liderada pelo Coronel Assimi Goïta anunciou, no final de 2021, que não conseguia respeitar o calendário acordado com a CEDEAO e chegou a considerar permanecer por mais alguns anos no poder, tempo, alegou, para realizar as reformas profundas necessárias.

CEDEAO

A CEDEAO impôs então pesadas sanções comerciais e financeiras no início de 2022, que atingiram duramente o Mali, um país pobre e sem litoral. Estas sanções foram retiradas no mês de julho seguinte, quando os coronéis concordaram em deixar o poder em março de 2024, e anunciaram então um calendário eleitoral, marcando as eleições presidenciais para fevereiro desse ano.

A junta também marcou um referendo constitucional para março de 2023, que finalmente ocorreu em junho último. Os críticos da nova Constituição descrevem-na como tendo sido feita à medida para manter os militares no poder para além das eleições presidenciais.

Um manifestante usa uma camiseta em apoio aos líderes da junta do Níger, Mali, Guiné e Burkina Faso, durante uma manifestação no dia da independência, em NiameyFoto: AFP

Desde que os militares tomaram o poder no Mali a África Ocidental assistiu a uma sucessão de golpes militares,no Burkina Faso e no Níger, também atingidos pelo terrorismo e pela violência, assim como na Guiné-Conacri.

Em todos estes países, os militares dizem que estão a realizar "transições" antes de um regresso à "ordem constitucional".

Violência

As eleições presidenciais do Mali foram adiadas enquanto o país continua sujeito à violência no centro e no leste, e enfrenta uma retoma das hostilidades no norte por parte de grupos separatistas e uma intensificação das atividades terroristas.

Desde agosto, as regiões de Timbuktu e Gao têm sido palco de uma sucessão de ataques contra posições do exército maliano e contra civis.

A junta empurrou a força antiterrorismo francesa para a saída em 2022 e a missão da ONU em 2023, virando-se política e militarmente para a Rússia.

O comunicado de imprensa do Governo não se refere aos recentes desenvolvimentos em matéria de segurança. O chefe da junta pretende "regressar a uma ordem constitucional pacífica e segura, depois de ter realizado reformas políticas institucionais prioritárias", conclui-se na nota.

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