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Mali vai investigar massacre de civis denunciado por ONG

Lusa
7 de abril de 2022

A justiça militar maliana anunciou que vai investigar os recentes acontecimentos na cidade de Moura, onde testemunhos relatam a execução em massa de civis por soldados locais e combatentes estrangeiros.

Foto: Getty Images/AFP/A. Jocard

Na sequência de "alegações de supostos abusos cometidos contra civis (...), as investigações foram abertas pela guarda nacional sob instruções do Ministério da Defesa e dos Assuntos dos Veteranos para realizar investigações aprofundadas a fim de fazer toda a luz sobre essas alegações", escreveu num comunicado divulgado na noite de quinta-feira (06.04) o procurador do tribunal militar de Mopti, uma grande cidade perto de Moura.

O perito independente das Nações Unidas em direitos humanos no Mali pediu uma investigação independente sobre os eventos em Moura.

As autoridades malianas, dominadas pelos militares que chegaram ao poder via golpe de Estado em 2020, negam que o exército tenha atacado civis e falam de uma operação antiterrorista.

"Dadas as graves alegações de crimes em massa, com dezenas de civis mortos durante essas operações, peço às autoridades malianas que realizem uma investigação completa, independente, imparcial e eficaz o mais rápido possível", disse Alioune Tine, em comunicado. 

As conclusões dessas investigações devem ser tornadas públicas, acrescentou o perito.

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O pedido de Alioune Tine juntou-se à missão da ONU no Mali (Minusma), França, Estados Unidos da América, União Europeia e Comissão de Direitos Humanos do Mali, que tinham já anteriormente defendido uma investigação ao sucedido.

Denúncia da HRW

A organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) denunciou terça-feira que as forças armadas do Mali, juntamente com soldados estrangeiros, terão executado de forma sumária cerca de 300 homens, no final de março.

Num comunicado, a HRW disse que a execução, que terá acontecido na cidade de Moura, no centro do Mali, é a pior atrocidade relatada há uma década no país africano, que enfrenta uma rebelião de extremistas islâmicos.

O exército do Mali disse na sexta-feira passada (01.04), numa declaração, que tinha matado "203 combatentes" de "grupos terroristas armados" durante uma operação numa zona do Sahel, no centro do Mali, que decorreu entre 23 e 31 de março.

A HRW disse que forças do exército maliano e soldados estrangeiros -- identificados por várias fontes como russos -- executaram, ao longo de vários dias no final de março, em pequenos grupos, várias centenas de pessoas que foram detidas em Moura.

Nas Nações Unidas, o porta-voz do secretário-geral António Guterres, Stéphane Dujarric, disse hoje que a organização continua a tentar enviar peritos para Moura.

"Lançámos uma investigação relacionada com os direitos humanos para examinar as alegações de que civis foram mortos numa área onde as forças armadas malianas estão a realizar operações", disse Stéphane Dujarric em resposta a perguntas sobre Moura durante a conferência de imprensa diária.

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