Mali: Macron ameaça retirada de tropas francesas do país
AFP | Lusa
30 de maio de 2021
Presidente francês, Emmanuel Macron, ameaçou com retirada das tropas francesas, caso país caminhe na "direção" de um "islamismo radical". CEDEAO realiza hoje cimeira para discutir a situação política no Mali.
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Em entrevista ao Le Journal du Dimanche (JDD), o Presidente francês afirma que "nunca na vida" a França irá ter soldados no Mali caso se verifique "mais islamismo radical" no país.
"Ao Presidente do Mali, Bah NDaw, que foi muito rigoroso quanto ao acordo entre o poder e os 'jihadistas', eu disse: mais islamismo radical no Mali com nossos soldados lá? Nunca na vida! Existe hoje essa tentação no Mali, mas se caminhar nesse sentido, iremos nos retirar", afirmou Emmanuel Macron na entrevista, citado pela agência France-Presse.
O chefe de Estado francês disse ainda ter "enviado a mensagem" aos dirigentes da África Ocidental de que "não ficaria ao lado de um país onde já não existe legitimidade democrática ou transição".
"Digo isso com lucidez, se formos cúmplices do fracasso da África, seremos responsáveis, mas também pagaremos caro, especialmente em termos de migração", acrescentou Macron.
A entrevista ao semanário surge depois de o Presidente francês ter feito uma viagem ao Ruanda e à África do Sul.
A França tem cerca de 5.100 militares em Barkhane, onde apoia o Mali, país que enfrenta desde 2012 uma grave crise de segurança devido ao conflito com 'jihadistas' radicais.
O coronel Goita, homem forte no Mali desde o golpe de Estado que liderou em 18 de agosto de 2020 com um grupo de oficiais, prendeu o Presidente Bah Ndaw e o primeiro-ministro Moctar Ouane na segunda-feira (24.05).
No dia seguinte, Assimi Goita anunciou que os havia demitido dos seus cargos. A demissão foi então apresentada como renúncia, sem que se soubesse se foi voluntária.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) realiza uma cimeira extraordinária para discutir a situação política no Mali este domingo (30.05).
Os líderes da África Ocidental reúnem-se no Gana para discutir a resposta à nova tomada do poder pelos militares no Mali.
A cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo dos 15 países membros da CEDEAO deverá ser dedicada exclusivamente ao Mali, podendo ser considerada a imposição de sanções.
Nas redes sociais, o Gabinete da Presidência do Mali confirmou a participação do coronel Assimi Goita na cimeira.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.