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Mali: Militares denunciam tentativa de "sabotar" a transição

Lusa | AFP
25 de maio de 2021

Coronel Assimi Goita diz que destituiu Presidente e primeiro-ministro por tentarem "sabotar" a transição no Mali. Homem forte das Forças Armadas promete que transição continuará e que haverá eleições em 2022.

Goita em pronunciamento logo após o golpe de 2020Foto: ORTM TV/dpa/picture-alliance

O vice-Presidente de transição no Mali, o coronel Assimi Goita, anunciou, esta terça-feira (25.05), que destituiu o Presidente e o primeiro-ministro porque eles estavam a tentar "sabotar" a transição.

Goita garantiu, no entanto, que "o processo de transição continua o seu curso" e que haverá eleições em 2022. A declaração foi lida na televisão nacional.

Oficiais do Exército perturbados com uma remodelação do Governo detiveram o Presidente Bah Ndaw e o primeiro-ministro Moctar Ouane, que foram nomeados em setembro, sob pressão internacional, com a tarefa de conduzir o Mali de volta a um governo civil completo no prazo de 18 meses.

Primeiro-ministro Ouane (esq.) e vice-Presidente GoitaFoto: MICHELE CATTANI/AFP

Após várias horas de expetativa desde a detenção de Ndaw e Ouané, o comunicado do vice-Presidente explica que as razões desta ação resultam de uma "crise de muitos meses a nível nacional", em referência às greves e várias manifestações convocadas no país por atores sociais e políticos.

"Compromisso infalível"

As detenções ocorreram horas após o anúncio da composição de um novo Governo formado pelo primeiro-ministro, o que, segundo várias fontes, causou desconforto entre os líderes do golpe militar pela exclusão de dois comandantes militares.

O coronel Goita, chefe dos militares que derrubaram o Presidente eleito Ibrahim Boubacar Keita a 18 de agosto de 2020, culpou o Presidente Bah Ndaw e o primeiro-ministro Moctar Ouane pela formação do novo Executivo sem o consultar previamente, apesar de ser o responsável pela Defesa e Segurança, áreas cruciais no país.

Junta Militar tem apoio popular desde o golpe de 2020Foto: AP/dpa/picture-alliance

"Tal movimento demonstra um claro desejo por parte do Presidente e do primeiro-ministro transitórios de violar a carta transitória [...] com uma clara intenção de sabotar a transição", disse.

Goita tentou dar esta terça-feira uma ideia de normalidade, convidando o povo maliano a "continuar livremente com seus afazeres".

O coronel insistiu no "compromisso infalível" das Forças Armadas do Mali em defender a segurança do país, mas não indicou pormenores sobre o paradeiro do Presidente e primeiro-ministro detidos na segunda-feira.

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