Mali: Partido do Presidente à frente nas legislativas
Lusa | AFP | ms
24 de abril de 2020
Partido de Ibrahim Bubakar Keita está à frente dos resultados das eleições legislativas de março-abril, com 43 deputados em 147 no Parlamento. Taxa de participação terá ficado acima de 35%, segundo números provisórios.
Publicidade
A seguir ao partido União para o Mali (RPM, na sigla em francês), surge outra formação também da área política do chefe de Estado Ibrahim Bubakar Keita, a Aliança para a Democracia no Mali (Adema), com 22 deputados, segundo os resultados oficiais provisórios divulgados na capital, Bamako, pelo ministro da Administração Territorial, Alpha Bah.
O partido do antigo primeiro-ministro e principal figura da oposição, Soumaïla Cissé, a União para a República e a Democracia (URD), surge em terceiro lugar, com 19 deputados. Cissé foi raptado em 25 de março, enquanto fazia campanha na sua região natal, no Mali central.
Os restantes 63 lugares na Assembleia Nacional serão divididos por 18 partidos.
Violência continua
A segunda volta da votação teve lugar numa altura em que o país sofre episódios regulares de violência, testemunha um crescente número de casos de Covid-19 e três semanas depois de uma primeira volta marcada por raptos e destruição de mesas de voto.
Esta terça-feira (21.04), pelo menos 12 pessoas foram mortas num ataque a várias aldeias no centro do país, uma zona que tem sido alvo da violência jihadista e intercomunitária, disse quinta-feira (23.04) o presidente da Câmara de Sangha, Ali Dolo, à agência de notícias francesa AFP. De acordo com Dolo, os atacantes também roubaram cerca de 500 cabeças de gado.
Esta é a minha cidade: Bamako
04:38
O número de mortos foi confirmado pelo primo de uma das vítimas, que falou sob condição de anonimato. "Entre as 16:00 e as 21:00, homens armados, alegadamente Fulani, atacaram várias localidades perto da aldeia Dogon de Tirelli, a cerca de 30 quilómetros a leste de Bandiagara", uma das principais cidades do centro, informou a ONU.
"Chegaram em mais de 50 motos, dois a dois [em cada uma]. Até agora, foram encontrados 12 corpos", disse o familiar, acrescentando que seis pessoas estão desaparecidas.
"O que nos está a matar não é a guerra"
"O que nos está a matar não é o coronavírus, mas a guerra", disse Ali Dolo, presidente da Câmara de Sangha, uma das localidades atingidas pelos ataques.
O centro do Mali tem sido palco de muita violência desde 2015 e alvo de um grupo jihadista, liderado pelo pregador fulani Amadou Koufa, que recrutou elementos em grande parte das comunidades e juntou-se ao Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos, a principal aliança jihadista do Sahel filiado na Al-Qaeda desde a sua criação, em 2017.
Os ataques, frequentemente seguidos de represálias, têm aumentado e têm-se tornado intercomunitários entre os Fulani, que são principalmente criadores de gado, e as etnias Bambara e Dogon, que trabalham sobretudo na agricultura.
Presidentes a todo o custo
São derrotados nas eleições, mas contestam os resultados. Mesmo depois de esgotarem todos os recursos, estes candidatos à mais alta magistratura continuam a reivindicar a Presidência.
Maurice Kamto: o auto-proclamado "presidente"
O candidato da oposição às presidenciais de 7 de outubro nos Camarões, Maurice Kamto, reivindica a vitória frente a Paul Biya. "Convido o Presidente da República a criar as condições para uma transição pacífica para proteger os Camarões de uma crise eleitoral desnecessária", declarou o líder do MRC - Movimento para o Renascimento dos Camarões.
Foto: AFP/Getty Images
Nelson Chamisa, o "presidente legítimo" do Zimbabué
O líder da oposição zimbabueana contesta a vitória do Presidente Emmerson Mnangagwa nas eleições de 30 de julho de 2018. Considera-se vencedor e reclama a cadeira presidencial numa cerimónia simbólica de tomada de posse, a 15 de setembro.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
Cissé rejeita a tomada de posse de Keïta
Soumaïla Cissé não marca presença na cerimónia e fala num vazio de poder no Mali depois da tomada de posse "nula e de efeito nulo" do seu rival, Ibrahim Boubacar Keïta, a 4 de setembro de 2018. A 20 de agosto, o Tribunal Constitucional do Mali declarou Keïta vencedor das presidenciais com 67,16% dos votos na segunda volta de 12 de agosto contra os 32,84% de Soumaïla Cissé.
Foto: DW/K. Gänsler
Raila Odinga, efémero "presidente do povo"
A 30 de janeiro de 2018, o opositor que tinha boicotado as presidenciais de outubro de 2017 contra Uhuru Kenyatta autoproclama-se "presidente do povo" perante milhares de apoiantes, numa cerimónia simbólica em Nairobi. O país é palco de violência pós-eleitoral, mas, a 9 de março, Odinga e Kenyatta surpreendem ao anunciar a sua reconciliação.
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/B. Jaybee
Jean Ping : "Exercerei o poder que me confiaram"
Dois anos após as presidenciais de agosto de 2016, o líder da oposição gabonesa continua determinado. A 31 de agosto, numa cerimónia de "homenagem aos mártires" da violência pós-eleitoral, em Libreville, diz que quer continuar a sua "luta" para "libertar" o Gabão. Jean Ping deposita esperanças nomeadamente no inquérito preliminar do Tribunal Penal Internacional sobre a crise pós-eleitoral no país.
Foto: DW/A. Kriesch
Kizza Besigye, o eterno rejeitado
Em fevereiro de 2016, o opositor histórico enfrenta Yoweri Museveni pela quarta vez no Uganda. Quando Museveni é declarado vencedor e se prepara para prestar juramento para um quinto mandato, Kizza Besigye toma posse como presidente numa cerimónia alternativa. Afirma "ter provas" da sua vitória. Detido e condenado por alta traição, é libertado algumas semanas depois.
Foto: DW/E.Lubega
André Mba Obame, o outro adversário de Ali Bongo
Inspirado pelos acontecimentos na Costa do Marfim, o antigo ministro "AMO" autoproclama-se presidente do Gabão, em janeiro de 2011, 17 meses depois de perder as presidenciais frente a Ali Bongo. Acusado de alta traição, refugia-se numa agência da ONU. Os problemas de saúde põem fim às suas ambições presidenciais. A sua morte, em abrir de 2015, aos 57 anos, leva a confrontos em Libreville.
Foto: cc-by-sa Ernest A. TEWELYO
Étienne Tshisekedi, duas vezes "presidente"
Em 2006 e 2011, o líder do principal partido da oposição congolesa (UDPS) declara-se vencedor frente a Joseph Kabila e "presidente eleito". Toma posse na sua residência em Limete, arredores de Kinshasa. O seu estado de saúde deteriora-se em 2014 e em 2017 morre com o eterno opositor o desejo de ocupar a cadeira presidencial.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Roge
Laurent Gbagbo, opositor histórico
No ano 2000, o líder do FPI declara-se vencedor frente a Robert Gueï e pede aos costa-marfinenses que saiam à rua para fazer cair o general. Os manifestantes atacam os agentes de segurança do chefe da junta militar. Os protestos continuam até que a polícia e, mais tarde, o exército, começam a passar para o lado de Laurent Gbagbo.
Foto: AP
John Fru Ndi às portas do palácio presidencial
John Fru Ndi autoproclama-se presidente a 21 de outubro de 1992. Dois dias depois, o Supremo Tribunal declara Paul Biya vencedor do escrutínio presidencial. O fundador do SDF contesta estes resultados nas ruas. É declarado o estado de emergência no nordeste do país e John Fru Ndi fica em prisão domiciliária.