Mali: PR "são e salvo" após tentativa de ataque em mesquita
AFP | ni | tms
20 de julho de 2021
Assime Goita passa bem após uma tentativa de ataque com faca numa mesquista em Bamako, informou a Presidência maliana. Segundo as autoridades, o ataque foi protagonizado por dois homens, um deles empunhando uma faca.
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O presidente interino do Mali, Coronel Assimi Goita, estava "são e salvo", disse o seu gabinete, após uma tentativa de ataque com faca por dois homens, durante orações numa mesquita em Bamako, na terça-feira.
Um jornalista da AFP que testemunhou o ataque disse que os assaltantes pulmaram em Goita, que foi rapidamente levado pela segurança.
Dois homens armados, incluindo um que empunhava uma faca, atacaram o presidente interino do Mali, Assimi Goita, na terça-feira, de acordo com um jornalista da agência de notícias France Press (AFP), durante orações na grande mesquita da capital Bamako.
O ataque ocorreu esta terça-feira (20.07) durante as celebrações da festa islâmica de Eid al-Adha. O Presidente foi rapidamente retirado da área, segundo a AFP.
Ainda de acordo com a agência, havia sangue no local, mas não há informações de quem terá sido atingido.
Entretanto, uma fonte do gabinete do Presidente disse que Goita estava "são e salvo", após do que foi classificado como uma "tentativa de assassinato" pelas autoridades malianas.
Goita chegou ao acampamento militar de Kati, fora da capital, "onde a segurança foi reforçada", acrescentou a fonte, avançando que "investigações estão em curso" para apurar as causas do ataque.
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Ataque
O incidente ocorreu após as orações para a festa islâmica de Eid al-Adha, na grande mesquita de Bamako. Os assaltantes foram ter com o Presidente quando um imã estava a dirigir os adoradores para fora da mesquita.
O Ministro dos Assuntos Religiosos Mamadou Kone, que estava na mesquita, disse à AFP que um homem tinha "tentado matar o Presidente com uma faca", mas foi detido.
O diretor da mesquita, Latus Toure, disse que um agressor tinha atacado o Presidente, mas ferido outra pessoa. Mais tarde, um oficial de segurança que pediu anonimato disse que duas pessoas tinham sido presas e que estavam agora detidas.
Meses conturbados
O ataque chocante segue-se a meses de tumultos políticos no Mali, que também está a combater uma insurreição jihadista que já ceifou milhares de vidas e expulsou centenas de milhares de pessoas das suas casas.
Goita foi empossado no poder em junho, depois de liderar o segundo golpe de Estado do país em menos de um ano. O coronel já tinha liderado um golpe em agosto passado, quando ele e outros oficiais do exército depuseram o Presidente eleito Ibrahim Boubacar Keita, após semanas de protestos em massa por causa da corrupção e do conflito jihadista de longa data.
O segundo golpe em nove meses provocou um alvoroço diplomático, levando a União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) a suspender o Mali, apelando à nomeação de um primeiro-ministro civil.
A França, que tem milhares de tropas estacionadas no país devastado pela guerra, também suspendeu a cooperação militar com o Mali.
Artigo atualizado às 13h53 do Tempo Universal Coordenado com mais informações sobre o ataque ao PR interino do Mali.
Conflito no Mali: Dogon refugiam-se em terra ancestral
Com a escalada do conflito no centro do Mali, o povo Dogon fugiu da região de Mopti, que foi a sua casa durante cerca de 700 anos, para "Mande", a sua terra ancestral.
Foto: Udo Lucio Borga
Uma nova vida na terra ancestral
Tal como milhares de outros Dogon, Isaie Dignau deixou a região de Bandiagara, no centro do Mali, por causa da insegurança. Ele e a família refugiaram-se em Nana Kenieba, uma aldeia a cerca de 150 quilómetros a sudeste da capital Bamako. De acordo com Isaie, os contadores de histórias Dogon previram esta migração para terras outrora chamadas "Mande" há centenas de anos.
Foto: Udo Lucio Borga
A profecia do regresso a casa cumpriu-se
Segundo a lenda, os Dogon são originalmente de "Mande", a região do povo Malinke. Entre os séculos XI e XIII, foram forçados a partir face à islamização da África Ocidental. Após uma longa migração, instalaram-se em torno da famosa falésia de Bandiagara, no que é hoje a região de Mopti. Agora, devido à ameaça jihadista, estão a regressar a casa.
Foto: Udo Lucio Borga
Mali, um conflito sem fim
Os caçadores de Dan Na Ambassagou são a principal milícia Dogon em Mopti. O conflito no Mali começou em 2012 e em 2016 alastrou-se para o centro do país. À medida que as tensões entre grupos étnicos aumentavam, formaram-se milícias de autodefesa. A violência é causada pela falta de terras férteis e de água numa área afetada pelo jihadismo.
Foto: Ugo Lucio Borga
As consequências do conflito
O Mali está a enfrentar uma grave crise humanitária em regiões já subdesenvolvidas. A insegurança alimentar afeta 1,3 milhões de pessoas. Cerca de 347.000 pessoas foram forçadas a fugir das suas terras. Muitas procuraram refúgio em países vizinhos, mas a maioria está deslocada internamente e refugiada no sul do Mali e em campos de refugiados próximos de áreas urbanas.
Foto: Ugo Lucio Borga
Os Dogon no conflito do Mali
Muitos Dogon estão diretamente envolvidos no conflito. Seidu Doungo lutou contra os Dan Na Ambassagou na região de Koro. Em 2020, abandonou as armas. A sua família foi ameaçada por jihadistas e ele já não conseguia uma fonte de rendimento. Quando Seidu ouviu falar de Nana Kenieba, decidiu deixar Koro para encontrar a paz em "Mande".
Foto: Ugo Lucio Borga
A hospitalidade local
Os Malinke são o grupo étnico maioritário em Nana Kenieba. Segou Keita é o chefe da aldeia e acolheu os Dogon que regressaram de acordo com a antiga profecia. A comunidade apoia-os financeiramente e inclui-os na tomada de decisões.
Foto: Udo Lucio Borga
Distribuição justa da terra
No alojamento principal de Nana Kenieba, Isaie Dignau mostra a alguns habitantes um mapa das parcelas de terreno. Desde 2016, cerca de 400 famílias Dogon, principalmente de Mopti, instalaram-se aqui. Cada família recebeu dois hectares de terra e alimentos.
Foto: Udo Lucio Borga
Uma comunidade secular
Os Dogon são uma comunidade secular, onde as pessoas são livres de professar o islamismo, o cristianismo ou crenças ancestrais. A aldeia tem duas mesquitas e duas igrejas, com correspondentes escolas corânicas e aulas de catecismo, sinal de um novo tempo de abertura.
Foto: Udo Lucio Borga
O medo ainda existe
O ambiente pacífico de "Mande" parece muito longe do conflito no Mali. Mas a comunidade vive com medo de que os jihadistas possam chegar e iniciar um conflito. Em Nana Kenieba, os habitantes organizaram patrulhas que mantêm os bandidos afastados por agora.