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Mali: Responsável político garante compromissos

Lusa | tm
5 de junho de 2021

Choguel Kokalla Maiga, apontado como próximo primeiro-ministro transitório do Mali, garantiu hoje (05.06) que o país respeitará os seus compromissos internacionais. Mas advertiu que "sanções" complicam a situação.

Mali | Choguel Kokalla Maiga
Choguel Kokalla Maiga, durante comício.Foto: Michele Cattani/AFP

"Respeitaremos os nossos compromissos internacionais que não sejam contrários aos interesses fundamentais do povo maliano", afirmou Choguel Kokalla Maiga, acrescentando num comício em Bamako que "não há compromissos internacionais conhecidos por todos que sejam fundamentalmente contra os interesses do Mali".

O apontado como próximo primeiro-ministro transitório do Mali advertiu entretanto que "sanções" complicam a situação, após Paris decidir suspender as operações militares conjuntas. 

Choguel Kokalla Maiga deverá ser nomeado pelo coronel Assimi Goita como primeiro-ministro de um Governo que deve preparar o regresso ao Governo civil dentro de nove meses.

Poderá ser nomeado após a tomada de posse de Assimi Goita - autor dos golpes de agosto do ano passado e de 24 de maio -, como Presidente, agendada para segunda-feira (07.06).

O coronel Assimi Goita.Foto: AP Photo/picture alliance

Político veterano

Maiga, um político veterano, falava um dia depois de a França ter anunciado a suspensão das operações conjuntas com o exército maliano após o segundo golpe de Estado no país em menos de um ano. 

A França exige garantias de que será nomeado um primeiro-ministro civil e que se realizarão eleições em fevereiro de 2022 para o regresso dos civis ao poder.

"Os compromissos que existem devem ser implementados no interesse exclusivo do Mali", disse Maiga, que defendeu "realismo e pragmatismo". Mas, sustentou, os malianos devem dizer "à comunidade internacional que o povo maliano conta com a sua compreensão".

"Invetivas, sanções e ameaças só irão complicar a situação", acrescentou, enquanto prestava homenagem aos soldados franceses mortos no Mali. "Temos de dizer aos nossos amigos: o nosso povo precisa de ser agarrado pela mão", sublinhou.

Chegada de Assimi Goita.Foto: Nicolas Remene/Le Pictorium/MAXPPP/dpa/picture alliance

Golpe de estado

Em 24 de maio, o coronel Assimi Goita, já autor de um primeiro golpe de Estado, em agosto de 2020, foi declarado presidente após destituir a dupla de civis que liderava o executivo desde então, o presidente Bah Ndaw e o primeiro-ministro Moctar Ouane.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) suspendeu o Mali dos seus órgãos e exigiu a nomeação de um novo primeiro-ministro civil, assim com a manutenção das eleições previstas para o início de 2022.

A União Africana (UA) e a França, parceiro-chave na luta contra o terrorismo com a sua força Barkhane de 5.100 homens, alinharam-se também com o posicionamento da CEDEAO.

Em 26 de maio, o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) emitiu uma condenação "firme" sobre os acontecimentos no Mali, mas sem sanções.

Nesta sexta-feira (04.06), o Banco Mundial suspendeu as suas operações financeiras no país após o golpe de Estado ocorrido no final de maio, anunciaram os serviços da instituição na capital, Bamako.

A decisão, segundo a mesma fonte, foi tomada "de acordo com a política do banco, aplicável a situações semelhantes" à que ocorreu no Mali.

Além da instabilidade política, o país também é alvo da violência.

Pelo menos 11 membros de uma comunidade tuaregue foram mortos nesta quinta-feira (03.06) por atacantes não identificados perto de Ménaka, no nordeste do país, avançou hoje (05.06) uma coligação de grupos armados pró-Bamako e uma autoridade local.

A violência que atinge este país do Sahel desde 2012 é multifacetada: ataques rebeldes ou bandidos e conflitos intercomunitários, aos quais se somam rivalidades entre grupos armados.

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