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Manuel dos Santos do PAIGC convocado pelo MP guineense

Braima Darame (Bissau) | Lusa
16 de maio de 2017

Ministério Público da Guiné-Bissau quer esclarecimentos sobre “a iminência de um golpe de Estado”, segundo declarações feitas por Manuel dos Santos do PAIGC.

Manuel dos Santos (Manecas), Mitglied der PAIGC
Manuel dos Santos com Amílcar Cabral (dir.) nas matas da Guiné (1972)Foto: casacomum.org/Documentos Amílcar Cabral

O histórico comandante de artilharia do PAIGC na luta contra o exército colonial português pela independência da Guiné e Cabo Verde, Manuel Santos, mais conhecido por "Manecas”, foi notificado a comparecer no Ministério Publico (MP), em Bissau, na próxima quinta-feira, dia 18 do corrente, pelas 14h, para prestar mais esclarecimentos sobre as suas declarações a um jornal português, ao qual afirmou que "a Guiné-Bissau poderá estar na iminência de um golpe de Estado", devido a prolongada crise política e institucional.

Aos microfones da DW-Africa, "Manecas” dos Santos, afirma que "quem não deve não teme”, ou seja, está disposto a enfrentar a justiça.

"Sou uma pessoa que anda sempre dentro da lei. Nunca infringe a Lei. É a minha opinião sobre a atual situação... ou será que não posso ter uma opinião? Estou na reserva há 40 anos e tenho amigos militares". "Manecas” alega que a sua entrevista está a ser politizada e deturpada.

"As pessoas estão a confundir as coisas. Quando digo que a Guiné-Bissau poderá estar na iminência de um golpe de Estado é porque estou a alertar para um caso que poderá  acontecer. Se quisesse  que acontecesse um golpe de Estado não denunciava a situação”, sublinhou.

"José Mário Vaz é um traidor", diz "Manecas"

manecas

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Nesta entrevista ao Diário de Noticias de Portugal, a 27 de abril, em Bissau, Manuel dos Santos disse que a PIDE (polícia política do regime de Salazar) foi responsável pelo assassinato de Amílcar Cabral, que o atual Presidente José Mário Vaz  é "um traidor", e que a Guiné-Bissau espera por um golpe de Estado "bom", para que as eleições sejam realizadas rapidamente. Recorde-es que devido à crise política e institucional vigente na Guiné-Bissau, há dois anos que o Parlamento não funciona.

Cassamá pede encontro com José Mário Vaz

O presidente do Parlamento da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, pediu um encontro ao chefe de Estado, José Mário Vaz, para analisar a aplicação do Acordo de Conacri, como exigido pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Segundo um comunicado da presidência do Parlamento guineenses, o encontro "visa criar um quadro prévio de desanuviamento do clima interinstitucional prevalecente de modo a permitir, com dignidade e responsabilidade subjacente à função dos titulares de órgãos de soberania, implementar o instrumento de Conacri, aceite e sufragado por todos, na firme convicção de consagrar soluções equilibradas, adequadas, inclusivas e duradouras para a estabilidade", acrescenta o comunicado.

O Acordo de Conacri, prevê a formação de um Governo consensual integrado por todos os partidos representados no Parlamento e a nomeação de um primeiro-ministro de consenso e da confiança do chefe de Estado. O prazo dado pela CEDEAO para o cumprimento do acordo termina no próximo dia 25 de maio.

Helicóptero desconhecidoDevido à fragilidade no sistema de controlo e vigilância no país, a situação parece estar a ser aproveitada pelos narcotraficantes para retomarem as suas atividades na Guiné-Bissau, referem os relatórios de instituições internacionais, nomeadamente a ONUDC (Escritório das Nações Unidas Contra Drogas e o Crime organizado) e a Interpol (polícia internacional), que apontam o recrudescer de tráfico de droga nalgumas zonas do interior profundo e nas ilhas do arquipélago dos Bijagós, embora o Governo diga o contrário, citando dados recolhidos pela Polícia Judiciária guineense.

Foto de arquivo: Apreensão de cocaina na Guiné-Bissau (2013)Foto: DW/B. Darame

O caso de um helicóptero de proveniência desconhecida e que aterrou no interior da Guiné-Bissau domina atualidade nesta terça-feira (16.05). As autoridades anunciaram que estão a investigar a aterragem, no domingo (14.05.), do aparelho numa estrada no sul da Guiné-Bissau, como nos conta o administrador de Quebo, Braima Djaló.

"Fui informado que aterrou um helicóptero em Mampatá, no domingo, sem saber do que se tratava. Uma viatura estava a espera do aparelho que pousou numa estrada alegando levar combustível. O facto criou pânico no seio da população. Ainda estamos a investigar o caso, tentanto localizar a viatura”.

 

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