Manica: Dois mortos no arranque da campanha eleitoral
Bernardo Jequete (Manica)
25 de setembro de 2018
Vítimas são membros e simpatizantes da FRELIMO que se encontravam a colar cartazes da campanha quando foram colhidos de surpresa por um carro. O acidente aconteceu em Chimoio.
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Para além das duas vítimas mortais, o atropelamento, desta terça-feira (25.09), deixou ainda quatro feridos graves e cinco ligeiros. Até ao momento não se sabe qual a proveniência da viatura ligeira que colheu todas as vítimas e que manchou desta forma o arranque do processo.
Ângela Jone, uma das vítimas internadas no hospital provincial de Chimoio, contou à DW África como tudo se sucedeu. "Estava a fazer campanha no centro hípico, a por papéis... já estava a descer para ir para casa, veio o carro e bateu-nos. Éramos cerca de 10 a 11 (pessoas)", contou.
Manica: Dois mortos no arranque da campanha eleitoral
Contactada, a Polícia da República de Moçambique em Manica, na pessoa do seu porta-voz Mateus Mindú, disse que o condutor do automóvel se pôs em fuga depois do sinistro, encontrando-se em parte incerta. Mateus Mindú garantiu que as investigações estão em curso. "Cerca das duas horas, registámos um caso de acidente de viação, que resultou em dois óbitos no local, cinco feridos ligeiros e quatro graves. Dos feridos, quatro encontram-se ainda internados e cinco já tiveram alta no Hospital Provincial", começou por dar conta o porta-voz da Polícia.
Segundo Mateus Mindú, ainda que o condutor esteja "em parte incerta", a Polícia tem em sua posse a carta de condução e o cartão de eleitor dele. "A campanha não deve ser tida como um momento sangrento mas sim de festa. E queria lançar um apelo a todos automobilistas para que respeitem as regras de trânsito para que casos similares não voltem a acontecer nas nossas estradas", acrescentou.
A porta-voz do Hospital Provincial de Chimoio, Lara de Melo, confirmou também que "deram entrada no serviço de urgência do Hospital Provincial de Chimoio, seis pacientes, vítimas de acidentes de viação. Desses, dois constituíram óbitos em menos de uma hora e quatro estão internados".
Lara de Melo avançou ainda que, das quatro pessoas que estão internadas, duas estão em estado grave, "na reanimação, uma com traumatismo crânio-encefálico grave e outra com fratura bilateral da tíbia. Partiu as costas". Um terceiro paciente, acrescentou a porta-voz do hospital, está estável e "internado na ortopedia, com uma fratura na tíbia". A quarta vítima internada está no "serviço de cirurgia com traumatismo crânio-encefálico ligeiro".
FRELIMO: angústia e preocupação
Por seu turno, o porta-voz da FRELIMO no comité da cidade, Francisco Tomo, disse que o incidente provocou, no seio dos camaradas, muita angústia e preocupação, na medida em que está a começar uma festa que vai culminar com a eleição do cabeça de lista para a cidade de Chimoio. "Não posso afirmar com exactidão ou com certeza, mas por trás disso pode haver qualquer interesse político e espero que o tempo venha a dizer alguma coisa sobre isso", destacou o porta-voz do partido FRELIMO na cidade de Chimoio.
Guerrilheiras da RENAMO aguardam paz e reintegração
A desmilitarização também se faz no feminino. As mulheres estão prontas para entregar as armas, assegura a Liga Feminina da RENAMO, e aguardam com expetativa a reintegração nas forças governamentais.
Foto: DW/M. Mueia
Na expetativa do acordo
Muitas mulheres na RENAMO são guerrilheiras e aguardam a sua reintegração social. Estão interessadas em entregar as armas e exercerem outras atividades profissionais. Esperam pelo acordo final entre as principais partes envolvidas no processo de deliberação, neste caso as bancadas parlamentares da RENAMO e A FRELIMO.
Foto: DW/Marcelino Mueia
O aguardado regresso à vida civil
Teresa Abdul, da província do Niassa, começou a combater quando tinha apenas 14 anos. Aguarda o desarmamento e o regresso à vida civil com muita expectativa. “Este processo é muito melhor. Temos muitas pessoas que passaram pela guerra, lutaram, mas até agora não estão a ser reintegradas nos seus lugares, é triste. Caso este processo ocorra, estaremos agradecidos porque todos estarão na linha”.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Luta de quase quatro décadas
As mulheres do maior partido da oposição comemoraram o 38º aniversário da criação da Liga Feminina a 5 de Julho de 2018. As celebrações a nível nacional tiveram lugar na província moçambicana da Zambézia, juntando representantes do partido oriundos maioritariamente das províncias.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Que se cumpra o acordo feito com Dhlakama
Albertina Naene, ex-guerrilheira, ingressou nas fileiras militares da RENAMO com apenas 13 anos. Hoje, com 46, apela ao Presidente para prosseguir com os acordos de cessação definitiva das hostilidades militares."O Governo da FRELIMO está a atrasar o processo. Deveria cumprir o que ficou acordado com o presidente Dhlakama. Queremos que aqueles nossos irmãos saiam para virem conviver connosco”.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Encontros para motivar e mobilizar apoiantes
A morte do líder da RENAMO não significa o fim do regime partidário. As autoridades políticas da RENAMO na província da Zambézia, têm mantido encontros constantes depois da morte de Afonso Dhlakama. Os encontros não visam apenas traçar planos de atividade para as delegações distritais e membros do partido, também servem para motivar os seus simpatizantes e eleitores.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Maria Inês Martins - presidente da Liga da Mulher da RENAMO
Para a presidente da Liga da Mulher da RENAMO, a integração dos guerrilheiros nas forças governamentais podia começar pelos que, depois dos acordos de paz de 1992, foram integrados e depois afastados “sem justa causa”. “Foram desmobilizados e despromovidos, a outros foram dadas reformas compulsivas. Esta seria uma prova de que o Presidente Nyusi está disponível para cumprir o que acordaram".
Foto: DW/M. Mueia
O desejo de uma vida em paz
Populares querem paz, para continuar a produzir comida, dizem as vendedeiras ao longo da estrada EN1 em Malei, distrito de Namacurra, na Zambézia. Apesar da zona não ter sido afetada pelo conflito no ano passado, algumas vendedeiras dizem que
temiam a situação. Dormiam em prontidão, com malas preparadas para abandonarem as suas casas, em caso de conflito.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Partido "envelhecido"
A RENAMO, continua a ser um partido político com muitos membros idosos. De acordo com o politólogo Ricardo Raboco, a derrota da RENAMO nos pleitos eleitorais está também associada a este fator. Mas o politólogo também opina que, em Moçambique, os mais velhos são mais fiéis à RENAMO e poucos emigram para outras formações políticas. E há cada vez mais idosos a filiar-se pela RENAMO.