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Queixas de violência doméstica contra homens sobem

21 de julho de 2020

O número de homens vítimas de violência doméstica aumentou durante o estado de emergência na província de Manica, no centro de Moçambique, com um recorde de 33 queixas nos últimos três meses. Há 83 queixas de mulheres.

Deutschland Symbolbild Häusliche Gewalt
Foto: picture alliance/dpa/M. Gambarini

A província de Manica, no centro de Moçambique, registou um recorde de 33 queixas de homens vítimas de violência doméstica nos últimos três meses, disse à Lusa fonte policial. 

Estatísticas do Gabinete de Atendimento à Mulher e Criança Vítimas de Violência Doméstica (GAMCVD) de Manica, ligada à Polícia, indicam que de 1 de abril a 30 de junho, 23 homens denunciaram tortura física, tendo oito deles sofrido ferimentos graves, quase o dobro do total do período homólogo de 2019. 

Outros oito homens sofreram violência psicológica e dois ficaram sem parte do seu património durante o segundo trimestre de 2020, que coincide com os primeiros três meses do estado de emergência, revelam dados do GAMCVD. 

"Os homens têm despertado interesse em denunciar este tipo de violência, até psicológica" disse à Lusa Mário Arnaça, porta-voz do comando provincial da Polícia da Republica de Moçambique (PRM) em Manica. 

Casos concretos

Mário Arnaça, porta-voz do comando da PRM em ManicaFoto: DW/Bernardo Jequete

No dia 23 de junho, um homem polígamo em Chimpengo, no interior do distrito de Mossurize, registou uma queixa na Polícia local por "agressão física", após sucessivos ataques por três das suas cinco esposas, que o acusavam de insistente "divisão imparcial" de recurso as famílias. 

Um outro homem na vila de Manica denunciou à Polícia um caso de tortura, a 18 de abril, após duas semanas de recorrentes agressões físicas por parte da mulher, que também o deixava dormir "encharcado" de água, nos intervalos das agressões. 

Vergonha de denunciar

Uma manifestação contra violência doméstica em 2017, MaputoFoto: privat

O último Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS), publicado em maio de 2013, concluiu que 72,5 por cento de homens vítimas de violação sexual em Manica não denunciaram a ocorrência às autoridades.  

O inquérito, conduzido entre maio e outubro de 2011, com uma cobertura de 1.195 agregados familiares em Manica (13.964 no país) indica que, do total dos homens alvo de agressão sexual, apenas 15,5% pediu ajuda, uma percentagem baixa justificada pela vergonha ou medo de nova violação, o que está próximo da média nacional e regional. 

7 em cada 10 denúncias são de mulheres

Contudo, o número de mulheres que sofreu violência doméstica durante o estado de emergência continuou superior ao dos homens, indicam os dados trimestrais do GAMCVD de Manica. 

Do total de 83 mulheres vitimas de violência domestica, 65 sofreram agressões físicas dos próprios maridos, tendo 21 delas sofrido lesões graves. Outras 11 mulheres sofreram violência psicológica e cinco violência patrimonial. 

"O número de mulheres que sofreu violência doméstica continua ainda maior se comparado com homens" explicou à Lusa Mário Arnaça, fazendo notar que, no geral, os casos de violência doméstica tendem a reduzir-se na província de Manica. 

O balanço trimestral do GAMCVD avança ainda que 13 crianças, com idades entre 13 e 15 anos, foram violadas por adultos, e outras 29 crianças foram forçadas a uniões prematuras. 

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