Plataforma SMS BIZ informa os jovens sobre saúde sexual
Bernardo Jequete (Manica)
29 de março de 2018
A plataforma SMS BIZ faz parte de um projeto que visa informar a população de maneira rápida e sigilosa. Usuários podem esclarecer suas dúvidas sobre saúde sexual e reprodutiva via mensagem de texto.
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O Governo moçambicano acaba de lançar na província de Manica a plataforma SMS BIZ. Um projeto que tem como objetivo a troca de informação sobre saúde sexual e reprodutiva, prevenção do HIV/SIDA, gravidez na adolescência, casamentos prematuros e violência de género.
Por meio desta nova plataforma, adolescentes e jovens podem fazer perguntas e ter acesso a informação sobre as diferentes temáticas. Letícia Paulino, estudante de 16 anos, elogia o programa, porque agora as dúvidas que as raparigas têm sobre saúde sexual e reprodutiva podem ser esclarecidas a tempo e horas. "As vantagens do programa Geração Biz são para tirar as dúvidas dos adolescentes sobre a saúde sexual e reprodutiva, sobre a gravidez precoce, sexo enquanto é criança ou jovem", explica.
O projeto insere-se num programa multissetorial de saúde sexual e reprodutiva para adolescentes e jovens, denominado Geração Biz, que aposta em estratégias de comunicação para mudar o comportamento dos mais novos.
Província de Manica inicia serviço SMS de informação sobre saúde sexual
Oportunidade para tirar dúvidas
Chirleid Esmeraldo Martinho, de 17 anos, espera que a plataforma ajude a reduzir o índice de adolescentes e jovens com HIV, além dos casamentos precoces e gravidezes indesejadas. "SMS BIZ é um programa criado pelo Governo, para dar os jovens a conhecer mais sobre a sua vida e saúde sexual e uma oportunidade para os jovens conversarem com um instrutor via sms. Podes fazer uma pergunta e rapidamente terás a resposta", explica.
O serviço permite que os jovens, que muitas vezes têm medo de falar com os pais sobre o assunto, tenham uma conversa privada com os instrutores. A identidade das pessoas que usam o serviço permanece em sigilo.
Em todo o país, mais de 140 mil adolescentes e jovens já aderiram ao serviço SMS BIZ, diz Sarmento Malahe, do Ministério da Juventude e Desportos. Até 2020, espera-se que mais de 400 mil adolescentes moçambicanos usem a plataforma.
"Esperamos que com este projeto reduzamos as gravidezes indesejadas, os casamentos precoces, o abandono da rapariga da escola por ter engravidado. Esperamos que reduzam as infeções de transmissão sexual e quiçá o próprio HIV/SIDA", explica Malahe. Ele ainda lembra que os casos de HIV/SIDA em Moçambique se concentram entre os jovens e adolescentes.
Francisca Muluana, secretária permanente provincial em Manica, acredita que o programa será muito benéfico. "Vão ser transmitidas várias informações via SMS. A mensagem de texto é grátis, não tem de pagar nada. Temos conselheiros para as questões que vão sendo colocadas e os jovens tem o direito a resposta, qualquer que seja a preocupação sobre a sua situação, o assédio sexual e outros fenómenos".
Kasensero: local de origem da SIDA
Quando a primeira epidemia de SIDA global aconteceu na aldeia de Kasensero no Uganda, muitos acreditavam que se tratava de bruxaria. Médicos identificaram a doença como vírus. Hoje, 33% dos habitantes são seropositivos.
Foto: DW/S. Schlindwein
Uma aldeia de pescadores
Kasensero é uma aldeia pequena e pobre situada na margem do Lago Vitória no distrito de Rakai no sul do Uganda na fronteira com a Tanzânia. Em 1982, a aldeia tornou-se famosa a nível mundial. Em apenas alguns dias morreram milhares de pessoas com uma doença desconhecida. O HIV já era conhecido nos EUA, na Tanzânia e no Congo. Mas uma epidemia com esta dimensão nunca tinha acontecido.
Foto: DW/S. Schlindwein
Milhares de pessoas morrem
Kasensero 1982: Thomas Migeero era a primeira vítima. Primeiro perdeu a fome e depois os cabelos. No fim ele só era pele e osso, se lembra o seu irmão Eddie: "Alguma coisa dentro dele comeu-lhe". Durante o funeral, o seu pai não se aproximou do caixão. Todo mundo acreditava numa maldição. Hoje sabemos: morreu de SIDA.
Foto: DW/S. Schlindwein
Uma cidade morta
Quando a doença começou a matar milhares de pessoas, os habitantes começaram a abandonar a cidade. As famílias que podiam partiram e deixaram os seus campos de milho, e os bovinos e caprinos. Até hoje, Kasensero parece uma cidade abandonada e morta. Só os mais pobres ficaram.
Foto: DW/S. Schlindwein
Como o vírus chegou a Kasensero
Presumivelmente o vírus chegou através das rodovias da África Oriental a Kasensero. Condutores de veículos pesados passam a noite nos postos fronteiriços de Kasensero. Muitos procuram prostitutas como esta mulher de 30 anos de vestido rosa, que gostaria não ser reconhecida. Conta que os homens pagam quatro vezes mais para o sexo sem preservativo. Ela não se importa, pois é seropositiva.
Foto: DW/S. Schlindwein
SIDA como normalidade
Joshua Katumba é seropositivo. O pescador de 23 anos nunca visitou uma escola e não sabe ler e escrever. Não tem uma perspetiva para um futuro melhor – como a maioria dos que vivem em Kasensero. Um terço dos habitantes estão infetados com o vírus da SIDA – um dos índices de contaminação pelo HIV mais altos do mundo.
Foto: DW/S. Schlindwein
Medicamentos grátis
Yoweri Museveni, o Presidente do Uganda, foi o primeiro presidente da África, que reconheceu a SIDA como uma doença. A seguir, o Uganda desenvolveu-se como modelo da luta contra a SIDA. Pesquisadores internacionais chegaram a Rakai. Subsídios foram distribuídos. No hospital da região, os doentes com HIV passam horas em fila para buscar os seus medicamentos: são grátis.
Foto: DW/S. Schlindwein
Violência sexual
Há cinco anos, que Judith Nakato é seropositiva. Provavelmente ela foi infetada quando foi estuprada e ficou grávida. Pouco antes do parto, os médicos perceberam que ela tinha o vírus e conseguiram evitar uma transmissão ao bebé. Todos os dias, Judith tem que tomar os seus medicamentos contra a SIDA.
Foto: DW/S. Schlindwein
Anti-retrovirais escassos
Desde que Judith Nakato começou a tomar os seus medicamentos, conseguiu voltar a trabalhar. Os comprimidos, chamados anti-retrovirais ou ARV, evitam que a SIDA se desenvolve totalmente. Os medicamentos são pagos pelo Fundo Global contra a SIDA. Mas Judith Nakato tem que deslocar-se a uma outra cidade a mais de cem quilómetros para receber a sua medicação, pois os medicamentos são escassos.
Foto: DW/S. Schlindwein
Pacientes estão moribundos
Olive Hasal de 50 anos emagreceu a pele e ossos. Ela respira com muito esforço e os olhos parecem cansados. Ela mostra o comprimido que está embrulhado num pano. "Este é o último", diz ela. Hasal já viu morrer o seu marido e as suas duas crianças. Ela sabe que ela também vai morrer se ninguém for buscar os medicamentos na capital do distrito que fica a 140 quilómetros de distância.
Foto: DW/S. Schlindwein
Modelo contra a luta de SIDA?
Uganda foi considerado modelo da luta contra a SIDA: grandes somas de dinheiro foram doadas pela comunidade internacional. No início com sucesso: os casos de infeções diminuíram em cerca de dois terços a partir de 1990. Mas nos últimos dez anos, o número das infeções aumentou novamente.
Foto: DW/S. Schlindwein
Testes clínicos e pesquisas
Desde as primeiras tentativas de terapias em 1996, os habitantes foram usados para estudos de longo prazo. Kasensero é o laboratório das pesquisas globais da SIDA. O resultado da pesquisa mais recente: homens circuncidados reduzem o risco de infeção em 70 %. O Uganda aposta agora na circuncisão masculina para reduzir a propagação do HIV-SIDA.