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Manifestantes enfrentam repressão policial na Etiópia

Merga Yonas / Birgit Morgenrath / Cristiane Vieira18 de dezembro de 2015

Os violentos confrontos entre membros da etnia oromo e a polícia em várias cidades etíopes duram há semanas e já fizeram vários mortos. Os protestos são contra um plano do Governo para expandir a capital, Addis Abeba.

Foto: DW/H. Kiesel

Os críticos dizem que o chamado "plano mestre" de expansão da capital não deve gerar infraestrutura e desenvolvimento, como o Governo promete, mas ameaça a soberania das comunidades oromo e irá expulsar os moradores das suas terras.

Só em novembro, 600 famílias foram deslocadas na pequena cidade Sulutla, a 26 quilómetros de Addis Abeba, diz um agricultor etíope que prefere não ser identificado. As terras confiscadas destinam-se à construção de uma fábrica. Não houve compensação e, até agora, os deslocados não têm para onde ir.

Merera Gudina, presidente do Congresso Federalista OromoFoto: DW/Y.Egziabhare

Há anos que muitos oromo sentem que os seus direitos estão ameaçados, embora de acordo com a Constituição o Governo esteja comprometido com o "federalismo étnico".

Embora o povo oromo seja o grupo étnico mais numeroso da Etiópia, os governos sempre estiveram nas mãos de outros grupos. Toda a região está sob administração militar, diz Merera Gudina, presidente do Congresso Federalista oromo, um partido da oposição que representa o grupo étnico.

"Milhares de soldados foram enviados à região, especialmente a escolas e universidades em áreas remotas. O Governo está a recorrer à força", sublinha.

Repressão violenta

O Governo respondeu com violência aos protestos dos oromos. Segundo Merera Gudina, mais de 60 pessoas foram mortas. A organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional fala em 40 mortos e o Governo em cinco. Ainda segundo a Amnistia, pelo menos cinco mil oromos foram presos, sem acusação ou julgamento, ou mortos sob custódia, entre 2011 e 2014.

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O porta-voz do Governo atíope, Getachew Reda, disse à agência de notícias AFP, na quarta-feira (16.12), que as "manifestações pacíficas" escalaram para a violência e que os manifestantes aterrorizam civis.

Merera Gudina defende, no entanto, que é o exército quem aterroriza a população. Milhões estariam em fuga para os países vizinhos, Djibuti e Quénia.

No entanto, o partido promete continuar os protestos pacíficos. Já escreveram cartas às autoridades, ao primeiro-ministro e ao Parlamento, mas até agora não obtiveram resposta.

Na Etiópia, onde os meios de comunicação são controlados pelo Governo, pouco se reporta sobre os protestos. É por isso que os manifestantes oromo agora usam cada vez mais as redes sociais, onde têm exibido, por exemplo, fotos chocantes de estudantes mortos.

"Penso que a comunidade internacional, especialmente os americanos e os alemães, estão apenas a assistir, enquanto as crianças são mortas pelo ditador [Haile Máriam Desálegn], critica o presidente do Congresso Federalista Oromo, que apela ao Ocidente para "fazer pressão sobre o Governo etíope".

O povo oromo é o maior grupo étnico da EtiópiaFoto: Getty Images/AFP/C. de Souza
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