Manuel de Araújo não vai concorrer pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM) nas eleições de 10 de outubro. Imprensa local diz que o edil de Quelimane será o cabeça de lista da RENAMO.
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Manuel de Araújo não vai concorrer como cabeça de lista do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) ao município de Quelimane, nas autárquicas marcadas para 10 de outubro. O autarca enviou uma carta de renúncia ao delegado do partido na cidade, Listano Evaristo.
"Estávamos a planificar levar o presidente Araújo a comícios e encontros. Agora, se recebemos este documento, estamos com bocas fechadas. Quando morre alguém em casa, as pessoas ficam muito tempo a procurar sítio onde enterrar", comentou Listano Evaristo
O MDM reuniu-se esta quinta-feira (19.07) de emergência para analisar a situação.
"Posicionamentos incoerentes"
Na carta que enviou ao delegado do partido na cidade, Araújo disse que a sua decisão se devia a "posicionamentos incoerentes" com os estatutos do MDM por parte de quadros do partido e a "acontecimentos ocorridos nas últimas sessões da Assembleia Municipal" de Quelimane.
Reportagem do correspondente da DW em Quelimane
A última sessão, na terça-feira (17.07), terá sido a gota de água. Manuel de Araújo entrou em rota de colisão com o presidente da assembleia, Domingos de Albuquerque, também do MDM, devido ao adiamento de uma votação sobre o nome de uma biblioteca.
A DW África tentou contactar Manuel de Araújo, sem sucesso.
Mudança para a RENAMO?
A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), maior partido da oposição moçambicana, anunciou quinta-feira de manhã os nomes dos cabeça de lista que vão concorrer a cinco autarquias na província da Zambézia, mas não se pronunciou sobre Quelimane.
No entanto, alguns jornais moçambicanos avançam que Manuel de Araújo irá concorrer pela RENAMO nas próximas eleições autárquicas. "A RENAMO chamou de volta o seu antigo membro Manuel de Araújo para ser cabeça de lista para as eleições de 10 de outubro próximo", escreve o Diário da Zambézia.
O jornal Txopela também dá como confirmado que o edil será o "candidato da RENAMO para o município de Quelimane" e adianta que o dirigente será apresentado oficialmente pelo principal da oposição na sexta-feira (20.07).
Mais uma baixa no MDM
O MDM perde, assim, mais um membro sénior, depois da saída de Venâncio Mondlane, que era deputado do terceiro maior partido do país, e que na terça-feira (17.07) foi apresentado à comunicação social pelo secretário-geral da RENAMO, Manuel Bissopo, como membro do principal partido da oposição.
"Sei que alguns quadros aqui hoje faziam parte de estruturas relevantes do outro lado [outros partidos], mas quero sinceramente dizê-los que entraram na casa certa", disse Bissopo.
A mudança de Venâncio Mondlane para a RENAMO acontece numa altura em que faltam menos de três meses para a realização das eleições autárquicas.
No final de junho, Venâncio Mondlane renunciou ao seu mandato como deputado no Parlamento pelo MDM, alegando "incompatibilidade e constrangimentos" no exercício da sua função.
Escolas e material degradado na Zambézia
Para além da sobrelotação, há várias escolas sem condições na província da Zambézia, no centro de Moçambique. As infraestruturas encontram-se deterioradas e há falta de material escolar.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária de Nacogolone
Aqui as crianças estudam debaixo das árvores, estando as aulas dependentes da meteorologia. A maior parte das crianças que estuda nesta escola foi vítima das cheias de 2015, tendo as suas famílias sido reassentadas nas proximidades do bairro Nacogolone. Foram já várias as iniciativas que surgiram no bairro para a reconstrução de salas convencionais, mas a falta de recursos não as deixou avançar.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária de Mutange
As salas de aula desta escola, localizada a 15 quilómetros do extremo sul da vila sede do distrito de Namacurra, foram construídas com material convencional. No entanto, estão deterioradas. As secretárias escolares e o material didático para os professores estão em más condições e os assentos são trazidos e levados pelos alunos todos os dias de e para as suas casas.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária 17 de Setembro
Embora se localize na capital da província, as condições desta escola estão muito abaixo das expetativas. Algumas paredes estão corroídas, outras parcialmente destruídas. O mesmo acontece com as carteiras escolares. O teto está deteriorado, o que constitui um perigo para os alunos. A direção da escola recebeu cerca de 200 mil meticais, mas diz não ser suficiente para reabilitar toda a estrutura.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária de Quelimane
Localizada no centro, em frente ao edifício do Governo da Província da Zambézia, é umas das escolas mais privilegiadas da cidade. Tem condições favoráveis e adequadas ao ensino e à aprendizagem, possuindo até uma sala de conferências. É a mais antiga escola primária - no tempo colonial, era frequentada pelos filhos dos colonos e filhos de negros assimilados.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Comunitária Mártires de Inhassunge
Fundada pela congregação religiosa Padres Capuchinhos, a Escola Comunitária Mártires de Inhassunge acolhe alunos do 1º ao 10º ano e é muito frequentada por pessoas carenciadas e órfãs. Apesar de ter dificuldades no acesso ao fundo de apoio direto às escolas, a instituição conta com infraestruturas adequadas e salas de aula equipadas com carteiras. Uma realidade diferente das escolas públicas.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Secundária Geral de Sangarriveira
Integrando alunos da 8ª à 12ª classe, esta escola, que começou a funcionar em 2013, apresenta já rachas nas paredes, janelas partidas e chão degradado. A diretora Paulina Alamo afirma que as obras não obedeceram ao que estava estabelecido. A dimensão das salas é pequena para a quantidade de alunos existente. Há estudantes que têm de se sentar no chão.
Foto: DW/M. Mueia
Escola Primária e Completa de Wazemba
O problema alastra-se também aos professores. Os gabinetes dos diretores e gestores das escolas localizadas em sítios mais distantes das vilas e postos administrativos estão em péssimas condições. Exemplo disso é a Escola Primária e Completa de Wazemba, no distrito de Namacurra. No gabinete do diretor, há atlas geográficos pendurados nas paredes feitas de material de construção local.
Foto: DW/M. Mueia
Pais, alunos e professores garantem manutenção
A estrutura externa do gabinete do diretor da Escola Primária de Wazemba foi construído com materiais locais - paus e folhas de coqueiro para cobrir o teto. As paredes são revestidas por lama. Em muitas outras infraestruturas escolares semelhantes a esta, a reabilitação é garantida pelos próprios alunos, encarregados de educação, lideres comunitários e professores.
Foto: DW/M. Mueia
Governo conhece situação
Carlos Baptista Carneiro, administrador de Quelimane, garante que a reabilitação das escolas e a compra de carteiras escolares está dependente da disponibilidade de fundos, pelo que não será possível reabilitar todas as escolas da cidade ao mesmo tempo. Segundo o administrador, o número das instituições de ensino que aguardam reabilitação é grande e o Governo tem conhecimento da situação.