Está a virar polémica a notícia da alegada desistência de Manuel Rodrigues, cabeça-de-lista da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) ao município de Nampula nas autárquicas de 11 de outubro.

As primeiras informações foram divulgadas no sábado passado pelo Boletim Informativo da organização não-governamental Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD), que avançava que o cabeça-de-lista teria desistido e que comunicara oficialmente a decisão aos órgãos do partido.

De lá para cá, a notícia viralizou nas redes sociais. Os membros e simpatizantes do partido ainda não têm uma comunicação oficial, porque o partido não se pronunciou publicamente até ao momento.

FRELIMO diz desconhecer intenção

Contactada pela DW, Elisabeth Faquirá, secretária provincial de Mobilização e Organizações Sociais da FRELIMO, disse que o partido localmente desconhece a intenção, por não ter sido oficialmente informado da desistência Manuel Rodrigues da posição de cabeça de lista.

"Não tenho informação dessa confirmação [de renúncia oficial]. Assim que estou a dizer que não tenho informação é porque não vi e não posso dizer nada em relação a este assunto. Talvez como hoje [31.08] vamos receber o membro da Comissão Política do partido pode trazer essa informação oficialmente, mas ao nível interno até agora não temos confirmação dessa informação."

Sem detalhes e com poucas palavras, o cabeça de lista do partido FRELIMO para a autarquia de Nampula, que também é governador da província, Manuel Rodrigues, não desmente nem confirma a sua desistência.

"Eu estou a ouvir de si agora. E vou comentar uma coisa que estou a ouvir de si?", disse à DW.

Haverá um substituto à altura?

A confirmar-se a desistência, a FRELIMO terá um substituto à altura de disputar e vencer as eleições em Nampula? "Havendo a confirmação eu acredito que a direção [ do partido] vai sentar e dar a prossecução do assunto", responde Elisabeth Faquirá.

António Mutoua, diretor da Solidariedade Moçambique, uma organização nacional que trabalha na transparência, boa governação e defesa dos recursos minerais, considera que, se se confirmar, a notícia atesta que Rodrigues terá sido forçado a assumir a posição de cabeça de lista.

"A ser verdade, significa que não houve um trabalho de fundo dentro do partido FRELIMO, porque olhando para a suposta votação de 100% dentro do partido FRELIMO, significa que não era eleição e era indicação, e na democracia não funciona isso.", diz.

António Mutoua saúda a alegada intenção de Rodrigues, em respeito do povo que o elegeu governador de Nampula, nas eleições de 2019 para um mandato que termina em janeiro de 2025. "O Manuel Rodrigues é muito maduro o suficiente, ele tem um compromisso e o compromisso dele com a população de Nampula não terminou", frisa.

Além de Manuel Rodrigues, são cabeças de listas nos municípios da Matola e Beira, sul e centro do país, Júlio Parruque e Stela Zeca, governador e secretária de Estado, respetivamente.