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Maputo a meio gás no primeiro de 7 dias de protestos

Silaide Mutemba (Maputo)
31 de outubro de 2024

Hoje foi o primeiro de sete dias de greve e protestos em Moçambique, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane. Polícia apela ao partido PODEMOS, que apoia Mondlane, para cooperar.

Protestos em Maputo contra a fraude eleitoral e os assassinatos de dois apoiantes do candidato Venâncio Mondlane, a 21 de outubro de 2024
(foto de arquivo)Foto: Siphiwe Sibeko/REUTERS

Maputo parecia uma cidade-fantasma esta quinta-feira. No município da Matola, registava-se cenário idêntico.

Atividades comerciais, escolares e laborais foram suspensas depois do candidato presidencial Venâncio Mondlane ter convocado sete dias de greve e protestos, a partir de 31 de outubro. Para 7 de novembro está prevista uma grande manifestação em Maputo, em que Mondlane espera que participem 4 milhões de pessoas.

Um grupo de apoiantes de Mondlane já marchou hoje na capital, contra a fraude. A polícia dispersou o protesto com gás lacrimogéneo.

Ao todo, na semana passada, houve 58 manifestações, das quais 38 classificadas como "muito violentas", informou hoje o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael. 36 agentes ficaram feridos.

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Bernardino Rafael acusou os líderes políticos de incitarem à violência: "Os partidários começaram a perder o controlo dos pronunciamentos e esses pronunciamentos propiciaram a alteração da ordem e segurança pública na convocação de algumas manifestações violentas".

Manifestantes mortos pela polícia

O comandante-geral da PRM encontrou-se hoje com Albino Forquilha, presidente do Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), que apoiou a candidatura presidencial de Mondlane nas eleições de 9 de outubro.

Em declarações aos jornalistas, Forquilha frisou que não foram só agentes da polícia que ficaram feridos nos últimos dias. 11 civis morreram, baleados por agentes policiais. Além disso, "há centenas em cadeias que foram detidos a protestarem sem armas, e isto é que não fica muito bem no processo todo."

Apesar das acusações de incitamento à violência, para Albino Forquilha, o contexto dos protestos é claro: "Nós estamos a lutar pela justiça. Se o povo votou em nós, as instituições da Justiça devem respeitar este voto.

"Esta é a luta que temos. E é uma luta para libertar a polícia também", acrescentou o presidente do PODEMOS.

Polícia pede a PODEMOS para cooperar

O comandante-geral da PRM pediu ao partido para cooperar com a polícia, de modo a reduzir os confrontos entre as duas alas.

"Queremos que nos ajude para que, no caso de requerer uma manifestação, seja realmente pacífica, que nos chame e que possamos vos acompanhar", disse Bernardino Rafael.

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Patrulhas da Unidade de Intervenção Rápida da polícia mantêm uma presença ostensiva em pontos estratégicos da cidade de Maputo.

Ao contrário do que ocorreu nos protestos da última quinta-feira (24.10), dia em que a Comissão Nacional de Eleições divulgou os resultados eleitorais, que a oposição considera fraudulentos, a situação tem-se mantido controlada, apenas com focos de manifestação em algumas zonas.

Em nota, o candidato presidencial Venâncio Mondlane reforçou o compromisso de continuar os protestos até que a "verdade eleitoral" seja restabelecida.

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