Em Moçambique, está instalado um duelo de forças entre os municípios de Maputo e Matola e os vendedores informais. Após vários avisos, edilidades estão a remover os informais dos passeios, ruas e avenidas.
Publicidade
No turbulento e perigoso mercado informal Estrela Vermelha, no centro de Maputo, onde quase todos os produtos de origem suspeita são vendidos, os informais viram as bancas de negócio removidas dos passeios. A ação está igualmente a ser levada a cabo no mercado Museu, na zona nobre da capital, bem como na baixa e nos mercados do município da Matola.
É uma operação que, aos poucos, está a dar às duas autarquias um novo rosto. Mas os informais contestam a medida, queixando-se que não estão a ser enviados para novos espaços com condições para exercer o seu negócio.
"Primeiro, era preciso preparar o lugar para, depois, tirar essas pessoas daqui", comentou um vendedor.
Falta de espaço para comércio
Em Maputo e Matola, há escassez de espaços para acolher toda a gente, com bancas próprias e balneários. No entanto, o presidente do Conselho Autárquico de Maputo, Eneas Comiche, garante que está a criar condições para que os vendedores possam continuar a trabalhar.
"Estamos a criar condições para que possam ser alojados [em] novos espaços. Também temos um novo plano de desenvolvimento do município, que consiste na criação de novos mercados e a reabilitação dos existentes. Mas isso não acontece da noite para o dia", disse Comiche em declarações à imprensa.
Parceria com Faculdade de Arquitetura
O presidente do município da Matola, Calisto Cossa, também assegura que serão criadas condições para que os informais exerçam o comércio em locais condignos.
"Nós temos três postos administrativos onde temos mercados maiores, que albergam todas as pessoas. Alias, é interessante verificar que os vendedores que estão lá exigem-nos que falemos com os que estão há bastante tempo fora dos mercados, para ocuparem as bancas existentes no interior."
Em entrevista ao canal televisivo STV, o economista moçambicano, João Feijó, sugeriu que se organize o comércio informal e que se faça uma parceria com a Faculdade de Arquitetura da Universidade Eduardo Mondlane para criar novos locais para os informais venderem os seus produtos, com "bancas à medida para aquelas zonas" e "balneários urbanos, organizando os vendedores de forma a pagar uma taxa municipal."
Em fevereiro deste ano, os vendedores informais entraram em confronto com a polícia quando foram retirados dos passeios da baixa da capital.
Maputo tenta reorganizar comércio informal
As autoridades da capital moçambicana e da província de Maputo estão a remover os vendedores ambulantes dos passeios e a instalar o comércio informal nos mercados. Mas muitos resistem.
Foto: DW/R. da Silva
Vendedores informais são retirados das ruas
Na cidade de Maputo e nas sedes distritais da província, muitos vendedores informais foram colocados dentro dos mercados. O comércio nos passeios está a diminuir. Algumas avenidas na baixa Maputo costumavam ser tomadas pelo comércio informal, o que inviabilizava a circulação. Mas, com a ação da polícia, os carros agora ocupam os passeios.
Foto: DW/R. da Silva
Comércio local é reorganizado
Alguns locais da cidade de Maputo ainda continuam sob a alçada dos informais. O município de Maputo tenta reorganizar o comércio informal na tentativa de evitar que estes produzam mais lixo, joguem água no asfalto, entre outras práticas. Nesta imagem, uma mulher está a lavar os seus pertences jogando água suja no chão.
Foto: DW/R. da Silva
Os vendedores ambulantes resistem
Na saga da edilidade para retirar os informais das ruas da capital moçambicana e arredores, os ambulantes ainda resistem por causa da natureza do seu negócio. Os vendedores continuam a exercer as suas atividades nas ruas e escondem o produto, tirando apenas quando querem mostrar ao cliente.
Foto: DW/R. da Silva
Os vendedores ambulantes resistem
Na saga da edilidade para retirar os informais das ruas da capital moçambicana e arredores, os ambulantes ainda resistem por causa da natureza do seu negócio. Os vendedores continuam a exercer as suas atividades nas ruas e escondem o produto, tirando apenas quando querem mostrar ao cliente.
Foto: DW/R. da Silva
Falta de espaço nos mercados
As mulheres ocupam o todo do comércio informal na capital Maputo. Com a ordem de deixarem os passeios, as vendedoras afirmam que a medida é boa, mas queixam-se da falta de outros espaços nos mercados. "Quando o município nos tirar daqui para o mercado, haverá confusão, porque não vamos caber", queixam-se estas três mulheres.
Foto: DW/R. da Silva
A caça pelos clientes
Muitos informais preferem estar fora do mercado para encontrar mais clientes, numa corrida em que os que perdem são aqueles que estão dentro dos mercados. É por isso mesmo que todos querem os passeios, porque são nestes locais de muito movimento de pessoas que procuram vender os seus produtos.
Foto: DW/R. da Silva
"Prefiro estar aqui no passeio"
Gilda Mário diz que já esteve a vender no interior do mercado de Polana Caniço, mas a diferença está na avalanche de clientes. "Os meus produtos chegaram a apodrecer por falta de clientes. Mesmo agora que as pessoas estão em casa por causa da Covid-19 eu faço algum dinheiro para poder dar de comer às crianças", afirma.
Foto: DW/R. da Silva
Informais querem espaços adequados
Rita e Celeste dizem-se felizes por venderem no passeio da avenida Julius Nyerere, no mercado informal de Xikeleni. Estas moçambicanas consideram a atitude do município injusta, porque não mostra os locais onde podem caber todos os informais. "Enquanto todos estivermos aqui, dificilmente alguns irão aos mercados. Tem de ser todos e num único espaço", afirmam.
Foto: DW/R. da Silva
Barracas vazias
Estas barracas construídas para os informais pelo município de Maputo estão abandonadas, porque os vendedores preferem ir à rua para estar perto dos clientes. Estas bancas só voltam a ser ocupadas quando a polícia municipal atua de forma severa.
Foto: DW/R. da Silva
Perdidos na periferia
São muitos os mercados nos bairros na periferia de Maputo, que estão vazios. Este espaço em Laulane, a 7 quilómetros da capital, está reservado para os informais que ocupavam os passeios da baixa de Maputo. Muitos vendedores saem destes bairros para exercer o comércio na baixa. Por isso, quase todos os bairros têm mercados que podem evitar deslocações de informais para longe da sua jurisdição.
Foto: DW/R. da Silva
Praia sem vendedores informais
Esta é a zona da praia da Costa do Sol. Devido à pandemia, o Governo proibiu a venda informal nesta zona para evitar aglomerados. O município de Maputo está a ser criticado pela forma como está a tratar os informais. Mas a ideia é encontrar novas formas para dar uma outra beleza à praia da Costa do Sol. Os informais desta zona da praia vão ser colocados ao lado do mercado do Peixe.
Foto: DW/R. da Silva
Ruas livres
Na sede distrital de Magude, a 160 quilómetros do centro de Maputo, os informais estão a obedecer as ordens das autoridades. Os vendedores livraram os passeios e todos foram ao mercado. Os táxis que tinham que disputar os espaços com os informais estão a exercer a sua atividade sem riscos.
Foto: DW/R. da Silva
Comércio reorganiza-se
Este é o mercado da vila sede do distrito de Marracuene, a 30 quilómetros de Maputo. Dentro do mercado, estão alguns informais que foram retirados da EN1, que liga o sul ao norte de Moçambique, para reorganizar o comércio na vila.