Designers e criativos de várias áreas estão na capital moçambicana para exibir novas ideias. O objetivo da segunda edição do “Maputo Fast Forward” é estimular a inovação, mas também chegar mais perto do mercado.
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A inovação e criatividade nas várias artes visuais estão a colocar Maputo na rota da revolução tecnológica. É por isso que criativos e investigadores de várias áreas se reúnem pelo segundo ano consecutivo na capital de Moçambique com a oportunidade de exibir os seus conhecimentos artísticos na Era digital.
O moçambicano João Rocho expôs a sua obra-prima, a "Bits Maputo entre Acácias”, um projeto audiovisual composto por 20 fotomontagens. "Há alguns anos começámos um projeto chamando ‘Anima', que é um estúdio criativo. Eu pessoalmente trabalho na área do design. A minha apresentação é sobre a conjuntura económica mundial, num certo sistema de dependência criado entre o Norte e Sul”, explica.
"Será basicamente uma proposta de um cenário possível e especulativo de emancipação dessa dependência através da arte, design e criatividade”, comenta o criativo.
Investir nas tradições
A imaginação levou o artista moçambicano Tavares Cebola a investir e escrutinar a tradição da oralidade em África. "As oportunidades que o áudio oferece para a reprodução e para a divulgação de conteúdos são variadas. Vou associar isso à tradição oral em África, com particular interesse para Moçambique e vou juntar a literacia e outras questões”, sugere.
Maputo Fast Forward - MP3-Mono
O contacto entre artistas permite traçar novas narrativas e expressar novas rotas, com a possibilidade de pensar em novos projetos e exposições. É por isso que Luís Teixeira, programador cultural português que foi responsável pela programação da fundação artística Culturgest, leva ao festival novas perspetivas na área das indústrias criativas.
"O que nós fazemos é dotarmos jovens criadores. que são bons sob ponto de vista da criação. de noções básicas sobre como podem pegar nas suas ideias e levá-los até ao mercado. Quer seja em projetos mais empresariais, quer seja em projetos culturais. Uma das ferramentas que está ao dispor é o 'crowdfunding'. São plataformas electrónicas que permitem às pessoas procurarem verbas para financiar os seus projetos”, esclarece o português.
Moçambique como ecossistema cultural
Raquel Nobre, uma das organizadoras do evento, salienta o que o "Maputo Fast Forward” pretende levar o país mais longe. "Primeiro [queremos] estimular a criatividade e inovação em diversas áreas, seja na arte, cultura, tecnologia, arquitetura, design e por aí em diante… O segundo objetivo é estimular e desenvolver ações de formação no sentido de constituir em Moçambique um verdadeiro ecossistema cultural e criativo", diz.
O “Maputo Fast Forward” decorre na capital de Moçambicana de 15 de novembro a 16 de dezembro. Durante os cerca de 30 dias haverá exposições, debates sobre o processo artístico e criativo e oficinas sobre projetos culturais de várias áreas artistas.
Homenagem fotográfica aos albinos moçambicanos
Da autoria do fotógrafo brasileiro Davy Alexandrisky, a mostra "Preto Branco" é composta por 45 fotos e abriu ao público no início de agosto no Centro Cultural Brasil-Moçambique, em Maputo. Uma celebração das diferenças.
Foto: D. Alexandrisky
Celebração das diferenças
As fotos foram recolhidas em Moçambique pelo fotógrafo e artista visual brasileiro Davy Alexandrisky. A exposição procura mostrar o quotidiano dos albinos no trabalho, nos momentos de lazer e na vida privada, e sensibilizar para a luta pelos seus direitos. "A exposição é a celebração da vida plena a partir das diferenças", afirma Alexandrisky.
Foto: L. C. Matias
"Somos todos iguais"
Segundo Milton Munjovo, vice-presidente da Associação Amor à Vida, parceira do projeto, a principal mensagem que se pretende transmitir é de igualdade entre todos, respeito pelos direitos e dignidade de cada um. Munjovo defende a implementação de medidas de proteção dos albinas, como o acesso à educação, saúde e emprego, para melhorar a condição destas pessoas.
Foto: L. C. Matias
Afetos sem fronteiras
O amor, o carinho e o afeto ao próximo são marcas dominantes nestas fotos. "Homens e mulheres, negros e negras, não deixam de o ser por falta de melanina no organismo", escreve o autor da exposição.
Foto: L. C. Matias
Sensibilizar para os direitos dos albinos
Visitantes posam ao lado das fotografias no Centro Cultural Brasil-Moçambique, num gesto de empatia e cumplicidade com a causa. Em alguns países africanos, há registo de raptos e assassinatos de pessoas albinas, praticados por indivíduos que acreditam que poções ou amuletos produzidos a partir de partes do seu corpo têm poderes mágicos.
Foto: L. C. Matias
Pele diferente, hábitos iguais
Em Maputo, o local da exposição, uma jovem albina recorre a um serviço ambulante de estética para envernizar as unhas. O objectivo da mostra é precisamente demonstrar que os albinos são iguais aos outros seres humanos, apesar de necessitarem de uma atenção especial para proteger a vista e a pele da radiação solar.
Foto: Davy Alexandrisky
Poses espontâneas
As 45 fotografias que compõem a exposição "Preto Branco" foram captadas espontaneamente. Cada um posou ao seu gosto, de acordo com o autor Davy Alexandrisky. Na imagem, um par de jovens - ela albina, ele não - distribui música e sorrisos.
Foto: D. Alexandrisky
Menos casos de raptos
Não tem havido raptos e assassinatos de albinos nos últimos tempos, contrariamente ao terror que se vivia nesta altura em 2016, afirma Milton Munjovo, vice-presidente da Associação Amor à Vida. Munjovo estima que se tenham registado 20 casos de raptos nos primeiros sete meses deste ano, contra cerca de 50 em igual período no ano passado.
Foto: D. Alexandrisky
Luta pelos direitos dos albinos
Moçambique tem cerca de 20 mil pessoas albinas, segundo dados oficiais. Estima-se que, deste número, 70% sejam crianças, adolescentes e jovens. A maior parte dos albinos vêm de famílias carenciadas e são vulneráveis. O país celebrou pela primeira vez o Dia Mundial de Consciencialização do Albinismo em 2016 e aprovou um plano para combater a violência contra a pessoa albina.
Foto: Davy Alexandrisky
"Delicadeza impressionante"
Mussagy Jeichande, um dos visitantes, diz que a exposição consegue sensibilizar para o drama que os albinos sofrem em pleno século XXI. Considera que o fotógrafo conseguiu trazer a grande realidade de que o albino é um ser humano como qualquer outro. "A exposição revela, com profundidade, a sensibilidade do albino, do ponto de vista estético, de harmonia e da sensibilidade humana", afirma.