Governo moçambicano ainda contabiliza número total de vítimas. Até agora são 12 mortos e 117 feridos. Hospital Central de Maputo atende a maioria das pessoas.
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Pelo menos 12 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas após a tempestade que atingiu na tarde da última segunda-feria (24.10) Maputo, a capital de Moçambique, e que também provocou vários danos materiais, informou o Governo moçambicano nesta quarta-feira (26.10).
De acordo com as autoriodades, o temporal, acompanhado de ventos fortes e granizo, pegou de surpresa os moradores da capital e da província de Maputo, no sul do país.
Conforme a última avaliação oficial, 12 pessoas morreram e 117 estão feridas após o temporal, que destruiu 522 casas, 17 escolas, 12 hospitais e derrubou vários postes.
A maioria das vítimas da tempestade foi encaminhada para o Hospital Central de Maputo, onde ainda contabilizam o número total de pessoas atingidas.
Temporal pode atingir ourtas regiões
Em entrevista à DW África nesta terça-feira (25.10), o Insituto de Metereologia de Moçambique afirmou que a tempestade poderá acontecer novamente, desta vez em Inhambane, também no sul, e nas províncias de Manice e Sofala, na região central do país.
"Prevemos que este sistema se desloque para a região centro do país, concretamente em Manica e Sofala. A província de Inhambane, no sul, também será influenciada pelo fenómeno. Os efeitos desse sistema será igual ao que verificamos na cidade de Maputo. Estamos a falar de aguaceiros acompanhados de trovoadas e ventos fortes”, alertou o meterologista Telmo Sumila.
Mudanças climáticas: motivo de mais chuvas e inundações na Beira
A Beira está ameaçada pelas alterações climáticas. A segunda maior cidade de Moçambique tem de se adaptar, já que as inundações são cada vez mais frequentes. Para isso, conta com o apoio da Alemanha.
Foto: DW/J. Beck
A força do mar
O quebra-mar destruído no bairro das Palmeiras mostra a força das ondas do Oceano Índico, na costa da Beira, a segunda maior cidade de Moçambique. Mesmo em condições normais, o nível do mar varia sete metros entre maré baixa e maré alta. Quando há ciclones e ondas criadas por tempestades, essa diferença é ainda maior. E as mudanças climáticas elevam ainda mais o nível do mar.
Foto: DW/J. Beck
Bairros inteiros ameaçados
Alguns bairros da cidade da Beira já estão tão perto do mar que algumas casas já nem podem ser habitadas. É o que acontece em Ponta-Gêa e Praia Nova. As residências já foram parcialmente destruídas pelas ondas. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), o nível do mar deverá subir de 40 a 80 centímetros até 2100.
Foto: DW/A. Sebastiao
Aposta na proteção
Novos canais e mais cancelas, como aqui no bairro das Palmeiras, deverão proteger a Beira de inundações nas partes baixas da cidade. Em caso de chuvas fortes, a cancela abre-se e auxilia na drenagem da água. Até agora, a água das chuvas ficava acumulada - por vezes durante semanas. Um local ideal para a reprodução dos mosquitos transmissores de malária.
Foto: DW/J. Beck
Centro da cidade protegido de inundações
Está a ser construída mais uma cancela perto do porto de pesca. A ideia é melhorar o controlo da entrada e saída das águas na foz do rio Chiveve. O canal de entrada no porto já não precisará de ser dragado com tanta frequência. O projeto de cooperação para o desenvolvimento é financiado pelo banco estatal alemão de desenvolvimento KfW. O valor é 13 milhões de euros.
Foto: DW/J. Beck
Daviz Simango quer mudar a Beira
A luta do edil Daviz Simango para conseguir o dinheiro necessário para a transformação do rio Chiveve levou mais de cinco anos. O presidente da Câmara da Beira, que é do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), da oposição, queixou-se várias vezes da falta de apoio do Governo de Maputo.
Foto: DW/J. Beck
Limpar e mudar o percurso do rio
O rio Chiveve deverá ser limpo e o seu percurso mudado, de forma a passar por um parque urbano. A ideia é que o rio assuma melhor o seu papel natural na drenagem da cidade. Isso protegerá a Beira de inundações, após fortes chuvas, ajudando também a cidade a adaptar-se às mudanças climáticas.
Foto: DW/J. Beck
Área verde no centro da cidade
Depois do rio, a próxima fase do projeto será fazer um parque em torno do Chiveve. O rio é o único espaço verde no centro da cidade da Beira, que tem cerca de 600 mil habitantes - o que a torna a segunda maior cidade de Moçambique. Localizada no centro do país, a Beira tem sido considerada cinzenta e desinteressante.
Foto: DW/J. Beck
Arborizar os mangais
Para fazer as planeadas mudanças no rio, foi necessário retirar muitas árvores dos mangais. Por isso, é necessário um reflorestamento após o final do projeto. Mudas de diferentes espécies já estão a ser cultivadas para esse fim. Elas são muito importantes para a preservação do ecossistema local. Apenas estas espécies sobrevivem tanto em água doce quanto salgada.
Foto: DW/J. Beck
Construtora chinesa
A empresa chinesa CHICO (China Henan International Cooperation Group ) venceu o concurso para pôr em prática os planos para o rio Chiveve. Os meios vêm do banco estatal alemão de desenvolvimento KfW e da cidade da Beira. Além de engenheiros chineses, a CHICO também emprega diversos moçambicanos, tanto homens como mulheres.
Foto: DW/J. Beck
Poluição no rio continua
O projeto de limpeza no rio Chiveve pode estar ameaçado. Não muito longe do centro fica o bairro informal do Goto. Parte do lixo e esgotos dos quase 12 mil habitantes dessa localidade vão parar ao rio. A tão sonhada área verde poderá nunca existir.
Foto: DW/J. Beck
Recolha do lixo com carrinhos de mão
Com a ajuda da agência alemã do desenvolvimento GIZ, a Beira implantou um sistema de recolha de lixo no bairro do Goto. Até agora, os moradores tinham que levar o lixo para os arredores do bairro, para depositá-lo em contentores próprios. Agora, funcionários munidos de carrinhos de mão vão até às ruas estreitas do bairro e recolhem-no. O objetivo é que menos lixo vá parar ao rio.
Foto: DW/J. Beck
Adaptação às alterações climáticas, saúde e parque
No entanto, ainda é difícil imaginar como o Chiveve estará após a finalização do projeto em 2016. Se tudo correr bem, a Beira estará mais preparada para lidar com as mudanças climáticas e sofrerá menos com doenças como a malária. Além disso, o centro seria mais bonito com áreas arborizadas e um parque em torno do Chiveve.
Foto: DW/J. Beck
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ONU alerta que 2,5 milhões de moçambicanos precisam de ajuda
O enviado especial das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, Macharia Kamau, alertou esta quarta-feira (26.10.) em Maputo, que 2,5 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária em Moçambique, apelando à comunidade internacional para se unir no apoio ao país.
"Acho que o número de 1,5 milhões de pessoas que oficialmente precisa de ajuda humanitária está subestimado, os dados que recebi antes indicam que são cerca de 2,5 milhões de pessoas em situação de necessidade", disse Kamau, em declarações aos jornalistas, após um encontro com o chefe de Estado moçambicano.
O enviado especial das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas afirmou que a comunidade internacional disponibilizou metade de um pacote de ajuda de 200 milhões de dólares com que se comprometeu no início do ano para o apoio às vítimas das calamidades naturais."O povo moçambicano merece mais apoio da comunidade internacional, há um imperativo moral que deve implicar um maior compromisso na ajuda humanitária", acrescentou Macharia Kamau.
Respeito pelos direitos das vítimas
Kamau exortou às lideranças do país a respeitar os direitos humanos das vítimas das calamidades naturais, independentemente das circunstâncias difíceis em que o país se encontra, numa alusão à violência militar no centro e norte de Moçambique.
"Independentemente das circunstâncias por que o país passa, há o direito humano à alimentação, à saúde e à água", destacou o enviado especial das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas.
Macharia Kamau assinalou que as consequências das mudanças climáticas no país são sérias, caracterizando por secas e cheias cíclicas.