1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Maria Corina Machado vence Prémio Nobel da Paz 2025

sq | com agências
10 de outubro de 2025

O Prémio Nobel da Paz 2025 foi atribuído à opositora venezuelana María Corina Machado, ex-deputada da Assembleia Nacional da Venezuela entre 2011 e 2014, anunciou hoje o Comité Nobel norueguês.

Maria Corina Machado vence Prémio Nobel da Paz 2025
Maria Corina Machado vence Prémio Nobel da Paz 2025Foto: Jesus Vargas/Getty Images

A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, é a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025 "por seu incansável trabalho na promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia", anunciou nesta sexta-feira o Comitê Nobel norueguês, com sede em Oslo.

O Prémio Nobel da Paz 2025 foi atribuído à opositora venezuelana María Corina Machado, ex-deputada da Assembleia Nacional da Venezuela entre 2011 e 2014, anunciou hoje o Comité Nobel norueguês. 

A líder da oposição foi premiada "pelo seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e pela sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia", explicou a organização do Nobel. 

"Enquanto líder do movimento pela democracia na Venezuela, María Corina Machado é um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos", sublinhou o Comité. 

Foto: Ariana Cubillos/AP/picture alliance

 "Estou em choque!"

A líder da oposição venezuelana María Corina Machado admitiu estar "em choque" por ter recebido o Prémio Nobel da Paz, hoje atribuído em Oslo, num vídeo enviado pela sua equipa de imprensa à agência de notícias francesa AFP. 

"Estou em choque!", ouve-se Maria Machado a dizer a Edmundo González Urrutia, que a substituiu como candidato nas últimas eleições presidenciais devido à sua inelegibilidade política. 

"O que é isto? Não acredito", insiste a líder da oposição, de 58 anos, que vive escondida na Venezuela. 

Nascida em 1967, na Venezuela, Maria Corina Machado é uma das principais vozes da oposição democrática ao regime de Nicolás Maduro, tendo sido candidata favorita à vitória nas eleições presidenciais de julho de 2024. 

No entanto, foi impedida de concorrer quando, em janeiro de 2024, o Supremo Tribunal de Justiça, alinhado com o Governo de Maduro, a proibiu de ocupar cargos públicos durante 15 anos.  

"Corajosa e empenhada defensora da paz"

Sublinhando que o Prémio Nobel da Paz foi atribuído, este ano, a uma "corajosa e empenhada defensora da paz", o porta-voz do Comité do Nobel explicou tratar-se de "uma mulher que mantém a chama da democracia acesa no meio da crescente escuridão". 

Para a organização do Prémio Nobel, Maria Corina Machado tem sido uma "figura-chave e unificadora numa oposição política que anteriormente estava profundamente dividida", exigindo eleições livres e um governo representativo. 

"Numa altura em que a democracia está ameaçada, é mais importante do que nunca defender" isto, adiantou. 

Fundadora da Súmate, uma organização dedicada ao desenvolvimento democrático, Maria Corina Machado "defende eleições livres e justas há mais de 20 anos", referiu o Comité, lembrando uma declaração da própria: "Foi uma escolha de votos em vez de balas".  

A opositora venezuelana "tem defendido a independência judicial, os direitos humanos e a representação popular" e passou "anos a trabalhar pela liberdade do povo venezuelano", refeiu o Comité Nobel. 
Este é o único dosNobel a ser atribuído em Oslo pelo Comité do Nobel Norueguês, com as restantes categorias a serem anunciadas em Estocolmo, capital da Suécia.

O anúncio é feito num contexto sombrio: desde 1946, ano que marca o início destas estatísticas, nunca o número de conflitos armados a envolver pelo menos um Estado foi tão elevado como em 2024, de acordo com a Universidade sueca de Uppsala. 

A divulgação do vencedor do galardão surge cerca de 48 horas depois Trump ter anunciado que Israel e o Hamas tinham chegado a acordoFoto: Francis Chung/Pool via CNP/picture alliance

Expectativas de Trump

A divulgação do vencedor do galardão surge cerca de 48 horas depois de Donald Trump ter anunciado que Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas tinham chegado a acordo e aprovado a primeira fase de um plano de paz para Gaza, impulsionado pelo líder norte-americano.

Trump, que já afirmou considerar que será um insulto para os Estados Unidos se não receber o Nobel da Paz, disse na quinta-feira que o acordo alcançado entre Israel e o Hamas representa o oitavo conflito resolvido sob a sua liderança e que a guerra na Ucrânia será "a próxima" a terminar.

No mesmo dia, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, insistiu que Trump merece ser galardoado.

"Deem o prémio Nobel da Paz a Donald Trump, ele merece!", escreveu Netanyahu na rede social X.

Este ano, 338 indivíduos e organizações foram propostos para o Nobel da Paz, lista que vai permanecer secreta durante 50 anos.

Edições anteriores

Em 2024, o Nobel da Paz foi dado à organização japonesa Nihon Hidankyo (Confederação Japonesa de Organizações de Vítimas de Bombas A e H), um grupo formado por sobreviventes das bombas atómicas lançadas no Japão durante a Segunda Guerra Mundial e que defende a abolição de armas nucleares.

Este ano, e de acordo com os 'sites' de apostas que costumam reunir milhares de votos antes dos anúncios do Comité do Nobel, a lista de favoritos inclui, entre outros nomes, a iniciativa Salas de Resposta de Emergência no Sudão, uma rede de voluntários que ajuda 'online' as vítimas da maior crise humanitária do mundo, e a ativista russa Yulia Navalnaya, viúva do opositor russo Alexei Navalny, que morreu em fevereiro de 2024 quando cumpria uma pena de prisão numa cadeia no Ártico.

Os prémios Nobel nasceram da vontade do químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel em doar a imensa fortuna para o reconhecimento de personalidades que prestassem serviços à Humanidade.

O inventor da dinamite expôs este desejo num testamento redigido em Paris em 1895, um ano antes de morrer. Os prémios foram atribuídos pela primeira vez em 1901.

Desde esse ano, 105 Nobel da Paz foram atribuídos, com um total de 142 laureados (111 indivíduos e 31 organizações). Em 19 ocasiões este prémio não foi atribuído. 

Entre os laureados, 19 foram mulheres e em três ocasiões o Nobel da Paz foi partilhado por três laureados, foi o caso do ano de 1994 quando Yasser Arafat, Shimon Peres e Yitzhak Rabin foram distinguidos "pelos esforços para criar a paz no Médio Oriente".

A entrega do Nobel da Paz realiza-se a 10 de dezembro, data que assinala o aniversário da morte do fundador, em Oslo. 

Cimeira Trump-Putin: Tentativa de paz ou manobra política?

04:36

This browser does not support the video element.