Marrocos ou África do Sul devem receber CAN 2019
7 de dezembro de 2018É a primeira edição da Taça de África das Nações (CAN, do francês "Coupe d'Afrique des Nations") com 24 seleções participantes e não há memória de a organização ter sido retirada a qualquer país, apenas a meio ano da competição. Mas os Camarões não cumpriram o cronograma de construção e melhoria de infraestruturas e a Confederação Africana de Futebol (CAF) não teve alternativa: na sua reunião de Acra, no Gana, o organismo gestor do futebol em África decidiu avançar para um novo anfitrião, após ter confirmado o atraso nas obras em diversos estádios camaroneses que deveriam receber a prova.
Mais seleções, mais jogos, mais responsabilidades
O aumento de 16 para 24 seleções presentes na fase final redobra as obrigações dos países candidatos a hospedar o certame: mais cidades-sede, mais estádios, mais e melhores condições hoteleiras e aeroportuárias, melhores vias de comunicação terrestres, planos de segurança aprimorados.
Realizar 52 jogos em apenas um mês implica reunir condições para as equipas e respetivo "staff" de apoio, meios e recursos técnicos para as transmissões televisivas e para os jornalistas, oferecendo, em simultâneo, programas de hospitalidade para centenas de milhares de adeptos, oriundos de todos os recantos do continente africano. Se é certo que não é fácil encontrar soluções de um mês para o outro, é igualmente verdade que a CAF não pode arriscar, a seis meses do pontapé de saída, um cenário incompleto ou que não garanta a viabilidade plena para a realização da prova.
CAN pela primeira vez em junho e julho
A seleção nacional dos Camarões perde, assim, a possibilidade de defender no seu país o título conquistado em 2017, no Gabão. Na derradeira CAN com 16 seleções, disputada em janeiro e fevereiro, os camaroneses bateram o Egito, na final de Libreville, por 2-1, ganhando o seu quinto título africano. Embora continue a manter periodicidade bienal - contrastando com as outras grandes competições continentais, como o Europeu, a Copa América ou a Asia Cup, que se realizam de quatro em quatro anos -, a Taça de África das Nações passa, em 2019, a ter lugar em junho e julho, compaginando-se com as férias das principais ligas europeias. Uma ambição antiga, sobretudo dos grandes clubes do velho continente que, com a CAN no início de cada ano civil, se viam sistematicamente privados de alguns dos seus melhores valores, para que estes pudessem representar as respetivas seleções em plena "época alta" das ligas domésticas na Europa.
Com a nova calendarização e formato, a CAF pretende uniformizar processos e dar oportunidade a mais seleções de estarem presentes na principal cimeira do futebol em África. Num universo pouco superior a 50 países, quase metade consegue o passaporte para a fase final, à semelhança do que, na Europa, sucedeu pela primeira vez no Europeu de 2016, em França. Um número aumentado de jogos permite também, a montante da competição, um superior encaixe financeiro resultante das negociações dos direitos de difusão televisiva, radiofónica e digital da prova para todo o mundo, e dos contratos de publicidade, com os "main sponsors" a terem de dispender somas bem mais avultadas para garantirem a visibilidade das suas propostas comerciais.
Marrocos ou África do Sul devem receber o torneio
Com a saída de cena dos Camarões, a CAF concedeu um período excecional de 21 dias para a formalização de propostas para acolhimento da fase final. Ainda antes do final do ano, o organismo continental africano decidirá qual o país que, de 15 de junho a 13 de julho, recebe a prova, sendo certo que, em 2019, contará com a "concorrência" da Copa América (no Brasil, de 14 de junho a 7 de julho) e da Gold Cup (na Costa Rica e nos EUA, de 15 de junho a 7 de julho).
Porém, a especial magia do futebol africano, alicerçado em equipas com predicados técnicos elevados, alguns dos grandes nomes habitualmente nos relvados europeus, um público interventivo e parte integrante do espetáculo, deve garantir à CAN suficiente visibilidade mundial.
Na primeira linha de substituição dos Camarões surgem, inevitavelmente, Marrocos e África do Sul. As estruturas já concluídas nos dois países sugerem maior simplicidade na articulação do processo organizativo, o que será, certamente, determinante para a decisão final da CAF. Marrocos apresentou candidatura à organização da fase final do Mundial de 2026 (tendo perdido para o trio da CONCACAF constituído pelo Canadá, pelos EUA e pelo México), e a África do Sul sediou o Mundial de 2010 e a CAN de 2013. Países habituados a acolher certames com elevado grau de complexidade, um deles será, certamente, a sede da primeira edição da Taça de África das Nações com 12 equipas.
Quatro PALOP com hipóteses de qualificação
Senegal, Madagáscar, Marrocos, Mali, Argélia, Nigéria, Quénia, Gana, Guiné, Costa do Marfim, Mauritânia, Tunísia, Egito e Uganda garantiram já o passaporte, quando ainda resta uma jornada da fase de qualificação para disputar, na terceira semana de março do próximo ano.
Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique têm ainda possibilidades de garantir a qualificação. No caso dos "djurtus" da Guiné-Bissau e dos "mambas" de Moçambique, apenas uma equipa estará na fase final: disputam uma autêntica final, a 22 de março, no estádio 24 de setembro, em Bissau, com o empate a favorecer os locais.
Já os "palancas negras" de Angola têm de ganhar na deslocação ao Botswana. Se o conseguirem, garantem a qualificação, enquanto os "tubarões azuis" de Cabo Verde jogam também uma final, na cidade da Praia: ao receber o Lesotho, o conjunto orientado por Rui Águas depende de si próprio, mas tem de vencer o encontro, que é também decisivo para a seleção visitante.