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Massacre de Conacri: Famílias esperam há 10 anos por justiça

Reliou Koubakin | Bangaly Condé | nn
27 de setembro de 2019

Dez anos depois de massacre na Guiné-Conacri, as famílias das vítimas continuam à espera de justiça. Críticos sugerem que o julgamento esteja a ser adiado por motivos políticos. Mas ministro nega.

Foto: AP

Passam 10 anos desde que membros das forças de segurança mataram 150 pessoas, que se reuniram num estádio de Conacri para protestarem contra a candidatura presidencial de Moussa Dadis Camara.

Centenas de pessoas ficaram feridas e dezenas de mulheres foram violadas ou vítimas de outras formas de violência sexual.

Moussa Dadis Camara, ex-líder de junta militarFoto: picture-alliance/dpa

Tudo aconteceu a 28 de setembro de 2009. Camara era então o líder de uma junta militar que tomou as rédeas do país num golpe de Estado, em dezembro de 2008. Ele é agora um dos principais suspeitos do massacre, mas está exilado no Burkina Faso desde 2010.

As famílias das vítimas continuam à espera de justiça. Hélène Zogbelemou, ativista guineense pelos direitos das mulheres e das crianças, pede que Camara volte ao país para ser julgado: "Estar no exílio forçado não é a solução. Não se pode deixá-lo sem responder pelas suas ações", comentou Zogbelemou em entrevista à DW.

"Se ele for condenado, tem de ser sentenciado, e se for absolvido, tem de ser absolvido. Mas impedem-no de entrar no país. Quando ele quis voltar, o avião foi redirecionado para o Burkina Faso", acrescenta.

Contexto político "desfavorável"

Em 2013, Moussa Dadis Camara conseguiu entrar no país através da Libéria para o funeral da mãe, mas por pouco tempo. A vontade de justiça das associações que representam as vítimas esbarra contra um contexto político desfavorável, comenta Karamo Mady Camara, advogado e analista político.

Massacre de Conacri: Famílias esperam há 10 anos por justiça

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"Imagine por um momento que ele possa ser considerado culpado! Há alguns fanáticos que podem não aceitar isso e que podem causar distúrbios no país", diz Camará. "Por outro lado, outras pessoas que não aceitariam a sua absolvição também se podem sentir ofendidas, porque acham que ele está realmente envolvido no massacre. Portanto, a questão geoestratégica e geopolítica ainda influencia o curso deste caso."

Ministro: Vontade política "inequívoca"

Várias organizações de defesa das vítimas, incluindo associações como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch (HRW), lançaram esta semana um vídeo em que apelam ao julgamento dos responsáveis.

No entanto, quase dois anos após o encerramento da investigação judicial e 10 anos depois do massacre, ainda não há data para um julgamento.

Em entrevista ao serviço em francês da DW, o ministro da Justiça da Guiné-Conacri, Mohamed Lamine Fofana, rejeitou que o caso se tenha atrasado por "contingências políticas". 

O governante referiu que um caso desta dimensão demora a ser investigado, mas "a vontade política do Presidente [Alpha Condé], do que posso testemunhar, é inequívoca para a realização do julgamento".

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