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Massacre em escola choca os Camarões

Elisabeth Asen | AFP
26 de outubro de 2020

Ataque de um grupo separatista a uma escola na cidade de Kumba deixa ao menos sete mortos e vários feridos. População protesta pelo fim dos confrontos nas regiões anglófonas, que já fizeram mais de 3 mil mortos.

Kamerun Schüsse auf eine Schule in Kumba
Foto: Tamfu Ciduan Ndimbie/My Media Prime TV/Reuters

Um ataque de um grupo separatista contra a "Escola Internacional Madre Francisca", em Kumba, no sudoeste dos Camarões, no último sábado (24.10) deixou ao menos sete mortos e uma dúzia de feridos nos Camarões, segundo números provisórios divulgados pelas autoridades.

O grupo armado teria invadido a escola quando os alunos estavam em plena aula. Segundo relatos da equipa de reportagem da DW África na região, eles abriram fogo contra os estudantes.

Se esta é uma mensagem que os separatistas quiseram transmitir ao Governo central, foi de qualquer modo muito forte e chocou o país. O povo de Kumba ainda não se recuperou das atrocidades.

Forças de segurança mobilizadas para combater insurgentes desde 2017Foto: Getty Images/AFP

"As crianças foram à escola e foram mortas. Dispararam contra elas. Estas pessoas invadiram a casa dos meus pais, levaram os telefones e os computadores portáteis. Graças a Deus que não os feriram. A situação está grave, o caso de Kumba é muito grave. Eu já nem sequer durmo”, diz uma residente da cidade identificada como Gwendoline.

Protestos e indignação

Para Edith Kah Walla, presidente do Partido Popular Camaronês (CPP), o Governo falhou. Walla acha que quatro anos é tempo suficiente para compreender que o Governo tem uma estratégia equivocada para lidar com os conflitos nas zonas anglófonas.

"Pessoas armadas mataram crianças, não há palavras para descrever isso. Não queremos perder mais crianças. Que o Governo deixe de pensar que através da repressão haverá paz", diz a líder do CPP.

No domingo (25.10), moradores de Kumba protestaram contra os assassinatos. O ministro das Comunicações René Emmanuel Sadi disse que o objetivo dos atacantes foi impedir o regresso às aulas que tinham tido lugar nas províncias do Noroeste e Sudoeste, onde separatistas de língua inglesa estão a lutar pela independência.

As duas regiões de língua inglesa no país maioritariamente francófono tornaram-se o centro de um conflito, com os separatistas a atacar o exército e a exigir o encerramento de escritórios e escolas do Governo local.

Grupos de direitos humanos têm acusado tanto os separatistas como as tropas governamentais de matarem civis durante o conflito desde 2017. Mais de 3 mil pessoas já morreram e cerca de 700 mil deixaram suas casas.

Tentativa de diálogo nacional no ano passadoFoto: Getty Images/AFP/Str

Comunidade escolar é alvo

No ano passado, dois estudantes foram mortos por separatistas em Buea, a capital da região Sudoeste, no que teria sido uma "represália" por se oporem ao encerramento das escolas.

Em 2018, insurgentes mataram um diretor, mutilaram um professor e atacaram várias escolas secundárias. "Cerca de 700 mil jovens saíram do sistema escolar devido ao conflito", disse o analista do International Crisis Group, Elvis Ntui, à AFP.

"O governo e a sociedade civil anglófona tinham exercido muita pressão sobre os grupos separatistas para deixarem os seus filhos regressar à escola, e algumas que tinham estado fechadas durante anos tinham reaberto", acrescentou ele.

Os separatistas têm também recorrido cada vez mais a raptos e extorsões. Também juntam a estas ações um repertório de ataques à polícia e incêndios a edifícios públicos e escolas.

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